Política externa do Governo PS

A submissão às grandes potências

O PCP considera que a política externa do Governo PS «colide com os interesses nacionais» e com a Constituição, defendendo, em alternativa, uma «política de paz, cooperação e amizade com todos os povos».

O Governo associa-se às mais perigosas e retrógradas visões da situação internacional

Analisando os desenvolvimentos da nossa política externa no quadro da presidência portuguesa da União Europeia, Ângelo Alves, da Comissão Política, em conferência de imprensa na passada segunda-feira, acusou o Executivo de José Sócrates de adoptar neste capítulo uma postura de «submissão às estratégias das grandes potências europeias e dos EUA», associando-nos à «política de crescente militarização das relações internacionais».
Contrariando as próprias declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros, que chegou a afirmar que a presidência serviria para «promover os nossos interesses económicos e culturais», o que tem caracterizado a actuação governativa é essencialmente o «obediente cumprimento da agenda e dos objectivos previamente definidos pela presidência alemã», acusou aquele dirigente do PCP, garantindo que nenhuma questão relevante foi suscitada em «defesa dos interesses nacionais» nem qualquer contributo foi dado «para contrariar o actual rumo da União Europeia».

Objectivos militaristas

«Associada a uma política caracterizada por uma ofensiva global contra os direitos dos trabalhadores portugueses e o próprio regime democrático, a política externa do Governo PS insiste em dar prioridade à chamada reforma dos tratados – acentuando o carácter negativo que muitas das suas disposições têm para os trabalhadores e os povos –, à militarização da UE e à chamada “política comum de relações externas”, peças centrais do processo de transformação da União Europeia num bloco político, económico e militar de cariz imperialista que, apesar de contradições reais, se concerta com os EUA para o domínio do mundo», denunciou Ângelo Alves, reiterando a total oposição do PCP a tais objectivos.
Verberado, a este propósito, foram ainda as recentes declarações do Ministro da Defesa, Severiano Teixeira, durante a reunião informal de Ministros da Defesa. Classificando-as de «inaceitáveis», o dirigente comunista Ângelo Alves considerou que o titular da pasta da Defesa se assumiu «como paladino da militarização da União Europeia (no quadro da NATO), do desenvolvimento do complexo industrial militar europeu, do intervencionismo em várias regiões do globo e do aumento das despesas militares».

Alinhamento vergonhoso

«Registando a gravidade de tais declarações, o PCP lamenta profundamente que o Governo PS se associe, e se torne mesmo porta-voz das mais retrógradas e perigosas visões da situação internacional que estão a conduzir o mundo para uma cada vez mais insustentável situação de instabilidade e insegurança», afirmou o dirigente do PCP, antes de expressar a sua «profunda inquietação» pelo «envolvimento activo do Governo no relançamento do chamado eixo transatlântico, de que o recente encontro de José Sócrates com George W. Bush em Washington é um episódio elucidativo».
«O silêncio cúmplice do Primeiro Ministro perante os agradecimentos de Bush pelo apoio nas guerras do Iraque e do Afeganistão envergonha todos aqueles que manifestaram em 2003 o seu repúdio pela Cimeira da guerra dos Açores e pelo o que ela significou – entre eles militantes e eleitores do PS - e todos aqueles que prosseguem no nosso país a luta pelo fim da participação portuguesa nestas guerras de ocupação», acrescentou, fazendo notar, por outro lado, que «as posições de José Sócrates são tão mais indignas e inquietantes quando surgem no quadro de outras declarações suas, como as proferidas recentemente em torno da questão iraniana, alinhando objectivamente com os propósitos de agressão militar formulados por Sarkozy e Bush, ou ainda, quando em Março deste ano, em Montevideu, afirmou não encontrar melhor exemplo em matéria de visão humanista e de respeito pelos direitos humanos, que os EUA e a sua política externa».

Projectos neocolonialistas

Pronunciando-se sobre a próxima cimeira UE/África, que considerou estar «já ferida por propósitos e tendências neocolonialistas», «independentemente das incertezas que a rodeiam», Ângelo Alves manifestou a preocupação do PCP por o Governo PS estar a «apadrinhar e a servir de intermediário» na prossecução daqueles «projectos neocolonialistas e intervencionistas» que visam «intensificar a política de rapina dos recursos e riquezas do continente africano, nomeadamente do petróleo, causa primeira do sofrimento de centenas de milhões de seres humanos naquele continente».
Na sua declaração aos jornalistas, o dirigente do PCP denunciou ainda a «política de hipocrisia» da EU e de Portugal em relação à questão Saharaui, expressando, por outro lado, a sua oposição ao envio de uma missão militar para o Chade e a República Centro-Africana.
Reafirmada foi também a rejeição ao projecto de Tratado e ao «processo anti-democrático que o procura impor», não abdicando os comunistas, como foi sublinhado, da exigência e do imperativo democrático que é a realização de um referendo onde o povo português tenha a oportunidade de se pronunciar.


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