Uma prisão secreta, que também foi utilizada como câmara de tortura pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA, foi descoberta, dia 8, por um grupo de jornalistas da Associated Press (AP) e da estação televisiva alemã ARD, que visitou as instalações.

O cárcere ilegal funcionou entre 2003 e 2006 no edifício que alberga o Gabinete de Registo Nacional de Segredos de Estado (ORNISS, sigla romena), situado na rua Mures, N.°4, a Norte de Bucareste.

A existência de um centro secreto de detenção e tortura na Roménia, bem como em vários outros países, foi várias vezes denunciada pela Amnistia Internacional e, particularmente, pelo relator do Conselho da Europa Dick Marty, no seu relatório dedicado ao assunto.

A localização da prisão foi revelada aos jornalistas por antigos agentes da CIA. Tinha o nome de código «Bright Light» (luz brilhante) e dispunha de seis celas prefabricadas, assentes sobre molas, para provocar uma sensação de desequilíbrio e desorientação nos detidos. As fontes ouvidas sob anonimato revelaram que, durante o primeiro mês, os detidos podiam ser privados de sono e de alimentação. Também aqui eram utilizadas práticas de tortura como a simulação de afogamento.

Khaled Cheikh Mohammed, apontado como um dos cúmplices de Ben Laden, terá estado na prisão romena. Detido no Paquistão em 2003, passou igualmente pela prisão secreta na Polónia, sendo mais tarde transferido para a base de Guantánamo.

A estação ARD afirma ainda que Abd al-Rahim al-Nashiri, alegado chefe de operações da Al-Qaida no Golfo Pérsico, detido em 2002 nos Emirados Árabes, esteve também no centro secreto de Bucareste.