Jogos Olímpicos revelam lacunas nacionais

Apostar no desporto de massas

Sau­dando os atletas que in­te­graram a re­pre­sen­tação olím­pica na­ci­onal, o PCP lem­brou que o pleno di­reito à cul­tura fí­sica e ao des­porto está longe de ser ga­ran­tido pelo Es­tado, como prevê a Cons­ti­tuição.

Os atletas por­tu­gueses deram o seu me­lhor nos Jogos Olím­picos

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Num co­mu­ni­cado do seu Ga­bi­nete de Im­prensa emi­tido na se­gunda-feira (um dia após o en­cer­ra­mento dos Jogos Olím­picos de Lon­dres), o PCP co­meça por va­lo­rizar o «es­forço, de­di­cação e tra­balho» re­a­li­zado por todos os atletas por­tu­gueses que par­ti­ci­param na­quela que é a maior prova des­por­tiva à es­cala mun­dial: tanto os dois vice-cam­peões de ca­no­agem como os «de­mais atletas e téc­nicos da re­pre­sen­tação por­tu­guesa, que deram o seu me­lhor, não obs­tante as di­fi­cul­dades que en­frentam di­a­ri­a­mente no nosso País».

Num mo­mento em que as aten­ções se di­rigem com par­ti­cular en­tu­si­asmo para a pres­tação destes atletas, e em que muito tem sido dito sobre as ex­pec­ta­tivas e os re­sul­tados da re­pre­sen­tação por­tu­guesa em Lon­dres, os co­mu­nistas con­si­deram opor­tuno as­si­nalar al­guns as­pectos re­la­tivos à po­lí­tica des­por­tiva do País: «não obs­tante a sua con­sa­gração cons­ti­tu­ci­onal, o pleno di­reito à cul­tura fí­sica e ao des­porto para todos, está longe de ser ga­ran­tido pelo Es­tado.» A opção tem sido outra, a pro­moção pela sua mer­can­ti­li­zação, paga com um ele­vado preço – ser Por­tugal o País com a «mais ele­vada taxa de inac­ti­vi­dade fí­sica da União Eu­ro­peia».

Para o PCP, é ne­ces­sária uma po­lí­tica des­por­tiva in­te­grada como «ele­mento da for­mação da cul­tura in­te­gral do in­di­víduo, pro­mo­vendo a prá­tica des­por­tiva en­ten­dida como um di­reito e um im­por­tante factor de pro­moção do bem-estar e da saúde das po­pu­la­ções». Nada mais dis­tante da re­a­li­dade, la­menta o PCP, re­al­çando a se­pa­ração exis­tente entre a pre­pa­ração de atletas de alta com­pe­tição e o des­porto de massas, não tendo este os apoios de que ne­ces­sita. Porém, ga­rante, é aí que de facto re­side a «base in­dis­pen­sável para se pro­mover po­lí­ticas de alta com­pe­tição».

Si­mul­ta­ne­a­mente, re­alça o PCP, a in­ter­venção do Es­tado é cada vez mais li­mi­tada a «des­tacar eventos des­por­tivo-co­mer­ciais que re­dundam em gi­gan­tescas ope­ra­ções de pu­bli­ci­dade, sem ne­nhuma mais-valia para o des­porto na­ci­onal». Ao invés de in­vestir na es­tru­tura e na infra-es­tru­tura des­por­tiva, o ac­tual Go­verno, como os an­te­ri­ores, «vira toda a sua in­ter­venção para os fe­nó­menos des­por­tivos de en­tre­te­ni­mento», dei­xando o in­ves­ti­mento numa rede de infra-es­tru­turas des­por­tivas «ao sabor de cli­en­te­lismos lo­cais, clu­bís­ticos e eco­nó­micos».

Res­peito pelos atletas!

Cha­mando a atenção para o es­tado do des­porto em Por­tugal, o PCP re­alçou que o des­porto no tra­balho não me­rece qual­quer apoio, sendo cada vez mais um «di­reito do pas­sado», que há cada vez menos atletas fe­de­rados e que são já muitos os clubes e co­lec­ti­vi­dades a com­pro­meter a sua par­ti­ci­pação em com­pe­ti­ções por se en­con­trarem em rup­tura fi­nan­ceira. Também o des­porto es­colar está em risco no ano lec­tivo que está prestes a co­meçar, tendo sido igual­mente di­mi­nuído o peso da edu­cação fí­sica nos cur­rí­culos es­co­lares. Es­colas bá­sicas e se­cun­dá­rias sem pa­vi­lhões são ainda muitas.

So­mando a isto o corte de in­ves­ti­mentos e verbas no des­porto, agra­vado com o pacto de agressão, e a «ine­xis­tência de um pro­grama e um pro­jecto con­sis­tentes que as­se­gurem o fo­mento da prá­tica des­por­tiva e a sua de­mo­cra­ti­zação, o apoio ao des­porto fe­de­rado e de alta com­pe­tição», tem-se o pa­no­rama tra­çado. Mas tal não im­pede o «des­ca­rado apro­vei­ta­mento po­lí­tico dos re­sul­tados des­por­tivos ob­tidos a nível in­ter­na­ci­onal, vi­sando iludir a si­tu­ação de atraso a que a po­lí­tica de di­reita con­duziu o des­porto na­ci­onal», acusam ainda os co­mu­nistas.

Para o PCP, todos estes ele­mentos devem ser tidos em conta quando se avalia os re­sul­tados da re­pre­sen­tação por­tu­guesa nos Jogos Olím­picos de Lon­dres. «A res­pon­sa­bi­li­zação in­di­vi­dual dos atletas que não con­quistam me­da­lhas e o apro­vei­ta­mento po­lí­tico da­queles que con­se­guem me­lhores re­sul­tados são duas re­a­li­dades igual­mente in­justas que não podem es­conder os pro­blemas de fundo», acres­centam. Exige-se, por­tanto, «noção da re­a­li­dade e res­peito pelos atletas por­tu­gueses».



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