Fectrans mobiliza para o Terreiro do Paço

Alarga-se a rota das lutas

Nos trans­portes e co­mu­ni­ca­ções, a ori­en­tação é alargar o con­junto de lutas em curso. Mais de duas de­zenas de or­ga­ni­za­ções apro­varam rei­vin­di­ca­ções co­muns e con­vo­caram uma quin­zena de ac­ções nas em­presas.

Só a luta dos tra­ba­lha­dores trará a al­ter­na­tiva

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Só o au­mento da Taxa So­cial Única, anun­ciado pelo pri­meiro-mi­nistro, re­pre­senta a re­dução de um mês de sa­lário lí­quido, pro­testou a Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções. Num co­mu­ni­cado em dis­tri­buição desde dia 12, a Fec­trans/​CGTP-IN apre­senta os cál­culos, com exem­plos de sa­lá­rios entre 500 e 1250 euros, au­fe­ridos por tra­ba­lha­dores com um agre­gado fa­mi­liar de dois ti­tu­lares com fi­lhos. Mas as perdas serão ainda mai­ores, quer pelas al­te­ra­ções na ta­bela de taxas do IRS, quer pelos novos cortes apon­tados pelo mi­nistro das Fi­nanças.

A fe­de­ração afirma que, com estas in­ten­ções, o Go­verno «acen­tuou as po­lí­ticas que têm con­du­zido o País à grave crise eco­nó­mica, fi­nan­ceira e so­cial, que tem por base aquilo que foi pre­co­ni­zado nos su­ces­sivos PEC e no me­mo­rando de en­ten­di­mento com a troika, as­si­nado pelos par­tidos da al­ter­nância no poder (PS, PSD e CDS), com o apoio da UGT no acordo de Con­cer­tação So­cial». Uma vez que «só a luta, em uni­dade, dos tra­ba­lha­dores pode impor a cri­ação de al­ter­na­tivas po­lí­ticas, que vão ao en­contro das as­pi­ra­ções de quem tra­balha», a Fec­trans apela a que, no dia 29, haja «uma ex­pressão vi­go­rosa do nosso pro­testo, par­ti­ci­pando em massa na ma­ni­fes­tação na­ci­onal con­vo­cada pela CGTP-IN».

Rei­vin­di­ca­ções
e ac­ções co­muns

Uma pla­ta­forma rei­vin­di­ca­tiva comum foi apro­vada no dia 5, por mais de uma cen­tena de re­pre­sen­tantes de 22 or­ga­ni­za­ções sin­di­cais e co­mis­sões de tra­ba­lha­dores do sector de trans­portes e co­mu­ni­ca­ções. Ou­tras es­tru­turas que não es­ti­veram pre­sentes no ple­nário ma­ni­fes­taram pos­te­ri­or­mente a sua adesão.

À ca­beça das rei­vin­di­ca­ções, ali­nhadas em oito pontos, surge o cres­ci­mento dos sa­lá­rios, por via da ne­go­ci­ação co­lec­tiva nas em­presas e sec­tores, logo se­guido do cum­pri­mento in­te­gral dos acordos de em­presa e con­tratos co­lec­tivos (no­me­a­da­mente, no que toca ao pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar e à or­ga­ni­zação dos ho­rá­rios) e da re­po­sição do roubo dos sa­lá­rios e sub­sí­dios de fé­rias e de Natal. A anu­lação de pro­cessos dis­ci­pli­nares e a ga­rantia de exer­cício do di­reito à greve, o fim das pri­va­ti­za­ções e con­ces­sões (e exi­gência de outra po­lí­tica para o sector) são ou­tras li­nhas rei­vin­di­ca­tivas do do­cu­mento comum.

Com cons­tantes pro­cessos de luta, em res­posta ao forte ataque de que são alvo os tra­ba­lha­dores, tanto nas em­presas pú­blicas como nas pri­vadas, os trans­portes e co­mu­ni­ca­ções vão ter, na úl­tima se­mana de Se­tembro e na pri­meira se­mana de Ou­tubro, um ca­len­dário comum de ac­ções, que estão a ser de­fi­nidas pelos tra­ba­lha­dores face a cada si­tu­ação con­creta.

Nos úl­timos dias ocor­reram im­por­tantes ba­ta­lhas, de­sig­na­da­mente:

- a greve de uma se­mana, ini­ciada no dia 17 e que pa­ra­lisou o sector por­tuário e ma­rí­timo, contra a al­te­ração do re­gime ju­rí­dico la­boral, forte res­posta ao si­mu­lacro de acordo que o Go­verno per­pe­trou com a UGT;

- a greve de dia 17, na Ro­do­viária de Lisboa, em de­fesa da ne­go­ci­ação co­lec­tiva, do au­mento dos sa­lá­rios e do cum­pri­mento do Acordo de Em­presa, com uma adesão su­pe­rior a 80 por cento a um ple­nário frente à sede, onde foi mar­cada nova greve de 24 horas para 4 de Ou­tubro;

- as greves ao tra­balho ex­tra­or­di­nário e em dias de des­canso e fe­ri­ados, na CP, CP Carga, Refer e EMEF; na Carris (con­cluído um mês de greves, no dia 13, a luta vai ser re­to­mada); na Portway; nos CTT e na PT.

No rol de lutas a fe­de­ração ins­creve ainda a Atlantic Fer­ries (ple­nário com pa­ra­li­sação, dia 14) e a Ro­do­viária do Alen­tejo (greve con­vo­cada para ontem).

Para amanhã, a Fec­trans e ou­tras quatro or­ga­ni­za­ções sin­di­cais con­vo­caram um ple­nário de tra­ba­lha­dores do Me­tro­po­li­tano de Lisboa, onde vai ser ana­li­sado o pros­se­gui­mento da luta, com greves mar­cadas para dia 27 e para 4 de Ou­tubro.




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