Comissão de inquérito ao BPN

Apure-se a verdade

O Par­la­mento aprovou, por una­ni­mi­dade, a cons­ti­tuição de uma nova co­missão de inqué­rito à gestão e re­pri­va­ti­zação do BPN. A de­cisão foi to­mada sexta-feira pas­sada de­pois de na vés­pera, em con­fe­rência de lí­deres, ter sido al­can­çado con­senso no sen­tido de dar pro­ce­di­mento à ini­ci­a­tiva po­tes­ta­tiva do PS de cons­ti­tuição ime­diata de uma co­missão de inqué­rito sobre o BPN. Re­corde-se que também a mai­oria PSD/​CDS-PP havia pro­posto idên­tica co­missão com o mesmo ob­jec­tivo, em­bora por via re­gi­mental di­versa e com prazos dis­tintos para o início dos tra­balho.

Para a ban­cada co­mu­nista, este é um passo que abre ca­minho ao es­cla­re­ci­mento da ver­dade. «O PCP con­gra­tula-se por ter sido pos­sível chegar-se a um con­senso sobre o ob­jecto e a for­mação da co­missão de inqué­rito, que mantém os di­reitos po­tes­ta­tivos. Abre-se agora uma nova etapa que é a de pro­cu­rarmos que a co­missão de inqué­rito vá fundo na aná­lise de um ne­gócio à volta do BPN, que já leva muitos mi­lhares de mi­lhões de euros do erário pú­blico e que os por­tu­gueses pre­cisam de co­nhecer de quem é a res­pon­sa­bi­li­dade por esse des­ca­labro», afirmou Ber­nar­dino So­ares, em de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, após a con­fe­rência de lí­deres.

A co­missão de inqué­rito, além da in­ves­ti­gação dos pro­cessos de «na­ci­o­na­li­zação, re­es­tru­tu­ração e re­pri­va­ti­zação» do BPN, ins­creve nos seus ob­jec­tivos «a ava­li­ação das hi­pó­teses al­ter­na­tivas: in­te­gração na CGD e li­qui­dação, bem como das ra­zões pelas quais não foram es­co­lhidas ou con­si­de­radas desde a na­ci­o­na­li­zação do BPN».

Caber-lhe-á, por ouro lado, «ve­ri­ficar as ten­ta­tivas an­te­ri­ores de venda da so­ci­e­dade e as ra­zões do seu in­su­cesso, as con­di­ções de­fi­nidas para a re­pri­va­ti­zação e, con­cre­ti­zando-se, se o con­trato de­fi­ni­tivo acau­tela o in­te­resse pú­blico e as con­di­ções sub­ja­centes ao con­trato pro­messa de compra e venda já as­si­nado com o Banco In­ter­na­ci­onal de Cré­dito, S.A., bem como o ca­derno de en­cargos» apro­vado em Con­selho de Mi­nis­tros.

No que se re­fere aos pro­cessos de «na­ci­o­na­li­zação, re­es­tru­tu­ração e re­pri­va­ti­zação», os de­pu­tados de­verão «ave­ri­guar a di­mensão de re­cursos pú­blicos» in­jec­tados no BPN e res­pec­tivas em­presas veí­culo, «bem como an­te­ce­dentes es­tru­tu­rais ou con­jun­tu­rais re­le­vantes para essas ope­ra­ções».

«Aferir o elenco de me­didas adop­tadas no de­curso da gestão do BPN, S.A., pos­te­rior à sua na­ci­o­na­li­zação e os actos de gestão re­a­li­zados pela CGD, de­sig­na­da­mente para re­solver as im­pa­ri­dades des­co­bertas, a re­gu­la­ri­zação de ope­ra­ções fi­nan­ceiras, a re­so­lução, re­ne­go­ci­ação ou aber­tura de novos cré­ditos, as ope­ra­ções com a So­ci­e­dade Lusa de Ne­gó­cios e en­ti­dades de an­te­ri­ores ac­ci­o­nistas ou ad­mi­nis­tra­dores do BPN e SLN», cons­titui outra das ta­refas que está co­lo­cada aos 17 de­pu­tados que in­te­gram a co­missão de inqué­rito.



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