1913

Filipe Diniz

Em 1913 o parlamento da África do Sul proíbe os negros de possuir terras ou de as adquirir a brancos. A taxa de analfabetismo em Portugal é de cerca de 70%. A lei de 3 de Julho de 1913 reduz a capacidade eleitoral em Portugal aos homens adultos letrados, diminuindo assim o eleitorado de um milhão para pouco mais de 600 mil.

Em Dublin, uma grande greve dos transportes em luta contra o despedimento de sindicalistas culmina numa manifestação. É o «domingo sangrento», com a repressão policial provocando um morto e 400 feridos.

Pablo Picasso trabalha a série «Guitarra» (pinturas, colagens, assemblages), conjunto fundamental no cubismo «analítico».

Em 1913 a linha de montagem móvel da Ford Motor Company entra em funcionamento, reduzindo o tempo de montagem de um chassis de 12 h 30’ para 2h e 40’. É a primeira grande instalação de produção em massa de veículos. A IWW (International Workers World) publica uma notável brochura analisando o processo de mecanização da produção no capitalismo como factor de acréscimo exponencial da exploração do trabalho nos EUA, Austrália e Inglaterra.

A «Sagração da Primavera» de Igor Stravinsky é estreada pelos Ballets Russes no Théatre des Champs Elysées. O ambiente é de tumulto.

Kasimir Malevitch pinta «Quadrado negro sobre fundo branco». Walter Gropius desenha a carruagem dos «Wagons-lit». Niels Bohr propõe um modelo para o átomo de hidrogénio.

Só no ano de 1913 travam-se duas guerras nos Balcãs. Rosa Luxemburgo publica «A acumulação do capital». É concluída a construção do Canal do Panamá.

Tem início a Revolução Mexicana. No exército de Emiliano Zapata há mulheres combatentes – as «soldaderas» – numa altura em que, em países mais desenvolvidos, às mulheres é negado qualquer direito cívico. Realiza-se em Portugal o II Congresso dos Operários Agrícolas. O número de associações locais aderentes passa de 67 em 1912 para 127. Lénine publica, entre outros, os importantes artigos «As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo» e «A correspondência entre Marx e Engels».

Em 1913, há 100 anos, nascerá Álvaro Cunhal.



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