Alemães com rendimentos menores

Esperança de vida diminuiu

A conclusão é oficial e provém dos organismos do governo federal alemão: a esperança de vida média das pessoas com rendimentos mais baixos passou de 77,5 anos em 2001 para 75,5 anos em 2010.

Os dados, publicados na segunda-feira, 12, pelo grupo parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda), que os solicitou por escrito ao governo, deitam por terra o pretexto evocado pelos diferentes governos para aumentar a idade da reforma.

Afinal, o aumento da esperança de vida apenas se verifica entre os que auferem rendimentos médios ou superiores. Nesta camada da população, efectivamente, a esperança de vida aumentou, mas a grande massa dos deserdados passou a viver menos tempo desde que os governos sociais-democratas/verdes começaram a demolir o sistema de protecção social.

Isto mesmo foi denunciado pelo deputado do Die Linke, Matthias Birkwald, sublinhando que estes números indicam que o aumento da idade de reforma «não representa senão um grande plano de redução das reformas, que atinge sobretudo os rendimentos mais fracos e aqueles que têm os empregos mais penosos».

Nos antigos estados da Alemanha de Leste, a diminuição da esperança de vida das pessoas com menores rendimentos – ou seja, rendimentos inferiores a três quartos do rendimento médio – ainda foi mais acentuada, tendo passado de 77,9 anos em 2001 para 74,1 anos em 2010. Confirma-se assim também que os alemães viviam mais tempo durante o regime socialista do que hoje, nas condições do «mercado livre»,

Ora, sendo inegável que o aumento da idade da reforma dos 65 para os 67 anos tem sido até agora justificado com o alegado aumento da esperança de vida, e verificando-se que a tendência real é exactamente a oposta entre os mais desfavorecidos, mandaria a lógica que, pelo menos neste grupo populacional, a idade da reforma descesse na mesma proporção, ou seja, dos 65 para os 63 anos.

Tanto mais que os dados oficiais revelam igualmente que, em Março de 2011, apenas 26,4 por cento das pessoas com idades entre os 60 e os 64 anos tinham um emprego com descontos para a segurança social, e menos de 19 por cento tinham um emprego a tempo inteiro.



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