Encerramento da Linha do Vouga

Um erro económico e social

O PCP re­a­firmou a sua opo­sição ao en­cer­ra­mento da Linha do Vouga e ad­vertiu que a pri­va­ti­zação desta via férrea re­pre­sen­tará um «ne­gócio de­sas­troso para o Es­tado e as po­pu­la­ções».

«O Es­tado in­vestiu, au­mentou a pro­cura deste meio de trans­porte e agora pre­para-se para en­tregar a pri­vados os lu­cros da ex­plo­ração», de­nun­ciou o de­pu­tado co­mu­nista Jorge Ma­chado, as­si­na­lando que assim «per­demos todos» – o Es­tado porque en­trega os lu­cros a pri­vados e os utentes porque fi­carão pior ser­vidos.

O par­la­mentar do PCP fa­lava no re­cente de­bate em torno de pro­jectos de re­so­lução sobre a Linha do Vouga apre­sen­tados por todos os par­tidos com as­sento par­la­mentar. En­quanto os di­plomas das ban­cadas da opo­sição apon­tavam de forma inequí­voca para o «não en­cer­ra­mento», já os da au­toria dos par­tidos da co­li­gação go­ver­na­mental – e aqui re­sidiu a se­pa­ração – fi­caram-se ou pela sim­ples re­co­men­dação ao Go­verno para que «es­tude uma al­ter­na­tiva» (PSD) ou para que «pon­dere a de­cisão de de­sac­ti­vação» (CDS-PP). Dessa di­fe­rença re­sultou que os di­plomas dos par­tidos da opo­sição foram chum­bados (ex­cepção feita no caso do di­ploma do PS a um dos seus dois pontos, que passou), en­quanto, claro está, os da mai­oria foram apro­vados com os seus pró­prios votos.

Para o PCP, o pri­meiro par­tido a apre­sentar um di­ploma sobre esta ma­téria, a de­cisão do Go­verno PSD/​CDS-PP de en­cerrar a linha «é um erro eco­nó­mico e so­cial», tendo so­bre­tudo em conta a sua im­por­tância para a re­gião, no­me­a­da­mente para os con­ce­lhos de Aveiro, S. João da Ma­deira, Santa Maria da Feira, Águeda, Al­ber­garia, Oli­veira de Aze­méis.

Jorge Ma­chado cri­ticou ainda o facto de a de­cisão de en­cerrar surgir no quadro do cha­mado plano es­tra­té­gico de trans­portes, ig­no­rando que foram re­cen­te­mente in­ves­tidos na­quela linha mais de três mi­lhões de euros. E de­pois de se saber que em Se­tembro de 2010, após o au­mento da frequência de com­boios (pas­saram a ser de hora a hora), o nú­mero de utentes re­gistou um au­mento de 30 por cento, to­ta­li­zando nesse ano mais de 610 mil pas­sa­geiros

«En­quanto o PSD, PSD e CDS-PP exe­cutam o plano po­lí­tico do pacto de agressão com a troika e se com­pro­metem a en­cerrar cen­tenas de qui­ló­me­tros de li­nhas fér­reas, pelo con­trário, as po­pu­la­ções lu­taram e pro­varam que o trans­porte pú­blico e o ser­viço pú­blico por em­presas pú­blicas tem fu­turo», afirmou Jorge Ma­chado, que lem­brou ainda que são ine­xis­tentes as al­ter­na­tivas à linha do Vouga.

Não é por acaso, aliás, que as as­sem­bleias mu­ni­ci­pais dos con­ce­lhos afec­tados apro­varam mo­ções a con­denar a in­tenção de en­cer­ra­mento, re­cordou.



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