Subnutrição aumenta no Reino Unido

É em Lon­dres, a sexta ci­dade mais rica do mundo, que mi­lhares de cri­anças so­frem de des­nu­trição. E o seu nú­mero tem au­men­tado dra­ma­ti­ca­mente não só na ca­pital bri­tâ­nica como fora dela.

A «si­len­ciosa epi­demia», como lhe chamou o jornal The In­de­pen­dent (06.04), es­tende-se a todo o país e deixa si­nais pe­renes nas ví­timas: «Cris tem dez anos. Ele e o seu irmão ali­mentam-se tão mal que estão pá­lidos e têm olheiras. Os seus ir­mãos mais ve­lhos já per­deram a den­tição de­vido à dieta pouco sau­dável», re­lata o diário bri­tâ­nico dando conta que só a as­so­ci­ação Kids Com­pany ajuda 17 mil cri­anças em Lon­dres.

Cada se­mana que passa, esta as­so­ci­ação au­xilia 70 novas cri­anças, em vez das 30 que afluíam no ano tran­sacto.

Em Barnsley, no Norte de In­gla­terra, or­ga­ni­za­ções de be­ne­fi­cência de apoio à in­fância ajudam as fa­mí­lias for­ne­cendo-lhes ali­mentos bá­sicos como leite, pão e massas. Em Bristol, re­fere ainda a mesma fonte, um pro­jecto de acon­se­lha­mento de ado­les­centes con­verteu-se num local onde se pode aceder a uma re­feição bá­sica.

Se­gundo ex­plica a fun­da­dora da Kids Com­pany, Ca­mila Bat­manghe­lidjh, muitas cri­anças per­tencem a fa­mí­lias de imi­grantes, cujos pais não tem li­cença de tra­balho ou não au­ferem pres­ta­ções so­ciais. Mas também há pais que tra­ba­lham e que «sim­ples­mente não têm meios para apro­vi­si­onar os seus lares».

Esta as­so­ci­ação re­fere cinco es­colas em Lon­dres onde entre 70 a 80 por cento dos alunos so­frem de in­se­gu­rança ali­mentar, ou seja, nem sempre en­con­tram ali­mentos em casa, nem sabem quando terão a pró­xima re­feição.

O alas­tra­mento da fome no país é também tes­te­mu­nhado por Chris Mould, pre­si­dente exe­cu­tivo da Trus­sell Trust, or­ga­ni­zação as­so­ciada aos bancos ali­men­tares, que for­necem ali­mentos a 120 mil pes­soas. Mould afirma que nos úl­timos meses se as­siste a «um enorme au­mento» da pro­cura e ga­rante que há 36 mil cri­anças que passam fome. «O que temos visto in­dica-nos que há muitos mi­lhares de pes­soas que so­frem de fome neste país, pes­soas que têm de fazer es­co­lhas di­fí­ceis entre com­bus­tível, aque­ci­mento, trans­porte e co­mida». «Esta pressão recai fun­da­men­tal­mente nas mães e nas cri­anças».



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