Comunistas reafirmam

O País precisa de produzir

Por­tugal pre­cisa ur­gen­te­mente de au­mentar a pro­dução, mas as op­ções po­lí­ticas das troikas na­ci­onal e es­tran­geira vão pre­ci­sa­mente no sen­tido oposto, fra­gi­li­zando ainda mais a eco­nomia do País.

Quanto mais frágil a eco­nomia es­tiver mais fortes os efeitos da crise

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A di­recção do PCP na Re­gião Au­tó­noma dos Açores está contra a de­cisão do go­verno re­gi­onal de ex­cluir as can­di­da­turas na­ci­o­nais à cons­trução de na­vios para as li­ga­ções ma­rí­timas de pas­sa­geiros e vi­a­turas. Esta de­cisão, sus­tenta o PCP, con­traria a «ne­ces­si­dade pre­mente de au­mentar a pro­dução na­ci­onal e di­na­mizar a eco­nomia», num con­texto de crise cujos efeitos são «tanto mais de­vas­ta­dores quanto mais fra­gi­li­zada está a eco­nomia na­ci­onal, de­sig­na­da­mente o sector pro­du­tivo e a in­dús­tria».

Num co­mu­ni­cado de se­gunda-feira, o Se­cre­ta­riado da Di­recção da Or­ga­ni­zação da Re­gião Au­tó­noma dos Açores do Par­tido cri­tica o go­verno li­de­rado por Carlos César, do PS, por ter «co­lo­cado con­di­ções que ex­cluem os es­ta­leiros na­ci­o­nais no con­curso pú­blico in­ter­na­ci­onal para a cons­trução dos novos na­vios» que farão o trans­porte de pas­sa­geiros entre ilhas. Con­di­ções estas que, des­taca o PCP, «nada têm a ver com as es­pe­ci­fi­ca­ções téc­nicas dos na­vios ou com os seus ní­veis de qua­li­dade e per­for­mance, mas sim com as­pectos bu­ro­crá­ticos e de vo­lume de ne­gó­cios». Trata-se de um «fa­vo­re­ci­mento claro e, so­bre­tudo in­com­pre­en­sível, a em­presas es­tran­geiras».

Desde 2008 que o PCP de­fende que o ar­qui­pé­lago ne­ces­sita de novos na­vios, mas esta ur­gência «tem que ser as­so­ciada à de­fesa e va­lo­ri­zação da pro­dução na­ci­onal, num sector es­tra­té­gico para o País como é o da cons­trução naval». Assim, o go­verno re­gi­onal deve «al­terar os termos do con­curso pú­blico in­ter­na­ci­onal para a cons­trução dos fer­ries de trans­porte de pas­sa­geiros», eli­mi­nando as cláu­sulas dis­cri­mi­na­tó­rias que im­pedem em­presas na­ci­o­nais de se can­di­da­tarem.

 

Um sector «des­con­jun­tado»

 

Con­ti­nu­ando-se esta po­lí­tica, um dos sec­tores es­tra­té­gicos do ponto de vista eco­nó­mico e so­cial, o sector fer­ro­viário, pode estar «to­tal­mente des­con­jun­tado e ao sabor da gula dos pri­vados». Quem o afirma são os fer­ro­viá­rios co­mu­nistas da Pe­nín­sula de Se­túbal, que es­ti­veram reu­nidos re­cen­te­mente numa reu­nião ple­nária, onde se aprovou uma re­so­lução. Aí des­taca-se também que a sub­missão ao pacto de agressão evi­dencia-se já em muitas de­ci­sões re­fe­rentes a este sector.

Na EMEF ve­ri­fica-se a in­tenção de se acabar com o pólo fer­ro­viário do Bar­reiro, acusam os co­mu­nistas, que acres­centam ainda os en­traves co­lo­cados à en­trada de tra­balho nas ofi­cinas, «não po­ten­ci­ando a ca­pa­ci­dade ins­ta­lada» quer de mão-de-obra como de ins­ta­la­ções e ma­qui­naria. Acresce ainda que os tra­ba­lha­dores da em­presa foram pe­na­li­zados pela apli­cação an­te­ci­pada do Or­ça­mento do Es­tado para 2011 a partir do úl­timo tri­mestre de 2010. Desta forma im­pediu-se a su­bida de ín­dice a 78 tra­ba­lha­dores.

Os fer­ro­viá­rios co­mu­nistas alertam ainda, na re­so­lução, para a pre­pa­ração da pri­va­ti­zação da CP e CP Carga, que re­pre­sen­tará a ali­e­nação e en­trega ao sector pri­vado «parte subs­tan­cial do sector fer­ro­viário que de­veria ter ca­rácter pú­blico e ser de­ter­mi­nante para o de­sen­vol­vi­mento do País». Em causa estão os postos de tra­balho e os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, bem como da­queles que uti­lizam o trans­porte fer­ro­viário.

Já na So­flusa há «pre­o­cu­pa­ções sobre qual o fu­turo dos tra­ba­lha­dores, tendo em conta a pers­pec­tiva de de­sa­pa­re­ci­mento da em­presa». Apesar disso, foram pro­postos pela ad­mi­nis­tração ho­rá­rios sin­co­pados, até 12 horas por dia, numa clara ten­ta­tiva de fle­xi­bi­lizar ainda mais o ho­rário de tra­balho.

A re­so­lução sa­li­enta ainda as pre­o­cu­pa­ções dos co­mu­nistas quanto ao can­ce­la­mento dos grandes pro­jectos pre­vistos para a re­gião e as apre­en­sões exis­tentes quanto à re­es­tru­tu­ração das ac­tuais ofi­cinas da EMEF em ofi­cinas também de alta ve­lo­ci­dade e ao justo ob­jec­tivo de manter e va­lo­rizar o pólo fer­ro­viário no Bar­reiro.



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