Regularização de indocumentados

Pela integração plena

A le­ga­li­zação dos tra­ba­lha­dores imi­grantes que se en­con­trem a re­sidir em Por­tugal sem a au­to­ri­zação le­gal­mente ne­ces­sária voltou à ordem do dia pela mão do PCP. Foi através de um pro­jecto de lei que es­teve em apre­ci­ação na pas­sada se­mana, vindo a ser re­jei­tado com os votos contra do PSD e do CDS/​PP e a abs­tenção do PS. Este é porém um ob­jec­tivo do qual o PCP não ab­dica, pelo que esta é «uma ba­talha que não ter­minou aqui», como ga­rantiu ao Avante! o de­pu­tado co­mu­nista An­tónio Fi­lipe.

O texto, con­jun­ta­mente com um outro di­ploma do BE, previa que a le­ga­li­zação es­ti­vesse as­se­gu­rada desde que o tra­ba­lhador in­do­cu­men­tado dis­ponha de con­di­ções eco­nó­micas mí­nimas para ga­rantir a sua sub­sis­tência e, em qual­quer caso, desde que a sua per­ma­nência no nosso País seja an­te­rior a Julho de 2007, data da en­trada em vigor da ac­tual lei da imi­gração.

Entre as me­didas pre­co­ni­zadas no ar­ti­cu­lado do di­ploma co­mu­nista, des­taque ainda para a que ia no sen­tido da adopção de pro­cessos de de­cisão «do­tados de trans­pa­rência, cor­recção e rigor», de­fen­dendo-se, por outro lado, a con­cessão de au­to­ri­zação pro­vi­sória de re­si­dência aos ci­da­dãos que tendo re­que­rido a sua re­gu­la­ri­zação aguardem de­cisão final. A ban­cada co­mu­nista pre­tendia ainda que hou­vesse a apli­cação ex­ten­siva da re­gu­la­ri­zação ao agre­gado fa­mi­liar dos re­que­rentes, bem como a adopção de me­ca­nismos de fis­ca­li­zação de­mo­crá­tica do pro­cesso por via do Con­selho Con­sul­tivo para os As­suntos da Imi­gração.

É por aqui que o pro­blema se re­solve, na opi­nião da ban­cada co­mu­nista, e não pela re­a­ber­tura de pro­cessos ex­tra­or­di­ná­rios de re­gu­la­ri­zação que re­pe­tissem erros co­me­tidos no pas­sado.

«Num mo­mento em que em vá­rios países da Eu­ropa so­pram ventos in­de­se­já­veis de xe­no­fobia e de dis­cri­mi­nação com base na origem ét­nica, Por­tugal, como país de emi­grantes, deve dar um exemplo de res­peito pela dig­ni­dade e pelos di­reitos de todos os seres hu­manos, e en­con­trar so­lu­ções justas e ra­zoá­veis para com­bater a imi­gração ilegal», sus­tentou no de­bate o de­pu­tado An­tónio Fi­lipe, con­victo de que «todos ga­nhamos com isso».

A in­te­gração so­cial plena destes ci­da­dãos que se en­con­tram a re­sidir e a tra­ba­lhar no nosso País é assim, na pers­pec­tiva do PCP, «uma obri­gação in­de­cli­nável do Es­tado por­tu­guês», afi­gu­rando-se, como a única forma de «pôr fim à ex­plo­ração in­fame a que esses tra­ba­lha­dores estão su­jeitos», res­pei­tando os seus di­reitos mais ele­men­tares.

Tanto mais que, foi ainda An­tónio Fi­lipe a chamar a atenção para o facto, Por­tugal é ele pró­prio um país de emi­grantes – foi-o sempre ao longo da sua His­tória -, tendo por isso a obri­gação – hoje que é também um país de aco­lhi­mento – de com­pre­ender e ser so­li­dário para com aqueles que buscam no nosso País a vida digna que lhes foi ne­gada nos países onde nas­ceram.



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