PCP contra federação de estados

Fuga para a frente

Re­a­gindo ao dis­curso de Durão Bar­roso, dia 12, no Par­la­mento Eu­ropeu, o grupo de de­pu­tados do PCP re­pudia a ideia de cri­ação de uma fe­de­ração de es­tados.

Pro­postas de Bar­roso são golpe ins­ti­tu­ci­onal

Em co­mu­ni­cado, os dois de­pu­tados do PCP acusam o pre­si­dente da Co­missão Eu­ro­peia de en­saiar «mais uma fuga para a frente», pe­rante o cres­cente des­cré­dito da UE e das suas ins­ti­tui­ções aos olhos dos tra­ba­lha­dores e dos povos eu­ro­peus.

No­tando que esta pro­posta «não re­solve ne­nhum dos pro­blemas», mas pelo con­trário seria «factor acres­cido para o seu agra­va­mento», o PCP con­si­dera que «a pro­funda crise em que a UE está mer­gu­lhada re­sulta das po­lí­ticas e das ori­en­ta­ções que, desde há anos, têm sido im­postas aos tra­ba­lha­dores e aos povos.»

E «não ha­verá saída para a crise» sem a al­te­ração destas «po­lí­ticas que pro­movem a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, atacam a de­mo­cracia e a so­be­rania, acen­tuam a di­ver­gência e a de­si­gual­dade entre países e im­põem a trans­fe­rência da ri­queza dos tra­ba­lha­dores para o grande ca­pital eco­nó­mico e fi­nan­ceiro».

Do mesmo modo «não ha­verá saída para a crise no quadro da ma­nu­tenção do ac­tual quadro de in­te­gração eu­ro­peia».

De­mons­trando que «as fa­mí­lias po­lí­ticas que há dé­cadas con­trolam o pro­cesso de in­te­gração» não têm so­lução para a crise, as pro­postas de Durão Bar­roso mais não fazem do que in­sistir no apro­fun­da­mento das po­lí­ticas que lhe estão na origem.

«Entre as mu­danças anun­ci­adas», sa­li­enta o co­mu­ni­cado, constam «novos passos na in­te­gração eco­nó­mica e po­lí­tica, a al­te­ração do es­ta­tuto dos par­tidos po­lí­ticos eu­ro­peus, com a al­te­ração do mé­todo de eleição do Par­la­mento Eu­ropeu e do pre­si­dente da Co­missão Eu­ro­peia – estas, se­gundo Bar­roso, dis­pen­sando qual­quer al­te­ração ao Tra­tado.»

Para os co­mu­nistas é «mais um golpe ins­ti­tu­ci­onal que se anuncia, dando nova e re­for­çada ex­pressão ao con­fronto cres­cente desta UE com os mais ele­men­tares prin­cí­pios e va­lores de­mo­crá­ticos».

Por uma banca pú­blica

O PCP con­testa igual­mente a pro­posta de cri­ação da União Ban­cária e a atri­buição da su­per­visão su­pra­na­ci­onal ao Banco Cen­tral Eu­ropeu, lem­brando que «o BCE é a en­ti­dade que, em nome de uma falsa in­de­pen­dência, tem cum­prido o triplo papel de lançar os es­tados nas garras dos es­pe­cu­la­dores fi­nan­ceiros, de re­duzir os custos de re­fi­nan­ci­a­mento do grande ca­pital e de pro­mover a ex­plo­ração do tra­balho, por via da com­pressão dos sa­lá­rios».

Os de­pu­tados do PCP re­cordam ainda os re­sul­tados per­ni­ci­osos da União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária, que «privou os es­tados da Zona Euro da po­lí­tica mo­ne­tária, ao mesmo tempo que lhes li­mitou for­te­mente a po­lí­tica or­ça­mental e fiscal».

Agora, su­bli­nham, «pre­tende-se re­tirar do con­trolo dos es­tados a su­per­visão e re­gu­lação do sector fi­nan­ceiro – sector fun­da­mental para o fi­nan­ci­a­mento das eco­no­mias».

Para o PCP, «o que Por­tugal ne­ces­sita é de uma banca pú­blica que fi­nancie o au­mento da pro­dução na­ci­onal e um pro­grama da rein­dus­tri­a­li­zação.» «Por­tugal, os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês ne­ces­sitam é de uma in­versão com­pleta do rumo, ob­jec­tivos e na­tu­reza do pro­cesso de in­te­gração eu­ro­peia.» 



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