Milhares nas ruas
Com grandes acções nos últimos dias, a semana de luta que a CGTP-IN promoveu por todo o País veio comprovar o crescente descontentamento e dar ânimo para os próximos combates, com total prioridade para a greve geral.
A ofensiva do Governo e dos patrões exige resposta firme
Concentrações, desfiles e manifestações, como os que tiveram lugar em Almada, no Seixal, em Setúbal e em Braga, que mostramos nestas páginas, e inúmeros plenários, reuniões e iniciativas de distribuição de folhetos, com impacto mais localizado, movimentaram milhares de trabalhadores nos vários distritos e nas regiões autónomas, numa semana de luta que acabou por extravasar até o período para que tinha sido convocada, de 20 a 27 de Outubro. Muitas iniciativas decorreram nos dias 26 e 27, mas na sexta-feira, dia 28, ainda tiveram lugar concentrações em Braga e na Guarda.
Um balanço deveria ser feito ontem, à tarde, já depois do fecho desta edição, numa conferência de imprensa que a CGTP-IN convocou para tratar com mais pormenor o Orçamento do Estado e as mais recentes ideias do Governo quanto aos horários de trabalho.
A União dos Sindicatos de Lisboa, cuja direcção reuniu sexta-feira e apresentou na segunda a sua análise da forma como decorreu a semana de luta no distrito, considerou que esta correspondeu aos objectivos e veio reflectir a dinâmica da estrutura sindical, quer contribuindo para as manifestações nacionais de maior dimensão, dos transportes e da Administração Pública (a 20 e 21 de Outubro), quer em «centenas de pequenas realizações, muitas não visíveis» aos olhos do público, como comentou Libério Domingues.
O coordenador da USL e membro da Comissão Executiva da Intersindical Nacional, em declarações ao Avante!, deu nota de ter havido maior número de trabalhadores a participar em plenários e assinalou ainda uma «grande concordância» com a convocação da greve geral. Reconhecendo que, consoante os sectores e empresas, aconteceram acções «muito desiguais», destacou ainda a concentração de dezenas de bancários, promovida pelo Sintaf no Camões, o plenário na Tabaqueira (em Albarraque, Sintra), vária acções em hiper e supermercados. A USL salientou ainda as acções no call-center da PT (Areeiro), no Centro Comercial Vasco da Gama, na Sotancro (Amadora).
No Funchal, teve lugar uma tribuna pública no dia 27 e um plenário sindical no dia seguinte. À porta do casino da Figueira da Foz teve lugar um protesto, no dia 27, para exigir aumentos salariais, com distribuição de folhetos aos clientes. Ainda na Figueira, dezenas de trabalhadores dos Estaleiros Navais do Mondego e da EMEF concentraram-se frente à Câmara Municipal, no dia 27; os primeiros, para exigirem do Governo medidas de viabilização da empresa e garantia de futuro para os postos de trabalho; os ferroviários, para protestarem contra o encerramento das oficinas e contra o plano do Governo que prevê a liquidação de centenas de quilómetros de via.
Concentrações
na greve geral
A USL revelou que deu já seguimento à decisão do Conselho Nacional da CGTP-IN para que no dia da greve geral tenham lugar, nos vários distritos, iniciativas com expressão pública que dêem corpo à indignação geral contra a política de direita e as posições retrógradas do patronato, e por uma política que respeite e valorize os trabalhadores e assegure o desenvolvimento económico e social do País.
Para 24 de Novembro, em Lisboa, estão marcadas duas concentrações, embora a USL ressalve que a prioridade continua a ser a realização da greve. Sem «medidas especiais» de organização, que caracterizam as manifestações habitualmente, e com dificuldades de mobilidade devido à esperada grande adesão à greve por parte dos trabalhadores dos transportes, as concentrações terão lugar:
- a partir das 11 horas, no Rossio, onde funcionará um posto de informação da greve geral; para aqui deverão dirigir-se alguns piquetes e trabalhadores;
- a partir das 15 horas, no largo da Assembleia da República.