Produtores de arroz prejudicados
No dia 25, com os votos da maioria PSD/CDS, foram aprovados, na Assembleia da República, dois projectos de resolução sobre a utilização dos centros de secagem de arroz da ex-EPAC. O objectivo desta medida está resumido no título do projecto apresentado pelo CDS, onde se lê: «acautele os interesses da APARROZ».
Um equipamento indispensável para os produtores de arroz
«Estes dois projectos são reveladores da política e das soluções que os partidos da maioria parlamentar têm para os pequenos e médios agricultores. Em mais de um ano de governação, não conhecemos uma única medida direccionada para o desenvolvimento das pequenas e médias explorações», acusa, em nota de imprensa, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que dá conta da evolução do processo referente aos pequenos e médios produtores de arroz da Península de Setúbal.
Segundo a CNA, o Centro de Secagem de Arroz de Alcácer do Sal está cedido, desde 2002, por despacho do ministro da Agricultura, à Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal (AADS), que assim coloca este equipamento, indispensável para a actividade de produção, à disposição de todos os produtores de arroz da região que não possuem este tipo de equipamentos.
«A gestão da AADS tem permitido que mais de uma centena de pequenos e médios produtores continuem a exercer a sua actividade, a contribuir para o desenvolvimento da região e do País», salienta a Confederação, informando que no início do ano o Governo «tentou vender em hasta pública, após indicação da APARROZ, os secadores de Alcácer do Sal, processo que só foi suspenso devido à luta dos pequenos e médios produtores de arroz».
Entretanto, a AADS fez já saber à tutela, e até aos deputados da Assembleia da República, que está disposta a partilhar o Centro de Secagem de Alcácer do Sal e os respectivos equipamentos com a APARROZ, tal como tem sido feito nos últimos anos. Proposta que não foi tida em conta pelo Governo nem pelos partidos que o suportam, a julgar pelos projectos de resolução que entretanto aprovaram.
«Estes projectos realizados e aprovados pelo CDS e pelo PSD poderão defender e acautelar os interesses de um punhado de abastadas famílias que constituem a empresa e agrupamento de produtores APARROZ, no entanto, por contribuírem para o abandono da actividade de mais de uma centena de agricultores, não defendem os interesses da região e do País», acusa a CNA.