2013: dar a conhecer e lutar pela alternativa

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política do PCP)

A reu­nião do Co­mité Cen­tral, re­a­li­zada em De­zembro, de­cidiu entre ou­tras ori­en­ta­ções e ta­refas ime­di­atas, o lan­ça­mento de uma cam­panha na­ci­onal a de­correr até Maio, cen­trada na afir­mação e di­vul­gação da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que o Par­tido apre­senta aos tra­ba­lha­dores e ao povo.

 

Os mi­li­tantes do Par­tido têm um papel des­ta­cado nesta cam­panha

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Trata-se de uma acção de grande im­por­tância po­lí­tica para o Par­tido porque pro­jecta, mantém vivo e leva mais longe o gran­dioso êxito do nosso Con­gresso e de­monstra cla­ra­mente que existe al­ter­na­tiva à po­lí­tica de di­reita, ao pacto de agressão as­si­nado pelas duas troikas. Nesta acção le­va­remos o mais longe pos­sível a afir­mação e a de­mons­tração de que não há saída para os pro­blemas es­tru­tu­rais com que o País se de­fronta sem o au­mento da pro­dução na­ci­onal e cri­ação de ri­queza que, como consta das con­clu­sões da cam­panha «Por­tugal a pro­duzir» (im­por­tante ins­tru­mento de tra­balho a ser usado por todos nós), passa ne­ces­sa­ri­a­mente, entre muitas ou­tras, pelas se­guintes me­didas:

  • «Con­cepção e con­cre­ti­zação de um pro­grama pú­blico de apoio à pro­dução na­ci­onal de pro­dutos im­por­tados, que con­temple entre ou­tras me­didas de de­fesa do mer­cado in­terno, o ac­ci­o­na­mento de cláu­sulas de sal­va­guarda de li­mi­tação das im­por­ta­ções;

  • Re­forço do in­ves­ti­mento pú­blico vol­tado para a in­dús­tria, a agri­cul­tura e as pescas, com a cri­ação e a re­cu­pe­ração de infra-es­tru­turas ne­ces­sá­rias à pro­dução, à rede de trans­portes e lo­gís­tica, e a cri­ação de novas em­presas e áreas de in­ter­venção pú­blicas;

  • As­sunção pelo es­tado de po­si­ções de­ter­mi­nantes em in­dús­trias bá­sicas, como a si­de­rurgia e al­gumas me­ta­lur­gias não fer­rosas (cobre), e em in­dús­trias es­tra­té­gicas, como a naval (grandes e mé­dios es­ta­leiros);

  • Re­a­ni­mação, re­o­ri­en­tação e for­ta­le­ci­mento da EDM – Em­presa de de­sen­vol­vi­mento mi­neiro;

  • Apro­fun­da­mento das li­ga­ções entre o en­sino su­pe­rior e a es­fera pro­du­tiva, em sec­tores como a bi­o­tec­no­logia e in­dús­tria far­ma­cêu­tica, elec­tró­nicas e de equi­pa­mentos para a pro­dução ener­gé­tica, as dos novos ma­te­riais, entre ou­tras;

  • Au­mento dos sa­lá­rios, com uma pro­gressão da média sa­la­rial cla­ra­mente acima da in­flação e do sa­lário mí­nimo na­ci­onal vi­sando os 600 euros em 2013;

  • Cri­ação de uma em­presa pú­blica de trans­porte ma­rí­timo de mer­ca­do­rias, re­lan­ça­mento de uma frota na­ci­onal destes na­vios e di­na­mi­zação de es­colas es­pe­ci­a­li­zadas para a ma­rinha mer­cante;

  • Cri­ação de li­nhas de cré­dito bo­ni­fi­cado a longo prazo de au­xílio ao de­sen­di­vi­da­mento das ex­plo­ra­ções agrí­colas;

  • Re­vi­ta­li­zação dos mer­cados lo­cais para a venda di­recta dos pro­du­tores;

  • Es­ta­be­le­ci­mento de pro­grama de di­na­mi­zação das pescas na­ci­o­nais, com re­dução do preço de fac­tores de pro­dução e me­lhoria das ca­deias de co­mer­ci­a­li­zação;

  • Pro­moção de en­co­mendas e dis­cri­mi­nação po­si­tiva do cré­dito e in­ves­ti­mento pú­blico às MPME;

  • Ade­quação, através da in­ter­venção da Caixa Geral de De­pó­sitos, de uma po­lí­tica de cré­dito e de fi­nan­ci­a­mento às ne­ces­si­dades da pro­dução.»

 

Con­tacto di­recto

 

Esta cam­panha será as­sente no con­tacto di­recto junto dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, de es­cla­re­ci­mento e ba­seada em ses­sões, tri­bunas pú­blicas, co­mí­cios, ou­tras ini­ci­a­tivas. Papel im­por­tante e des­ta­cado está re­ser­vado aos mi­li­tantes do Par­tido que, com a sua acção es­cla­re­cida, de­ter­mi­nada e con­victa junto da­queles que os ro­deiam, com quem tra­ba­lham e con­vivem, cons­ti­tuem um va­lo­roso exér­cito com grande e in­subs­ti­tuível poder de es­cla­re­ci­mento per­su­asão in­fluência e ca­pa­ci­dade trans­for­ma­dora. O que exige de cada um uma ati­tude mais ofen­siva na acção po­lí­tica diária junto da­queles com quem lida.

Esta cam­panha é parte in­te­grante da luta de massas que, pelo es­cla­re­ci­mento que pro­por­ciona, pela con­fi­ança que induz pelas con­tra­di­ções que gera e pela rup­tura que pro­voca é o ins­tru­mento mais po­de­roso mais eficaz e, por isso, o mais im­por­tante, na luta contra o pacto de agressão, a po­lí­tica de di­reita, pelo der­rube do Go­verno e pela con­vo­cação elei­ções que, jun­ta­mente com o re­forço or­gâ­nico, são as prin­ci­pais ta­refas de todo o Par­tido neste ano de 2013, que agora co­meça.

 



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