Com o pacto de agressão será sempre assim

Um País que se afunda

Na úl­tima se­mana foram vá­rios os acon­te­ci­mentos que com­pro­varam a ideia de que Por­tugal é um País a dar passos largos em di­recção ao abismo. Re­jeitar o pacto de agressão é cada vez mais um im­pe­ra­tivo pa­trió­tico.

O in­ves­ti­mento re­cuou a ní­veis de há 16 anos

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Co­men­tando o dis­curso do Go­verno do «bom com­por­ta­mento da nossa Ba­lança Co­mer­cial», o PCP con­si­derou-o «sim­plista, re­tró­grado e sem cre­di­bi­li­dade», acu­sando-o ainda de ex­plorar a «evo­lução con­jun­tural do saldo da Ba­lança de Mer­ca­do­rias, ig­no­rando a evo­lução de­sa­gre­gada das ex­por­ta­ções e das im­por­ta­ções, a evo­lução da ac­ti­vi­dade eco­nó­mica no nosso País e a pro­funda re­cessão em que es­tamos mer­gu­lhados». Numa nota do Ga­bi­nete de Im­prensa de dia 10, os co­mu­nistas lem­bram que as ex­por­ta­ções, que cres­ceram nos pri­meiros seis meses do ano 9,1 por cento, «re­gis­taram uma forte de­sa­ce­le­ração do 1.º para o 2.º tri­mestre», bai­xando de 11,5 para 6,8 por cento.

Ainda assim, re­corda o PCP, o cres­ci­mento ve­ri­fi­cado nas ex­por­ta­ções as­sentou fun­da­men­tal­mente na «ex­por­tação de pro­dutos re­fi­nados de com­bus­tí­veis mi­ne­rais (de fraco valor acres­cen­tado na­ci­onal) e na venda de ouro e ou­tros me­tais pre­ci­osos (em­po­bre­cendo o País), que cres­ceram res­pec­ti­va­mente 42,5 e 78,9 por cento». Este acrés­cimo, sa­li­enta-se ainda na nota, acar­retou ainda um au­mento na im­por­tação de com­bus­tí­veis mi­ne­rais de mais 800 mi­lhões de euros, agra­vando assim a «nossa de­pen­dência ener­gé­tica, que re­pre­senta já cerca de 21 por cento do total das nossas im­por­ta­ções».

Quanto à queda das im­por­ta­ções (- 5,4 por cento no pri­meiro tri­mestre), os co­mu­nistas re­alçam que «não re­flecte qual­quer subs­ti­tuição de im­por­ta­ções por pro­dução na­ci­onal». É, sim, o re­flexo da «pro­funda re­cessão em que o nosso País está mer­gu­lhado e con­se­quen­te­mente da des­cida abrupta do con­sumo das fa­mí­lias e do in­ves­ti­mento».

Para o PCP, o equi­lí­brio da ba­lança co­mer­cial «não pode ser o re­sul­tado do de­fi­nha­mento do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, do em­po­bre­ci­mento do povo por­tu­guês e da ali­e­nação dos nossos re­cursos hu­manos, na­tu­rais e ma­te­riais». Deve re­sultar, antes, de uma po­lí­tica eco­nó­mica que «va­lo­rize a pro­dução na­ci­onal e a subs­ti­tuição de im­por­ta­ções por essa mesma pro­dução, a plena uti­li­zação dos re­cursos na­ci­o­nais hu­manos e ma­te­riais, a pro­moção de ex­por­ta­ções de forte valor acres­cen­tado e a sua di­ver­si­fi­cação por di­fe­rentes re­giões do mundo».

 

In­ves­ti­mento cai

 

Na vés­pera, num outro co­mu­ni­cado do seu Ga­bi­nete de Im­prensa, o PCP re­fe­rira-se aos su­ces­sivos anún­cios re­la­tivos a can­ce­la­mentos de grandes in­ves­ti­mentos no País, de­sig­na­da­mente pro­du­tivos, por di­fi­cul­dades de fi­nan­ci­a­mento por parte da banca ou de­vido à re­ti­rada de apoios no âm­bito do QREN. Para os co­mu­nistas, «con­firma-se aquilo que temos vindo a de­nun­ciar re­la­ti­va­mente à falta de apoio por parte da banca, prin­ci­pal­mente da banca pri­vada, às em­presas nas suas ne­ces­si­dades de fi­nan­ci­a­mento, atin­gindo agora grandes in­ves­ti­mentos». O in­ves­ti­mento pro­du­tivo situa-se hoje em ní­veis idên­ticos aos de há 16 anos, acre­centa o PCP.

No que res­peita ao pe­dido de in­sol­vência das em­presas en­vol­vidas no pro­jecto de José Ro­quette, os co­mu­nistas re­cordam que este foi con­si­de­rado em 2005 como Pro­jecto de In­te­resse Na­ci­onal pelo então go­verno do PS, cujos «con­tornos de es­pe­cu­lação imo­bi­liária, pe­didos de fi­nan­ci­a­mento à banca não co­nhe­cemos em toda a sua di­mensão». A sua in­ter­rupção, con­tudo, re­vela a com­pleta «au­sência de um plano in­te­grado para a Zona de In­fluência de Al­queva, de­sig­na­da­mente na sua com­po­nente agrí­cola, que cri­aria muitos postos de tra­balho e con­tri­buiria para a re­dução do dé­fice ali­mentar na­ci­onal», bem como a falta de apoio a pe­quenos pro­jectos no âm­bito tu­rís­tico.

Para o PCP, outra coisa é porém certa: não é po­si­tivo para a re­gião que pro­jectos de grande im­pacto eco­nó­mico e so­cial não sejam re­a­li­zados. Os co­mu­nistas re­ferem-se àqueles que se in­siram no apro­vei­ta­mento in­te­gral do Em­pre­en­di­mento com Fins Múl­ti­plos de Al­queva nas suas di­versas com­po­nentes (agrí­cola, ener­gé­tica e tu­rís­tica), como a con­cre­ti­zação de infra-es­tru­turas de apoio no âm­bito das vias de co­mu­ni­cação ro­do­viária e fer­ro­viária e o apro­vei­ta­mento do Ae­ro­porto de Beja, que per­mi­tirão o de­sen­vol­vi­mento da re­gião e a cri­ação de em­prego. 



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