Governo grego ataca ensino superior

O governo grego aprovou na passada semana uma nova lei do ensino superior que conduz a uma maior mercantilização do ensino superior e à abolição do princípio da gratuitidade.

O novo diploma recebeu o apoio dos conservadores da Nova Democracia e da extrema-direita parlamentar representada no partido LAOS. Para os comunistas gregos, a nova lei ameaça, designadamente, a investigação científica que ficará submetida ao interesse das empresas privadas, na sua ânsia de obtenção de lucro.

Intervindo em defesa da nova lei, o primeiro-ministro, Geórgui Papandreu, resvalou para o anticomunismo primário, apelidando de «soviético» o actual status quo das universidades gregas, devendo por isso ser liquidado.

Em resposta, a secretária-geral do partido comunista (KKE) acusou o chefe do governo de distorcer a realidade e fez questão de abordar o sistema de educação soviético: «Em primeiro lugar», disse, «antes de receberem o diploma, no último ano do curso, os estudantes já sabiam para onde iriam trabalhar. Depois de obtida a licenciatura, não precisavam de responder a anúncios de jornal para encontrar trabalho. É claro que isto não agrada ao primeiro-ministro.»

«Em segundo lugar, a educação nas universidades socialistas assentava nos saberes fundamentais – filosofia, matemática, linguística, literatura – o que não só garantia uma formação de elevado nível nas respectivas especialidades, mas munia o estudante com outros importantes conhecimentos e aptidões, que, nomeadamente, facilitavam a sua formação posterior, dada a rápida evolução do conhecimento, através, evidentemente, do sistema público socialista de educação».

Reafirmando a sua oposição à nova lei, Aleka Papariga frisou que os comunistas gregos estarão nas fileiras da frente do movimento de massas, operário, popular e estudantil que se baterá para que a lei não seja aplicada total ou parcialmente.

Note-se que, no dia 24, a Frente de Luta dos Estudantes (MAS) em conjunto com a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) realizaram manifestações e protestos em Atenas e noutras cidades principais da Grécia.



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