Irlanda opta pela demolição
O governo irlandês destinou oito milhões de euros para realizar demolições mais urgentes de edifícios não acabados, que colocam problemas de segurança.
Na semana passada, em concertação com o organismo público de gestão de activos NAMA (National Asset Management Agency), as autoridades irlandesas demoliram um bloco de apartamentos, situado a 115 quilómetros de Dublin.
O plano é prosseguir as demolições de urbanizações inteiras, cujos terrenos serão convertidos para a agricultura. Segundo a ministra da Habitação, Jan O’Sullivan, «há casos em que a demolição é a decisão mais sensata que se pode tomar». «Se ninguém quer viver ali, então o mais prático é demolir o que existe».
As urbanizações fantasma são uma marca visível deixada pela bolha imobiliária que rebentou em 2008, afundando o sistema bancário e o conjunto da economia irlandesa.
Só entre 1995 e 2005 foram construídas 553 mil habitações, e há cerca de 1850 urbanizações que não chegaram a ser concluídas, num país cuja população ronda os 4,5 milhões de habitantes.
Quatro anos após a explosão da crise, 294 mil casas continuam desabitadas, o que representa cerca de 15 por cento do parque habitacional. Os preços caíram para metade e nalguns casos mais. Em Dublin, por exemplo, o valor das casas diminuiu 64 por cento em relação aos preços máximos alcançados em 2007.
Parte significativa deste imenso património é gerida pelo NAMA, organismo criado pelo Governo em 2009, para absorver os activos «tóxicos» dos bancos que entraram em falência.
Com a torneira do crédito fechada e o mercado imobiliário paralisado, a solução do governo irlandês é destruir o excesso de oferta, procurando assim conter a queda dos preços e minimizar perdas colossais que foram transferidas para o Estado e estão a ser pagas pelo povo irlandês.