Trabalhadores firmes contra o crime

TAP deve ser pública

O Go­verno pre­tende de­cidir hoje a pri­va­ti­zação da TAP, tra­tada no se­gredo dos ga­bi­netes e ao ar­repio da lei e da Cons­ti­tuição. Os tra­ba­lha­dores trou­xeram para a rua as suas pre­o­cu­pa­ções e o seu pro­testo le­gí­timo.

O ca­derno de en­cargos foi feito à me­dida do com­prador

LUSA

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Por ini­ci­a­tiva da Co­missão de Tra­ba­lha­dores da TAP, re­a­lizou-se na terça-feira um grande ple­nário, em Lisboa, nas ins­ta­la­ções da trans­por­ta­dora aérea na­ci­onal. De se­guida, os cerca de 800 par­ti­ci­pantes des­fi­laram até à zona das par­tidas do ae­ro­porto.
Ontem, à tarde, os tra­ba­lha­dores sai­riam da TAP até à Pre­si­dência do Con­selho de Mi­nis­tros, para uma vi­gília, que iria manter-se até haver a de­cisão do Go­verno.

Ques­ti­o­nado pelos jor­na­listas, an­te­ontem, no final da reu­nião com a In­ter­venção De­mo­crá­tica que abaixo no­ti­ci­amos, o Se­cre­tário-geral do PCP ad­mitiu que é im­por­tante a cla­ri­fi­cação e a trans­pa­rência de pro­cessos, mas re­a­firmou que a questão de fundo é im­pedir a pri­va­ti­zação da TAP, pelo seu papel es­tra­té­gico, pela sua im­por­tância eco­nó­mica, por ser uma com­pa­nhia de ban­deira, pelo seu pres­tígio in­ter­na­ci­onal. Je­ró­nimo de Sousa con­si­derou que pri­va­tizar a TAP é um erro cru­cial e mesmo um crime.

Com os tra­ba­lha­dores, na ma­ni­fes­tação re­a­li­zada no ae­ro­porto, es­teve João Fer­reira, de­pu­tado co­mu­nista no Par­la­mento Eu­ropeu.

Por uma es­mola

As po­si­ções dos tra­ba­lha­dores e da sua CT têm apon­tado muitos mo­tivos para não pri­va­tizar a TAP. As no­tí­cias mais re­centes le­varam a CT a co­mentar que «cada vez há mais ra­zões para não pri­va­tizar a TAP» – tí­tulo de um co­mu­ni­cado que emitiu no dia 11.
Nesse do­cu­mento, a CT «la­mentou pro­fun­da­mente» que ques­tões desta im­por­tância «con­ti­nuem a ser tra­tadas no se­gredo dos ga­bi­netes, ao ar­repio da lei e da Cons­ti­tuição», pois a CT não re­cebeu qual­quer in­for­mação con­creta sobre a única pro­posta apre­sen­tada de compra da TAP pelo Grupo Sy­nergy.
A partir apenas da in­for­mação pu­bli­cada sobre essa pro­posta, a CT afirma que «é no­tório que o em­pre­sário bo­li­viano-bra­si­leiro-co­lom­biano-po­laco se propõe dar uma es­mola ao Go­verno por­tu­guês, fi­cando em con­tra­par­tida de­tentor da TAP e re­ce­bendo ainda di­vi­dendos do Go­verno re­fe­rentes ao real valor da re­fe­rida em­presa».
«A fa­ci­li­dade com que o Go­verno e o dito em­pre­sário con­tor­naram as leis co­mu­ni­tá­rias que im­pe­diam esta compra de­veria ser, para todos os por­tu­gueses, a prova final de que as di­rec­tivas co­mu­ni­tá­rias servem apenas os in­te­resses do grande ca­pital», pro­testou a CT, no­tando que foi su­fi­ci­ente «uma quarta na­tu­ra­li­zação ma­nhosa e um testa de ferro no Lu­xem­burgo».
A «im­pres­si­o­nante cam­panha de charme do em­pre­sário bo­li­viano-bra­si­leiro-co­lom­biano-po­laco» traz à me­mória «as cam­pa­nhas com que há 10 anos nos apre­sen­tavam o fu­turo da TAP na Swis­sair». Mas, re­corda ainda a CT, a Swis­sair «faliu, ar­ras­tando só a Sa­bena, porque a TAP acabou por não lhe ser ofe­re­cida».
À agência Lusa, du­rante a marcha de an­te­ontem, um membro da CT lem­brou que na Iberia, após a junção com a Bri­tish Airways, «foram logo quatro mil tra­ba­lha­dores para a rua». German Efro­mo­vich, dono da ope­ra­dora aérea Avi­anca e do Grupo Sy­nergy, en­tre­vis­tado pela Lusa, con­tra­riou a ideia de des­pe­di­mentos e falou até na cri­ação de em­prego. Vítor Baeta re­tor­quiu que «o can­di­dato pode dizer o que quiser», já que o ca­derno de en­cargos da pri­va­ti­zação «foi feito à me­dida do se­nhor que se chegou à frente».
A CT con­clui que a pri­va­ti­zação «só será po­si­tiva para quem a re­ceber e para quem re­ceber as ha­bi­tuais co­mis­sões, mas será muito ne­ga­tiva para os tra­ba­lha­dores da TAP, para Por­tugal e para o povo por­tu­guês».

 

E estas ex­por­ta­ções?

A Co­missão de Tra­ba­lha­dores da TAP nota que «o Go­verno tem fin­gido muita pre­o­cu­pação com as ex­por­ta­ções, no­me­a­da­mente quando se trata de jus­ti­ficar a re­pressão da justa luta dos es­ti­va­dores contra a pre­ca­ri­zação das re­la­ções la­bo­rais nos portos». A pro­pó­sito, no co­mu­ni­cado de dia 11, a CT de­clarou o seu es­panto, por este mesmo Go­verno se pre­parar para «ab­dicar do maior ex­por­tador na­ci­onal, por 20 mi­lhões de euros, menos de um por cento das ex­por­ta­ções que a TAP ga­rante num ano».




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