10.º aniversário da independência de Timor Leste

Fretilin critica corrupção e «miragens»

A Frente Re­vo­lu­ci­o­nária do Timor-Leste In­de­pen­dente (Fre­tilin) con­si­dera que a «cor­rupção ga­lo­pante» e a im­ple­men­tação de um mo­delo de de­sen­vol­vi­mento as­sente na «eco­nomia es­pe­cu­la­tiva» en­som­bram o pre­sente e o fu­turo do país e são os mais sé­rios obs­tá­culos à ele­vação das con­di­ções de vida do povo.

A pro­pó­sito das co­me­mo­ra­ções do 10.º ani­ver­sário da res­tau­ração da in­de­pen­dência de Timor-Leste, as­si­na­lados no do­mingo, 20 de Maio, o se­cre­tário-geral da Fre­tilin, Mari Al­ka­tiri, fez um ba­lanço da si­tu­ação po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial, e sa­li­entou o es­ban­ja­mento do fundo do pe­tróleo e a não re­so­lução dos prin­ci­pais fla­gelos eco­nó­micos e so­ciais como os traços mais ne­ga­tivos da go­ver­nação le­vada a cabo nos úl­timos cinco anos.

«O povo con­tinua mar­gi­na­li­zado na sua mai­oria. Temos Díli e de­pois as zonas pe­ri­fé­ricas onde a po­breza grassa (...), a in­flação é ga­lo­pante, e, em­bora se fale em cres­ci­mento eco­nó­mico de 12 por cento, é um cres­ci­mento que é não sau­dável, não gera em­prego, só gera con­su­mismo ba­rato», disse.

O líder do maior par­tido ti­mo­rense acres­centou, em de­cla­ra­ções di­vul­gadas pela Lusa, que uma dé­cada após a res­tau­ração da in­de­pen­dência Timor «podia estar muito me­lhor do que está» caso ti­vesse sido im­ple­men­tado um plano es­tra­té­gico claro e ri­go­roso de de­sen­vol­vi­mento do ter­ri­tório. «O que temos as­sis­tido nestes úl­timos cinco anos é pre­ci­sa­mente ao con­trário. Quis-se fazer o de­sen­vol­vi­mento fí­sico, não se con­se­guiu fazer, es­banjou-se muito di­nheiro, re­sul­tados não existem», des­tacou.

Para Al­ka­tiri, «li­bertar o povo é li­bertar as men­ta­li­dades» e, pelo con­trário, o que tem sido feito «é cor­romper as men­ta­li­dades com um sis­tema de go­ver­nação an­tis­sis­tema e uma de­sa­gre­gação com­pleta dos va­lores so­ciais, po­lí­ticos e também dos va­lores ins­ti­tu­ci­o­nais, da cul­tura ins­ti­tu­ci­onal», de­fendeu, antes de se ma­ni­festar con­fi­ante de que os ti­mo­renses per­ce­berão que «a ver­da­deira in­de­pen­dência é um pro­cesso longo» no qual o ser hu­mano tem de ser o centro da go­ver­nação, e não se vão deixar en­ganar por «mi­ra­gens».

Quanto ao uso ilí­cito dos fundos pú­blicos, o se­cre­tário-geral da Fre­tilin foi claro e frisou que «este é um país pe­queno, somos vi­zi­nhos uns dos ou­tros» e «al­guns antes de serem mi­nis­tros ou di­re­tores-ge­rais não ti­nham nada em casa» e hoje «têm tudo».

Apesar das crí­ticas duras, Mari Al­ka­tiri con­si­derou po­si­tivo o facto de ter sido pos­sível «re­sistir a todas as ten­ta­tivas de fazer de Timor Leste um Es­tado fa­lhado» e de se ter «con­so­li­dado a paz e a es­ta­bi­li­dade», o que, para a Fre­tilin, «não é mé­rito de uma ou duas pes­soas, de uma ou duas or­ga­ni­za­ções, não é mé­rito só do Go­verno, mas fun­da­men­tal­mente de todo o povo, que con­se­guiu acre­ditar na sua pró­pria li­de­rança».



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