A Festa que é de luta

Alexandre Araújo (Membro do Secretariado)

No pas­sado fim-de-se­mana deu-se início às jor­nadas de tra­balho de cons­trução da Festa do Avante! Que, sendo nossa, de todos os co­mu­nistas por­tu­gueses, é so­bre­tudo, há 35 anos, a grande festa dos tra­ba­lha­dores, da ju­ven­tude, do povo e do País – a grande Festa do Por­tugal de Abril.

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Foram muitos os ho­mens, mu­lheres e jo­vens que ru­maram à Quinta da Ata­laia para par­ti­ci­parem na pri­meira de muitas jor­nadas de tra­balho que nos pró­ximos meses se en­car­re­garão de ma­te­ri­a­lizar o sonho em vida, para que no dia 2 de Se­tembro, às 18 horas em ponto, os por­tões se abram dando as boas-vindas a todos os que vi­erem por bem.

Há muito que a Festa do Avante! se as­sumiu como a maior re­a­li­zação po­lí­tico-cul­tural do nosso País, porque é pen­sada e re­a­li­zada, vi­vida e sen­tida por cada um como sendo sua. E é nossa, sendo si­mul­ta­ne­a­mente de todos, e porque, por muito que tentem, não pode ser des­li­gada do Par­tido que a or­ga­niza e pro­move: o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, da sua na­tu­reza de classe e do seu pro­jecto po­lí­tico.

O êxito da Festa do Avante! é o so­ma­tório de todos estes fac­tores e de tantos ou­tros, que chegam a fugir à com­pre­ensão de quem não en­tende muito bem – ou faça por não en­tender – que força co­lec­tiva é esta, capaz de fazer A Festa, ex­pressão con­creta da ca­pa­ci­dade de re­a­li­zação do PCP, do tra­balho mi­li­tante e da cons­ci­ência po­li­tica e ca­pa­ci­dade de in­ter­venção de mi­lhares de co­mu­nistas.

Assim será no­va­mente em 2011, numa festa que se re­a­liza no ano em que se as­si­nala o 90.º ani­ver­sário do PCP e em que a sua acção e luta de sempre pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia e pelo so­ci­a­lismo lá es­tará pre­sente, afir­mando o pro­jecto de fu­turo de que o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês é por­tador.

Queiram ou não, é assim que nos lan­çamos à cons­trução da Festa, ani­mados pelos re­sul­tados elei­to­rais ob­tidos pela CDU, que se tra­du­ziram no au­mento da sua ex­pressão elei­toral e na eleição de mais um de­pu­tado, e con­fi­antes de que é pos­sível re­sistir, lutar e fazer frente à gra­vís­sima ofen­siva que o go­verno pro­ta­go­ni­zado pelo PSD e CDS, ao ser­viço dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, lan­çará contra os tra­ba­lha­dores, o povo e o País.

Por mais que uma ver­da­deira corte de «ana­listas» e co­men­ta­dores, mais ou menos as­sí­duos nos ecrãs te­le­vi­sivos e nas co­lunas dos jor­nais, se es­force por te­o­rizar e tentar de­mons­trar uma su­posta «der­rota da es­querda», pro­cu­rando ocultar o cres­ci­mento do PCP e dos seus ali­ados com os re­sul­tados de ou­tros par­tidos, di­mi­nuindo o seu sig­ni­fi­cado, os co­mu­nistas sabem o que este re­sul­tado vale para as ba­ta­lhas que temos pela frente. Sabem o que cada voto na CDU conta agora na luta contra o au­mento da ex­plo­ração, na de­fesa do re­gime de­mo­crá­tico, na rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e para a afir­mação da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que a si­tu­ação exige.

 

Muitas exi­gên­cias

 

Vi­vemos tempos de di­fi­cul­dade, in­cer­tezas e grandes pe­rigos quanto ao fu­turo. Trinta e cinco anos de po­li­ticas de di­reita con­du­ziram o País ao de­sastre eco­nó­mico e so­cial que tente a agravar-se, com a con­cre­ti­zação do pro­grama de agressão e in­ge­rência ex­terna im­posto pela União Eu­ro­peia, Banco Cen­tral Eu­ropeu e FMI e as­su­mido por PS, PSD e CDS-PP.

A com­po­sição do Go­verno e o Acordo Po­lí­tico que o gerou não deixa margem para dú­vidas quanto à linha a se­guir: acertar contas com o re­gime de­mo­crá­tico saído da re­vo­lução de Abril e con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica. Ataque ge­ne­ra­li­zado aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores com mais de­sem­prego e au­mento da ex­plo­ração com as al­te­ra­ções à le­gis­lação la­boral, mais des­pro­tecção so­cial, cortes nos sa­lá­rios e pen­sões, au­mento de preços de bens es­sen­ciais, ataque aos ser­viços pú­blicos, à es­cola pu­blica e ao Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, con­ti­nu­ação da li­qui­dação da pro­dução na­ci­onal e agra­va­mento da de­pen­dência ex­terna, ataque à so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­onal são os ob­jec­tivos a con­cre­tizar e que pro­cu­raram es­conder do povo por­tu­guês du­rante a cam­panha elei­toral.

São por isso muitas as exi­gên­cias que estão co­lo­cadas aos mem­bros e or­ga­ni­za­ções do Par­tido e da JCP. A par do re­forço da or­ga­ni­zação, do de­sen­vol­vi­mento da acção e ini­ci­a­tiva po­li­tica e da di­na­mi­zação da luta de massas, a pre­pa­ração da Festa do Avante! nas suas di­fe­rentes di­men­sões – cons­trução, pro­moção e di­vul­gação, venda da EP, de­fi­nição da pro­gra­mação e con­teúdos – cons­ti­tuirá um ele­mento in­con­tor­nável para os pró­ximos meses.

Cons­truir a Festa do Avante! é estar, como se exige do PCP, na pri­meira linha do com­bate contra todas e cada uma me­didas pre­vista no pacto de sub­missão e agressão aos tra­ba­lha­dores e ao País. Afir­mando que Por­tugal tem fu­turo, que há outro ca­minho para o pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento do País, afir­mando a sua so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­onal.



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