Penalizações
A sanha e a gula com que o Governo de Sócrates está a abocanhar os salários dos trabalhadores da Função Pública já estão a produzir injustiças tão flagrantes, como escandalosas. É o caso dos funcionários públicos que se reformaram antecipadamente em Outubro ou Novembro deste ano. Se o fizeram em Novembro, as suas pensões serão 180 euros mais baixas, em média, que as pensões concedidas no mês anterior! E porquê? Porque o Governo introduziu uma nova forma de cálculo que, de um mês para o outro, agravou as penalizações aplicadas nestes casos.
Portanto, funcionários nas mesmas condições profissionais e com carreiras iguais têm um tratamento fortemente diferenciado (180 euros/mês é muito dinheiro) na atribuição das suas reformas e, ainda por cima, de um mês para o outro.
É arrepiante, o nível de impiedade e insensatez que acometeu o Governo de Sócrates, ao decidir de qualquer maneira sobre a vida das pessoas e tendo por único objectivo esportular sempre mais a quem trabalha e não tem escapatória possível perante o cerco tributário.
Tal como é chocante, a servil solicitude com que o Governo de Sócrates continua a proteger os interesses do grande capital financeiro e empresarial, não lhes taxando os lucros obscenos.
Por isso já não há «retórica de esquerda» que iluda uma evidência: o Governo dito «socialista» está completamente ao serviço dos poderosos e contra os interesses do povo e do País.
Cruzeiros
Esta obsessão do Governo de José Sócrates em taxar tudo e todos (desde que não sejam ricos nem poderosos) já chegou aos navios de cruzeiro. Imaginem que, a partir de agora, os turistas de cruzeiros que escalem o nosso País passam a pagar «taxas de escala e de desembarque».
Curiosamente, as luminárias que produziram tal ideia isentaram os Açores e a Madeira de tais taxas, o que mostra que até terão consciência de como esta medida é prejudicial ao turismo nas regiões autónomas.
Pelos vistos, acham que no Continente não há problema em hostilizar os cruzeiros com taxas coloniais e manifestamente idiotas.
Cortes
O primeiro-ministro, no seu discurso de Natal, embora reconhecesse que o próximo ano «será difícil», exibiria uma enorme confiança na «recuperação da economia», de que já vê «sinais» numas décimas quaisquer que inventou não se sabe onde.
Todavia, economistas contactados pelo Público são unânimes: apesar das severas medidas previstas no Orçamento com o objectivo de se reduzir o défice em 2011 de 7 para 4,6%, no final ainda faltarão mil milhões de euros, pelo menos, para se atingir essa meta, pelo que o País entrará inevitavelmente em recessão. Razões imediatas para tal descalabro, ou seja, de onde vem esta insuficiência de recursos, depois de tanto aperto orçamental aplicado ao País? Vem, justamente, desse aperto e dos seus efeitos negativos na economia, pois claro! E destes, novamente nas contas públicas. E o processo é claro: cortes generalizados nos salários, pensões e subsídios, aumento de impostos promovem a retracção no consumo, na procura, na produção e no emprego. E é o descalabro da recessão.
Isto mesmo, e com igual clareza, vem o PCP denunciando e alertando há anos...