Um exemplo que permanece
Por mais anos que passem e por mais combates que o PCP seja chamado a travar, há nomes que nunca deixarão de figurar na galeria dos heróis do Partido – pela dedicação, coragem e abnegação demonstradas e pelas tarefas que foram chamados a assumir. Octávio Pato é, sem qualquer dúvida, um desses militantes.
Impedido de dormir 18 dias e 18 noites, Octávio Pato nada disse à PIDE
Nascido a 1 de Abril de 1925 na aldeia de São João dos Montes, entre Vila Franca de Xira e Alhandra, Octávio Pato começou a trabalhar, ainda adolescente, na indústria do calçado e como empregado do comércio. No mesmo ano, 1939, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial. Juntamente com um grupo de jovens da sua terra, opõe-se ao nazismo e edita um jornal clandestino, escrito à mão, intitulado Querer é poder, que seria lido pelo irmão de Octávio, Carlos Pato (morto na prisão em 1950), e por António Dias Lourenço, responsável pela organização local de Vila Franca. Pouco tempo depois, o núcleo dirigente do jornal entraria em bloco para a Federação da Juventude Comunista Portuguesa (FJCP).
Depois das primeiras tarefas – sobretudo de âmbito cultural e desportivo nas colectividades locais – Octávio Pato passa a integrar, no início dos anos 40, o Comité Local de Vila Franca de Xira e o Comité Regional do Baixo Ribatejo. A reorganização de 1940-41 dava os seus frutos e, nas grandes greves de 8 e 9 de Maio de 1944, que abrangeram as regiões do Ribatejo, Lisboa e Loures, Octávio Pato tem já uma participação destacada. Como afirmaria numa entrevista realizada em 1976, «ocupei-me de aspectos relacionados com a greve, designadamente no que respeita à mobilização dos trabalhadores assalariados agrícolas das lezírias do Tejo (…) Essa greve constituiu para mim uma riquíssima experiência em todos os aspectos».
Na sequência destas greves, a actividade revolucionária de Octávio Pato torna-se demasiado visível e, em 1945, passa à clandestinidade. Como diria na mesma entrevista, esse é um «momento importante na vida de um comunista, daquelas fases da vida revolucionária que qualquer militante jamais poderá esquecer».
Dirigente do Partido
Enviado para Lisboa, em ligação com as organizações das juventudes comunistas, Octávio Pato assumiu um destacado papel na criação e dinamização do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, em 1946, do qual seria dirigente, sob o nome de Octávio Rodrigues. A criação deste movimento correspondia à ideia de que era necessário impulsionar um amplo movimento unitário de massas da juventude. A FJCP foi extinta e os jovens comunistas integraram a nova organização.
Escapando à repressão que recaiu sobre o MUD Juvenil, devido às medidas tomadas para a sua defesa, Octávio Pato voltou à clandestinidade em 1947, passando a integrar a Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP. Em 1949, foi eleito para o Comité Central como membro suplente e, dois anos depois, passou a membro efectivo.
No ano seguinte, quando estava à frente da Organização Regional do Sul, foi chamado ao Secretariado, composto na época por José Gregório, Sérgio Vilarigues, Júlio Fogaça e Joaquim Pires Jorge. Entre as tarefas que passou a assumir, destaca-se o controlo das tipografias centrais do Partido, o trabalho na direcção das organizações de Lisboa, do Norte e do Sul e na redacção do Avante!.
A prisão, a tortura e o regresso à luta
Em Dezembro de 1961, após quase 20 anos de actividade revolucionária, Octávio Pato foi preso pela PIDE. Perante os torturadores, afirmou: «O meu nome é Octávio Pato, sou membro do Partido Comunista Português e não digo mais nada.» E não disse, apesar das violentas torturas a que foi submetido. Recusando-se à tortura da estátua – «Ou me trazem uma cadeira ou sento-me no chão», desafiou – foi submetido à tortura do sono durante 18 dias e 18 noites e, já com alucinações, à chantagem psicológica com a mulher e com dois dos filhos, crianças, que também estavam presos.
No decorrer do seu julgamento, que o condenaria a oito anos de prisão e «medidas de segurança», transforma a sua defesa numa firme acusação do regime fascista, que lhe valeu ser espancado nas instalações do próprio Tribunal Plenário.
Foi libertado em 1970, na sequência de um forte movimento de solidariedade, despoletado em parte pelo suicídio da sua companheira, Albina Fernandes, após uma «visita» policial e a sugestão então feita de que Octávio Pato permaneceria preso para além da pena a que fora condenado. Depois de uns meses passados em Vila Franca de Xira, sob forte vigilância, volta à clandestinidade. Chamado ao Secretariado e à Comissão Executiva, tinha ao seu cargo, entre outras tarefas, a responsabilidade pela redacção do Avante!. O mesmo que titula, em Abril de 1974, «Aliar à luta antifascista os patriotas das Forças Armadas».
Revolução e liberdade
Poucos dias depois do 25 de Abril, Octávio Pato é dos primeiros dirigentes a aparecer em público, na Cova da Moura, para falar com o general Spínola. Nas primeiras eleições, foi eleito deputado à Assembleia da República, tendo sido presidente do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia Constituinte. Em 1976, foi candidato à Presidência da República e, de 1976 a 1991, foi deputado à Assembleia da República.
A nível partidário, foi membro da Comissão Central de Controlo e Quadros de 1988 a 1992 e da Comissão Política entre 1974 e 1988. Foi membro do Secretariado desde 1974 e até ao seu falecimento, em Fevereiro de 1999. No seu funeral, compareceram largas centenas de pessoas, camaradas e não só, expressando o seu apreço por esta vida exemplar de militante comunista e obreiro da liberdade e da democracia. «A luta continua», entoaram os presentes.
Depois das primeiras tarefas – sobretudo de âmbito cultural e desportivo nas colectividades locais – Octávio Pato passa a integrar, no início dos anos 40, o Comité Local de Vila Franca de Xira e o Comité Regional do Baixo Ribatejo. A reorganização de 1940-41 dava os seus frutos e, nas grandes greves de 8 e 9 de Maio de 1944, que abrangeram as regiões do Ribatejo, Lisboa e Loures, Octávio Pato tem já uma participação destacada. Como afirmaria numa entrevista realizada em 1976, «ocupei-me de aspectos relacionados com a greve, designadamente no que respeita à mobilização dos trabalhadores assalariados agrícolas das lezírias do Tejo (…) Essa greve constituiu para mim uma riquíssima experiência em todos os aspectos».
Na sequência destas greves, a actividade revolucionária de Octávio Pato torna-se demasiado visível e, em 1945, passa à clandestinidade. Como diria na mesma entrevista, esse é um «momento importante na vida de um comunista, daquelas fases da vida revolucionária que qualquer militante jamais poderá esquecer».
Dirigente do Partido
Enviado para Lisboa, em ligação com as organizações das juventudes comunistas, Octávio Pato assumiu um destacado papel na criação e dinamização do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, em 1946, do qual seria dirigente, sob o nome de Octávio Rodrigues. A criação deste movimento correspondia à ideia de que era necessário impulsionar um amplo movimento unitário de massas da juventude. A FJCP foi extinta e os jovens comunistas integraram a nova organização.
Escapando à repressão que recaiu sobre o MUD Juvenil, devido às medidas tomadas para a sua defesa, Octávio Pato voltou à clandestinidade em 1947, passando a integrar a Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP. Em 1949, foi eleito para o Comité Central como membro suplente e, dois anos depois, passou a membro efectivo.
No ano seguinte, quando estava à frente da Organização Regional do Sul, foi chamado ao Secretariado, composto na época por José Gregório, Sérgio Vilarigues, Júlio Fogaça e Joaquim Pires Jorge. Entre as tarefas que passou a assumir, destaca-se o controlo das tipografias centrais do Partido, o trabalho na direcção das organizações de Lisboa, do Norte e do Sul e na redacção do Avante!.
A prisão, a tortura e o regresso à luta
Em Dezembro de 1961, após quase 20 anos de actividade revolucionária, Octávio Pato foi preso pela PIDE. Perante os torturadores, afirmou: «O meu nome é Octávio Pato, sou membro do Partido Comunista Português e não digo mais nada.» E não disse, apesar das violentas torturas a que foi submetido. Recusando-se à tortura da estátua – «Ou me trazem uma cadeira ou sento-me no chão», desafiou – foi submetido à tortura do sono durante 18 dias e 18 noites e, já com alucinações, à chantagem psicológica com a mulher e com dois dos filhos, crianças, que também estavam presos.
No decorrer do seu julgamento, que o condenaria a oito anos de prisão e «medidas de segurança», transforma a sua defesa numa firme acusação do regime fascista, que lhe valeu ser espancado nas instalações do próprio Tribunal Plenário.
Foi libertado em 1970, na sequência de um forte movimento de solidariedade, despoletado em parte pelo suicídio da sua companheira, Albina Fernandes, após uma «visita» policial e a sugestão então feita de que Octávio Pato permaneceria preso para além da pena a que fora condenado. Depois de uns meses passados em Vila Franca de Xira, sob forte vigilância, volta à clandestinidade. Chamado ao Secretariado e à Comissão Executiva, tinha ao seu cargo, entre outras tarefas, a responsabilidade pela redacção do Avante!. O mesmo que titula, em Abril de 1974, «Aliar à luta antifascista os patriotas das Forças Armadas».
Revolução e liberdade
Poucos dias depois do 25 de Abril, Octávio Pato é dos primeiros dirigentes a aparecer em público, na Cova da Moura, para falar com o general Spínola. Nas primeiras eleições, foi eleito deputado à Assembleia da República, tendo sido presidente do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia Constituinte. Em 1976, foi candidato à Presidência da República e, de 1976 a 1991, foi deputado à Assembleia da República.
A nível partidário, foi membro da Comissão Central de Controlo e Quadros de 1988 a 1992 e da Comissão Política entre 1974 e 1988. Foi membro do Secretariado desde 1974 e até ao seu falecimento, em Fevereiro de 1999. No seu funeral, compareceram largas centenas de pessoas, camaradas e não só, expressando o seu apreço por esta vida exemplar de militante comunista e obreiro da liberdade e da democracia. «A luta continua», entoaram os presentes.