Jerónimo de Sousa no Algarve

A tragédia do «fogo social»

Nas duas ini­ci­a­tivas em que par­ti­cipou no do­mingo, em Monte Gordo e Por­timão, o Se­cre­tário-geral do PCP re­a­firmou que só com a luta é pos­sível li­bertar o País do pacto de agressão.

Para além dos in­cên­dios, os al­gar­vios so­frem com o «fogo so­cial»

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Je­ró­nimo de Sousa al­moçou em Monte Gordo e jantou em Por­timão com cen­tenas de mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do Par­tido – dos pre­sentes muitos se­riam ori­gi­ná­rios ou re­si­dentes no Al­garve, en­quanto que ou­tros ali go­zavam as me­re­cidas fé­rias. Aliás, como su­bli­nhou o di­ri­gente co­mu­nista, um mês que de­veria ser de des­canso e de re­cu­pe­ração de forças, terá de ser um mês – mais um – de luta e de re­sis­tência, porque a ofen­siva, essa, con­tinua.

Di­ri­gindo uma pri­meira pa­lavra de so­li­da­ri­e­dade às po­pu­la­ções dos con­ce­lhos de Ta­vira e São Brás de Al­portel, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou que a di­mensão da ca­tás­trofe (que ar­rasou res­pec­ti­va­mente um terço e um quarto das áreas destes con­ce­lhos) não se deve em pri­meiro lugar a con­di­ções cli­ma­té­rias nem tão pouco a di­fi­cul­dades de co­or­de­nação entre as es­tru­turas de com­bate aos fogos. Ela re­sulta, sim, das «cri­mi­nosas po­lí­ticas de su­ces­sivos go­vernos», de aban­dono do in­te­rior do País e de des­prezo pela ac­ti­vi­dade agrí­cola e flo­restal, de po­lí­ticas que le­varam à de­ser­ti­fi­cação do mundo rural, ao es­va­zi­a­mento de uma parte do ter­ri­tório do País, que nada fi­zeram para fixar as po­pu­la­ções – antes pro­mo­veram a sua ex­pulsão, com a au­sência de po­lí­ticas de apoios às ac­ti­vi­dades eco­nó­micas, no­me­a­da­mente as que têm sido ne­gadas aos pro­pri­e­tá­rios flo­res­tais, e o en­cer­ra­mento de im­por­tantes ser­viços pú­blicos.

Je­ró­nimo de Sousa acusou ainda o Go­verno de vir com as «pro­messas do cos­tume» às ví­timas dos in­cên­dios, que, na prá­tica, as vai deixar com as «vidas ar­rui­nadas e de mãos va­zias». As verbas anun­ci­adas, de 300 mil euros para cada con­celho, são ma­ni­fes­ta­mente in­su­fi­ci­entes, con­si­derou, ga­ran­tindo que os co­mu­nistas se ba­terão em todas as ins­ti­tui­ções em que estão re­pre­sen­tados por apoios dignos às ví­timas dos fogos.

 

Fogo so­cial

 

Mas há outro fogo a fla­gelar todos os dias os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções do Al­garve, sa­li­entou Je­ró­nimo de Sousa: o «fogo so­cial de­li­be­ra­da­mente ateado pelo Go­verno» e por ou­tros, como o PS, que acei­taram as con­di­ções im­postas ao País pelo pacto de agressão. Para o Se­cre­tário-geral do PCP, o de­sem­prego, que tem no Al­garve a sua mais ele­vada taxa, cons­titui uma ver­da­deira po­lí­tica de «terra quei­mada».

De­vido ao roubo no sub­sídio de fé­rias e ao em­po­bre­ci­mento ge­ne­ra­li­zado dos tra­ba­lha­dores e do povo, ve­ri­fica-se este ano uma con­si­de­rável quebra no tu­rismo, que é a prin­cipal ac­ti­vi­dade eco­nó­mica da re­gião. De­pois do Verão, muitas em­presas deste sector, como de ou­tros, po­derão mesmo fe­char as portas, alertou. Já no que res­peita às por­ta­gens na A22, o Se­cre­tário-geral do Par­tido falou num re­tro­cesso de trinta anos no que res­peita às con­sequên­cias para as po­pu­la­ções e para a ac­ti­vi­dade eco­nó­mica.

Re­jei­tando a «es­tra­tégia» da re­dução su­ces­siva de sa­lá­rios, o di­ri­gente do PCP re­alçou que se a eco­nomia não crescer não há so­lução para os pro­blemas do País. E apelou à con­ti­nu­ação e in­ten­si­fi­cação da co­ra­josa luta dos tra­ba­lha­dores contra o có­digo da ex­plo­ração.



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