Irlanda referenda tratado orçamental

«Não» à austeridade

O Partido Comunista da Irlanda (PCI) apela à firme oposição ao tratado orçamental e ao voto «Não» no próximo referendo sobre a chamada «regra de ouro», que visa impor aos povos a austeridade perpétua.

Contestação aumenta às políticas de austeridade

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Os comunistas irlandeses exigem ainda que seja referendado o Mecanismo de Estabilidade Europeu, uma vez que ambos são instrumentos inseparáveis na estratégia do capital de obrigar os trabalhadores, geração após geração, a pagar uma dívida que não é deles.

Numa resolução aprovada no final de Março, o PCI insta igualmente os sindicatos (Irish Trade union congress) a fazerem campanha pelo «Não» e tomarem posição clara sobre estes tratados, explicando aos trabalhadores os seus efeitos.

Também o Sinn Féin se opõe ao que qualifica de «tratado da austeridade» e apela aos irlandeses que o chumbem na consulta que terá lugar em 31 de Maio. Recentes sondagens indicam que 49 por cento do eleitorado são favoráveis ao «Sim», contra 33 por cento que afirmam votar «Não», havendo cerca de 18 por cento de indecisos.

 

Boicote popular

 

Entretanto, um inusitado movimento de desobediência civil tomou uma tal amplitude na Irlanda, que colocou a coligação governamental (Fine Gael-Labour) numa situação delicada, a mês e meio do referendo.

Espoliados por sucessivas medidas de austeridade, grande parte dos irlandeses decidiram não pagar o novo imposto sobre a habitação, anunciado no Verão passado, com o valor único por residência de 100 euros anuais, independentemente da avaliação do imóvel.

O prazo limite expirou em 31 de Março, mas nessa data menos de metade das cerca de um milhão e 600 mil habitações, calculadas pelo governo, haviam pago a contribuição exigida.

O movimento de resistência pela abolição do novo imposto organizou-se em torno da Campanha Contra A Taxa Doméstica (Campaign Against The Household Charge - CAHWT). A sua mensagem é clara: «Não se registe, não pague».

O facto é que, mesmo sob ameaça de penalizações de 30 por cento para os recalcitrantes, que podem transformar-se em pesadas multas e mesmo em penas de prisão, o movimento mantém uma adesão assinalável. Segundo a activista Ruth Coppinger do CAHWT, «o governo tem de compreender que enfrenta uma luta que não pode ganhar e devia reconsiderar e abolir esta taxa».

A associação refere ainda que o número real de habitações sujeitas a registo é superior às estimativas do governo devendo rondar um milhão e 800 mil, o que acentua a dimensão do boicote popular.



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