Francisco Lopes

Unidade e organização – armas dos trabalhadores

«O 1.º de Maio re­flecte um tra­jecto in­tenso de luta, de con­quistas e avanços, de der­rotas e re­tro­cessos, de con­vicção, força e ex­pe­ri­ência, que nos en­ri­quece na luta que con­tinua.

«Hoje como sempre a na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo como sis­tema de ex­plo­ração evi­dencia que a classe ope­rária e os tra­ba­lha­dores têm in­te­resses de classe an­ta­gó­nicos aos in­te­resses dos ca­pi­ta­listas. Hoje como sempre o ca­pital pro­cura todos os ca­mi­nhos que per­mitam o agra­va­mento da ex­plo­ração, lan­çando-se com fe­ro­ci­dade sobre o nível de vida e os di­reitos dos tra­ba­lha­dores. Hoje como sempre a uni­dade, or­ga­ni­zação e luta dos tra­ba­lha­dores são ele­mentos de­ci­sivos, na re­sis­tência, avanço e trans­for­mação so­cial.

Vi­vemos um tempo de agu­di­zação da luta de classes, em que os ob­jec­tivos con­cretos e ime­di­atos da luta dos tra­ba­lha­dores são in­dis­so­ciá­veis da rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, duma de­mo­cracia avan­çada, da luta contra a ex­plo­ração ca­pi­ta­lista e pela sua abo­lição, da cons­trução de uma so­ci­e­dade so­ci­a­lista.

Es­tamos numa fase em que é in­dis­pen­sável de­sen­volver a luta de massas, fazer de­sa­bro­char a força imensa dos tra­ba­lha­dores.» (…)

«A acção ide­o­ló­gica do ca­pital cons­titui um ele­mento in­te­grador de toda a sua acção. Os úl­timos anos e os úl­timos meses são mar­cados por uma velha e in­tensa cam­panha. En­gros­sando o coro dos grandes ca­pi­ta­listas, dos seus ser­ven­tuá­rios e pro­pa­gan­distas e das suas su­cur­sais po­lí­ticas, dizia ontem um mi­nistro “este não é o mo­mento para os tra­ba­lha­dores exi­girem au­mentos de sa­lá­rios”.»

 

Luta e exi­gência

 

«Nós di­zemos exac­ta­mente o con­trário. Este é o mo­mento para exigir a me­lhoria dos sa­lá­rios, para ga­rantir a or­ga­ni­zação e re­dução do ho­rário de tra­balho, para com­bater a pre­ca­ri­e­dade, para de­fender os di­reitos e isto sig­ni­fica si­mul­ta­ne­a­mente com­bater a ex­plo­ração, me­lhorar as con­di­ções de vida e con­tri­buir para o cres­ci­mento e o de­sen­vol­vi­mento do País.

Nós di­zemos: este é o mo­mento para lutar contra as in­jus­tiças so­ciais que con­duzem ao em­po­bre­ci­mento e de­gra­dação das con­di­ções de vida do povo e que geram lu­cros es­can­da­losos dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, com somas fa­bu­losas para os seus ac­ci­o­nistas e ges­tores.

Nós di­zemos: este é o mo­mento para, com todas as forças, lutar pela in­dis­pen­sável rup­tura, pela po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda de que Por­tugal pre­cisa.

Exis­tindo ele­mentos que afectam a uni­dade e a força or­ga­ni­zada, a ex­plo­ração ca­pi­ta­lista e a in­sa­ciável ló­gica do seu agra­va­mento cons­ti­tuem a base em torno da qual se de­sen­volve a cons­ci­ência de classe, a ne­ces­si­dade da uni­dade, da or­ga­ni­zação e da luta da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores, a per­cepção da im­por­tância das suas or­ga­ni­za­ções de classe.

Cons­ci­entes desta re­a­li­dade, va­lo­rizar a luta e os re­sul­tados da luta, agir com con­fi­ança, as­so­ciar a luta e a or­ga­ni­zação são as­pectos cen­trais que se co­locam.»

 

Uma só­lida or­ga­ni­zação

 

«Face ao ca­pital for­te­mente or­ga­ni­zado, com po­de­rosos meios, do­mi­nando o poder po­lí­tico, a de­fesa dos in­te­resses de classe dos tra­ba­lha­dores exige uma só­lida or­ga­ni­zação, com di­fe­rentes ex­pres­sões e di­men­sões. Desde logo a di­mensão sin­dical.

Os tra­ba­lha­dores cons­truíram a sua or­ga­ni­zação no plano sin­dical, a CGTP-IN, o mo­vi­mento sin­dical uni­tário, com as suas ca­rac­te­rís­ticas dis­tin­tivas de or­ga­ni­zação sin­dical de classe, uni­tária, de­mo­crá­tica, in­de­pen­dente, so­li­dária e de massas.

Gol­peada pela re­pressão fas­cista, ata­cada pelo di­vi­si­o­nismo ao ser­viço do pa­tro­nato, su­jeita às ac­ções dos que pro­cla­maram o ob­jec­tivo de “partir a es­pinha à In­ter­sin­dical”, alvo de prá­ticas sis­te­má­ticas para a en­fra­quecer, pa­ra­lisar, des­ca­rac­te­rizar e des­truir en­quanto or­ga­ni­zação de classe, a CGTP-IN afirmou-se e afirma-se como grande cen­tral sin­dical dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses, sua cri­ação his­tó­rica, que estes de­fen­derão, for­ta­le­cerão e afir­marão para o fu­turo. Ba­seada em sin­di­catos com cen­tenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores fi­li­ados, de­zenas de mi­lhares de de­le­gados, mi­lhares de di­ri­gentes, com os seus ór­gãos de di­recção, cons­titui um po­de­roso co­lec­tivo, a mais forte e ampla or­ga­ni­zação so­cial de massas exis­tente em Por­tugal.

No ano em que se as­si­nala o 40.º ani­ver­sário da sua cri­ação, quando a ofen­siva contra os in­te­resses e di­reitos dos tra­ba­lha­dores se in­ten­si­fica e a CGTP-IN cumpre o seu papel, os co­mu­nistas di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais, ao lado de muitos ou­tros, em­pe­nham-se como sempre as­su­mindo as suas res­pon­sa­bi­li­dades, con­tri­buindo para o for­ta­le­ci­mento do mo­vi­mento sin­dical uni­tário e da CGTP-IN, na con­cre­ti­zação das ori­en­ta­ções do seu Con­gresso e na afir­mação da na­tu­reza, prin­cí­pios e ob­jec­tivos que a de­finem.»

 

Re­forçar o Par­tido

 

«O 1.º de Maio, in­dis­so­ci­a­vel­mente li­gado à evo­lução da cons­ci­ência de classe e po­lí­tica dos tra­ba­lha­dores, é in­se­pa­rável da acção dos co­mu­nistas, do PCP, a ex­pressão po­lí­tica da or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores, o Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores. O Par­tido que as­sume a im­por­tância cen­tral do con­tri­buto dos co­mu­nistas para o es­cla­re­ci­mento, uni­dade, or­ga­ni­zação e luta dos tra­ba­lha­dores, que evi­dencia a im­por­tância do re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido junto da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores, nas em­presas e lo­cais de tra­balho, ele­mento cen­tral da acção Avante! Por um PCP mais forte, de­ci­dida pelo XVIII Con­gresso e cuja con­cre­ti­zação se co­loca como pri­o­ri­dade da acção par­ti­dária.

Nesta fase de agu­di­zação da luta de classes, em que se de­cide o fu­turo do País, é es­sen­cial a classe ope­rária e o seu papel na uni­dade de todos os tra­ba­lha­dores, grande força so­cial de­ter­mi­nante para a rup­tura e mu­dança, no quadro de uma vasta frente so­cial de luta en­vol­vendo todas as classes e ca­madas an­ti­mo­no­po­listas.

En­trámos num novo ciclo do de­sen­vol­vi­mento da luta e da acção po­lí­tica. Em pe­quenas e grandes ac­ções, nos lo­cais de tra­balho, em­presas e sec­tores, em grandes jor­nadas de con­ver­gência, a luta in­ten­si­fica-se e alarga-se» (...).



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