FARC alertam

Nova ofensiva

«Com o triunfo ile­gí­timo de Juan Ma­nuel Santos, re­pu­diado pela abs­tenção, o país en­trou num pro­cesso de ra­di­ca­li­zação da luta po­lí­tica, na qual o povo será pro­ta­go­nista de pri­meira linha», con­si­deram as FARC re­a­gindo à vi­tória do can­di­dato do par­tido do ac­tual pre­si­dente, Álvaro Uribe.

Num co­mu­ni­cado as­si­nado pelo Se­cre­ta­riado do Es­tado Maior Cen­tral, a or­ga­ni­zação su­blinha que «toda a má­quina do Es­tado, todos os re­cursos ma­fi­osos do go­verno, as suas ma­nhas de fraude e cor­rupção, de chan­tagem e in­ti­mi­dação, foram postas ao ser­viço da vi­tória da con­ti­nui­dade, pro­cu­rando, de­ses­pe­ra­da­mente por essa via, um es­cudo que pro­teja o ainda pre­si­dente da imi­nente acu­sação po­pular e ju­di­cial a uma gestão cri­minal e lesa pá­tria».

As Forças Ar­madas Re­vo­lu­ci­o­ná­rias da Colômbia lem­bram ainda que «o re­gime de Uribe foi a mais séria ten­ta­tiva de impor vi­o­len­ta­mente um pro­jecto po­lí­tico de ex­trema-di­reita ne­o­li­beral ba­seado no pa­ra­mi­li­ta­rismo. O seu go­verno pas­sará à his­tória como o mais ver­go­nhoso das úl­timas dé­cadas, o mais as­sas­sino da po­pu­lação civil, o mais servil à po­lí­tica dos EUA e, por essa cir­cuns­tância, o mais com­pul­sivo pro­vo­cador da ins­ta­bi­li­dade nas re­la­ções com os países vi­zi­nhos».

«Nos úl­timos oito anos – con­ti­nuam as FARC – go­vernou a men­tira e a fal­si­dade, a ma­ni­pu­lação e o en­gano», acres­cen­tando que Uribe e Juan Ma­nuel Santos fi­zeram crer que «a po­lí­tica de se­gu­rança era de todos, quando, na re­a­li­dade, só as­se­gu­rava, me­di­ante a re­pressão, os lu­cros do ca­pital ex­terno, res­pon­sável pela po­breza e o de­sem­prego. Fi­zeram crer que de­fender a so­be­rania era en­tregar a pá­tria ao go­verno de Washington e con­verter a Colômbia num país ocu­pado mi­li­tar­mente por uma po­tência es­tran­geira».

A po­lí­tica de se­gu­rança do re­gime, aduz-se no texto di­vul­gado no final de Junho, «são os falsos po­si­tivos e a im­pu­ni­dade. É poder eleger como pre­si­dente o mi­nistro da De­fesa que mais es­ti­mulou estes crimes de lesa hu­ma­ni­dade. É re­partir as terras pela agro-in­dús­tria vin­cu­lada ao pa­ra­mi­li­ta­rismo, porque esta sim, tem mús­culo fi­nan­ceiro, e os cam­po­neses po­bres não. É sub­si­diar ou ofe­recer di­nheiro do Es­tado ao ca­pital agrário que fi­nancia as suas cam­pa­nhas elei­to­rais. São as fossas co­muns com mais de dois mil ca­dá­veres como a que existe na base mi­litar de Ma­ca­rena e são os mais de quatro mi­lhões de cam­po­neses des­lo­cados pela vi­o­lência do Es­tado. È mentir sobre o fim da guer­rilha bo­li­va­riana das FARC e pre­o­cupar-se com a vi­ta­li­dade de uma or­ga­ni­zação que com­bate sem tré­guas por uma nova Colômbia».

«Es­tamos à porta de outro qua­driénio de ofen­siva oli­gár­quica contra o povo em todos os campos», alertam as FARC. «A pro­funda crise es­tru­tural que afecta a Colômbia não tem so­lução na con­ti­nui­dade. A ex­trema-di­reita ne­o­li­beral, acre­di­tando que pode re­solve-la a partir de cima, con­vocou uma união na­ci­onal sem povo, na qual apenas reinam as am­bi­ções dos mesmos: os grupos fi­nan­ceiros e o ca­pital, os ter­ra­te­nentes, os pa­ra­mi­li­tares, os par­tidos que como pi­ra­nhas dis­putam as pre­bendas do poder, os grandes meios de co­mu­ni­cação que aplaudem os êxitos e os li­tros de sangue da po­lí­tica be­li­cista».

No bi­cen­te­nário do grito de in­de­pen­dência, «deve avançar a luta do povo pelos seus di­reitos, pela pá­tria, pela so­be­rania, pela jus­tiça so­cial e a paz. A mu­dança é pos­sível com a mo­bi­li­zação e a luta de todo o povo em de­fesa da sua dig­ni­dade».

«Só a luta uni­fi­cada pode con­duzir-nos por uma nova Colômbia», con­cluem as FARC.



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