Pesar por Maria Keil

A As­sem­bleia da Re­pú­blica aprovou, por una­ni­mi­dade, um voto de pesar pelo fa­le­ci­mento de Maria Keil, no qual é re­cor­dada a sua «ex­tensa e di­ver­si­fi­cada obra em vá­rias dis­ci­plinas», de­sig­na­da­mente na pin­tura de pai­néis de azu­lejo. Foi neste do­mínio, aliás, que se dis­tin­guiu, tendo re­a­li­zado na dé­cada de 50 do sé­culo pas­sado a de­co­ração da rede do Me­tro­po­li­tano de Lisboa, obra da res­pon­sa­bi­li­dade do ar­qui­tecto e seu ma­rido Fran­cisco Keil do Amaral. É igual­mente da sua au­toria a de­co­ração da es­tação do Metro de S. Se­bas­tião, alvo de re­mo­de­lação em 2009.

Apre­sen­tado pelo Grupo Par­la­mentar do PCP, o voto su­blinha, por outro lado, a di­mensão hu­mana e po­lí­tica desta «ar­tista atenta e com­pro­me­tida com o seu povo», lem­brando a sua qua­li­dade de re­sis­tente an­ti­fas­cista, que co­la­borou com a Co­missão de So­corro aos Presos Po­lí­ticos.

«Es­tive presa em Ca­xias, porque isto era tudo exa­ge­rado. Fomos 50 pes­soas ao ae­ro­porto es­perar D. Maria Lamas, que vinha de um con­gresso da Paz. Pa­rece que era um crime ter­rível. (…) Havia lá mu­lheres com­ple­ta­mente iso­ladas, mas sa­bíamos muito bem o que lhes fa­ziam. É uma coisa hor­rível. Aquela gente não me­recia o mais pe­queno res­peito. Aquilo marcou-me, porque en­trei no sítio e via as coisas como elas eram», re­fere o texto apro­vado pelos de­pu­tados, ci­tando pa­la­vras de Maria Keil alu­sivas à sua pas­sagem pelas pri­sões da di­ta­dura fas­cista.

Da mul­ti­fa­ce­tada obra de Maria Keil, nas­cida a 9 de Agosto de 1914 e fa­le­cida em Lisboa no pas­sado dia 10 de Junho, faz também parte a ilus­tração, na pu­bli­ci­dade e em pu­bli­ca­ções e li­vros de au­tores como Ma­tilde Rosa Araújo e Aqui­lino Ri­beiro ou co­lec­tâ­neas sobre Ber­nardim Ri­beiro, Castro Alves, Olavo Bilac e Tomás An­tónio Gon­zaga. Pu­blicou ainda cinco li­vros.

A sua par­ti­ci­pação em vá­rias mos­tras in­di­vi­duais e co­lec­tivas e cer­tames (a de­co­ração do Pa­vi­lhão de Por­tugal na Ex­po­sição In­ter­na­ci­onal de Paris, em 1937; ou a ex­po­sição «Mai­o­liche Por­toghesi», em Flo­rença, em 1970), é também as­si­na­lada no voto, onde a AR «ma­ni­festa o seu pesar e ex­pressa a todos os fa­mi­li­ares e amigos de Maria Keil as suas sen­tidas con­do­lên­cias».



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