Bases norte-americanas

Colômbia e EUA selam acordo

Após cinco meses de «negociações», os governos de Bogotá e Washington selaram o acordo que permite ao Pentágono instalar sete bases aéreas e marítimas em território colombiano. O reforço militar é uma ameaça aos países e povos da região.

A Venezuela é o principal alvo do imperialismo

O pacto subscrito domingo na capital norte-americana está a motivar um coro de protestos quer dos Estados quer dos povos latino-americanos, que consideram o reforço da presença militar da Casa Branca no subcontinente uma ameaça à paz e à estabilidade, e a antecâmara de operações bélicas contra processos de transformação contrários aos interesses do grande capital transnacional.
A oposição ao presidente colombiano exige que o documento seja levado ao Congresso do país para discussão, mas Alvaro Uribe rejeita a pretensão e defende que apenas o Conselho de Estado se deve pronunciar sobre a matéria. Ainda assim, sustenta, aquele órgão deve pronunciar-se de forma não vinculante, posição que revela que Uribe não arrisca a possibilidade, ainda que residual, de ver beliscados os compromissos assumidos com a América do Norte.
Um dos pontos polémicos do acordo é a autonomia do exército norte-americano, cujo conteúdos práticos deverão ser discutidos posteriormente por «agentes executivos de ambos os governos» e regulamentada por um «acordo de aplicação», revela o rebelion.org que cita informações veiculadas pela revista Cambio. Assegurada está, no entanto, a imunidade do pessoal norte-americano destacado nas referidas bases, que goza da mesma cobertura que os membros do corpo diplomático. O rol de crimes impunes contra as populações locais cometidos pelos militares em Manta, no Equador – tal como acontece, por exemplo, nas bases militares em território japonês – seria só por si motivo de repúdio do acordo.
Certo, ainda, é que o Pentágono enquadra as instalações militares não como o fazia durante o período da chamada guerra fria, com uma presença permanente de milhares de soldados em pontos estratégicos da América Latina, mas sobretudo como plataformas ágeis que permitem lançar acções rápidas. Pelo menos é o que garante a professora Arlene Tichner, que considera esta estratégia uma cortina de fumo da administração Obama para mitigar a continuação da política agressora no hemisfério Sul do continente.

Alvo definido

O actual acordo para a instalação de bases norte-americanas na Colômbia foi acelerado depois do presidente equatoriano, Rafael Correa, ter recusado prorrogar a presença militar dos EUA em Manta, isto na sequência da utilização daquelas instalações para o bombardeamento de um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, no primeiro trimestre do ano passado.
Este caso e os trâmites do documento agora assinado consubstanciam os receios de vários países latino-americanos sobre os planos e o raio operativo do aparelho norte-americano nas bases de Malambo, Cartagena, Apiay, Tolemaida, Larandia, Bahía Málaga e Palanquero. Nesta última ficarão aeronaves capazes de transportar com celeridade grande quantidade de tropas. Nas restantes vão estacionar aviões furtivos capazes de agir sem serem detectados por radares, denuncia-se igualmente no artigo publicado no sítio rebelion.
O lançamento de campanhas explícitas ou encobertas, militares ou de inteligência contra países latino-americanos é, no fundamental, o objectivo. O «combate ao narcotráfico» alegado por Uribe e Obama é apenas mais uma desculpa.
A demonstrar a natureza agressiva e desestabilizadora do pacto contra a região está ainda a indicação dos alvos da política externa norte-americana para a América Latina. A Venezuela é neste momento o principal e ainda no passado fim de semana as forças colombianas entraram na vizinha República Bolivariana.
De acordo com dados divulgados pelo secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Oscar Figuera, a «provocação imperialista contra o povo venezuelano» cujo intuito é «desencadear um conflito entre a Venezuela e a Colômbia» conheceu novos e graves desenvolvimentos. Na sexta-feira, 14 de Agosto, cerca de 150 paramilitares colombianos entraram no Estado de Zulia, incursão à qual se seguiu uma outra, sábado, de um helicóptero na mesma província venezuelana, revelou Figuera, citado pela edição online do Tribuna Popular.
O PCV «exorta o governo venezuelano a iniciar investigações e a efectuar denúncias diplomáticas internacionais» sobre o sucedido, disse o dirigente comunista, que apelou também à mobilização do povo venezuelano e dos povos do subcontinente.


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