Crise, austeridade e resistência

A asfixia do capital

Drás­ticos cortes sa­la­riais, re­dução dos be­ne­fí­cios so­ciais e su­bida in­dis­cri­mi­nada dos im­postos acen­tuam o des­con­ten­ta­mento das massas e agravam o es­tado de ca­tás­trofe das eco­no­mias eu­ro­peias.

 

A pre­texto do dé­fice go­vernos atacam sa­lá­rios e di­reitos

Na mesma se­mana em que o pri­meiro-mi­nistro por­tu­guês anun­ciou mais um pa­cote de me­didas an­ti­po­pu­lares, em Es­panha o seu ho­mó­logo José Luis Za­pa­tero deixou os sin­di­catos sem margem de ma­nobra, obri­gando-os a de­clarar uma greve geral para 2 de Junho. Isto mesmo foi ad­mi­tido por Cán­dido Méndez, líder da UGT que ad­vertiu, dia 12, o pre­si­dente do go­verno: «As re­la­ções com os sin­di­catos vão mudar» porque a partir de agora estes «terão de ca­na­lizar e gerir o con­flito so­cial».

De­pois de já ter anun­ciado em Ja­neiro o con­ge­la­mento das ad­mis­sões na função pú­blica, a re­dução dos sub­sí­dios de de­sem­prego e a su­bida da idade da re­forma de 65 para 67 anos, Za­pa­tero anun­ciou me­didas adi­ci­o­nais: re­dução média de sa­lá­rios em cinco por cento, já a partir do pró­ximo mês, sus­pensão das ac­tu­a­li­za­ções das pen­sões de re­forma, fim do sub­sídio de nas­ci­mento.

Na Grécia, a si­tu­ação so­cial foi le­vada ao rubro por su­ces­sivos planos dra­co­ni­anos contra os tra­ba­lha­dores e as ca­madas mais des­fa­vo­re­cidas. Em res­posta à re­dução de sete por cento, em média, nas pen­sões de re­forma, todos os sin­di­catos con­vo­caram para hoje, dia 20, uma greve geral de 24 horas (a quinta re­a­li­zada este ano por todas as cen­trais).

Neste país, os sa­lá­rios na função pú­blica estão con­ge­lados até 2014, foram su­pri­midos os 13.º e 14.º meses, bem como vá­rios ou­tros sub­sí­dios, a idade da re­forma foi au­men­tada, o IVA passou para 23 por cento, o de­sem­prego dis­parou para 12,1 por cento. A eco­nomia mer­gulha numa pro­funda re­cessão, de­vendo o PIB con­trair-se quatro por cento este ano.

Na Ir­landa, a taxa de de­sem­prego atingiu 13,4 por cento em Abril, algo que há muito não se via no país. Apesar das dra­co­ni­anas me­didas anti-so­ciais to­madas ainda em 2009, o dé­fice pú­blico de 14,3 por cento é su­pe­rior ao da Grécia (13,6%). O go­verno de­cidiu re­duzir entre 5 e 15 por cento os sa­lá­rios da função pú­blica, cortar as pres­ta­ções so­ciais, mesmo aos de­sem­pre­gados e in­tro­duzir novos im­postos como uma taxa de car­bono e outra sobre a água, bem como um agra­va­mento geral dos ren­di­mentos do tra­balho.

Na Li­tuânia, a po­pu­lação foi re­du­zida li­te­ral­mente à mi­séria de­pois dos cortes de 20 a 30 por cento dos sa­lá­rios, de 11 por cento das pen­sões e au­mento dos im­postos. O de­sem­prego atinge 14 por cento da po­pu­lação ac­tiva e o PIB di­mi­nuiu 15 por cento no ano pas­sado.

Na Ro­ménia, o pre­si­dente anun­ciou, dia 6, uma re­dução de 25 por cento dos sa­lá­rios do sector pú­blico e de 15 por cento das pen­sões e dos sub­sí­dios de de­sem­prego. Desde o ano pas­sado que este país se en­tregou nas mãos do FMI.

Mas também países como a França, a Grã-Bre­tanha ou a Itália já ini­ci­aram os res­pec­tivos pro­gramas de aus­te­ri­dade e pre­param-se para anun­ciar me­didas ainda mais duras.



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