Carris e RL despedem, Scotturb discrimina

Repressão não trava a luta

Pe­rante a firme luta dos tra­ba­lha­dores, a Carris, a Scot­turb e a Ro­do­viária de Lisboa de­ci­diram con­cre­tizar me­didas re­pres­sivas, mas o tiro está já a sair-lhes pela cu­latra.

Go­verno e pa­tro­nato não to­leram a res­posta ao seu ataque

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Para este sá­bado, à noite, na casa sin­dical de Sintra (Al­gueirão Velho), está con­vo­cado um ple­nário de tra­ba­lha­dores da Scot­turb, onde será ana­li­sado o re­sul­tado de uma reu­nião do pro­cesso ne­go­cial, em fase de con­ci­li­ação, hoje, na Di­recção-Geral do Em­prego e Re­la­ções de Tra­balho. No co­mu­ni­cado que con­voca o pes­soal da trans­por­ta­dora, a Fec­trans/​CGTP-IN voltou a de­nun­ciar a in­ten­si­fi­cação da re­pressão dis­ci­plinar, por parte do ge­rente e seus ho­mens de mão.

Além de afixar car­tazes com de­ter­mi­na­ções e proi­bi­ções ab­surdas, en­quanto re­cusa reunir-se com os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores, o ge­rente da Scot­turb é acu­sado de dis­cri­mi­nação sa­la­rial: em função da qua­li­dade de di­ri­gente sin­dical, de­ter­mina cortes nas re­tri­bui­ções e na atri­buição de ser­viços, pro­cu­rando «que­brar a von­tade» do tra­ba­lhador vi­sado e fazer deste caso um exemplo para todo o pes­soal. «Não nos ver­gará», re­a­firma a fe­de­ração, in­sis­tindo em exigir res­posta às rei­vin­di­ca­ções.

Neste início de ano, a Fec­trans já tinha de­nun­ciado a quebra da ha­bi­tual tra­dição de, pelo Natal, a em­presa ofe­recer uma prenda. Na Scot­turb não houve postal de boas festas, nem festa-con­vívio e circo. A fe­de­ração con­si­derou que se tratou de re­pre­sália, pelo facto de os tra­ba­lha­dores de­fen­derem os seus di­reitos.

O des­pe­di­mento de Luísa Bota, que foi di­ri­gente sin­dical e faz parte da Co­missão de Tra­ba­lha­dores da Carris, me­receu a con­de­nação da Fec­trans, que exigiu a rein­te­gração da tra­ba­lha­dora, e foi le­vada ao Par­la­mento pelo PCP. Anun­ciado na quinta-feira, dia 10, o des­pe­di­mento da­quela mi­li­tante co­mu­nista «cul­mina um longo pro­cesso de per­se­guição», como se re­fere na per­gunta di­ri­gida ao Go­verno, na se­gunda-feira, pelos de­pu­tados Bruno Dias e Mi­guel Tiago. Aí se re­corda que, du­rante mais de seis anos, a em­presa lhe atri­buiu como posto de tra­balho uma se­cre­tária e uma ca­deira, mas ne­nhumas fun­ções.

«Quando se ve­ri­fica que a luta de classes está cada vez mais acesa, o Go­verno sente a ne­ces­si­dade de tentar a in­ti­mi­dação dos di­ri­gentes de quem lhe re­siste», acusam os de­pu­tados, con­si­de­rando tratar-se de «uma in­qua­li­fi­cável prá­tica de des­res­peito pela lei e pela Cons­ti­tuição».

Ontem mesmo, a Fec­trans e o seu sin­di­cato STRUP de­nun­ci­aram outra ma­nobra in­ti­mi­da­tória, na Ro­do­viária de Lisboa, lem­brando que, há um ano, a ad­mi­nis­tração «con­si­de­rava que os seus mé­todos de gestão ti­nham in­ti­mi­dado e di­vi­dido su­fi­ci­en­te­mente os tra­ba­lha­dores, para que estes não re­a­gissem às in­jus­tiças, e anu­lado a sua ca­pa­ci­dade rei­vin­di­ca­tiva». Nessa al­tura, «en­ga­naram-se», «mas, como todo o pa­trão que se preze, ra­pi­da­mente cri­aram novas me­didas in­ti­mi­da­tó­rias».

No co­mu­ni­cado sin­dical, a RL é acu­sada de forjar uma ex­tinção de posto de tra­balho, se­lec­ci­onar quatro tra­ba­lha­dores com cri­té­rios par­ti­cu­lar­mente sub­jec­tivos (dois deles são mem­bros de es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas), e tentar apa­vorar todos os de­mais, tor­nando pú­blico, sem grandes ex­pli­ca­ções, que mais 16 es­tarão na fila para sair.

Além de emitir pa­re­ceres para os seus as­so­ci­ados res­pon­derem à no­ti­fi­cação da ad­mi­nis­tração, o STRUP vai de­sen­volver con­tactos na em­presa, de forma a «cons­truir uma acção de pro­testo em res­posta a este aten­tado».

Firmes
com razão

No sector de trans­portes têm ocor­rido im­por­tantes lutas, em em­presas pú­blicas e pri­vadas, par­ti­cu­lar­mente contra a re­dução do valor do tra­balho su­ple­mentar e a eli­mi­nação de di­reitos ins­critos na con­tra­tação co­lec­tiva.

Nos fe­ri­ados de Natal e Ano Novo foram vi­sí­veis, mais uma vez, as con­sequên­cias das greves, que vol­taram a ocorrer já em 2013. Des­taca-se o Me­tro­po­li­tano de Lisboa, que es­teve em greve na pas­sada terça-feira, como vol­tará a su­ceder nos dias 22 e 29.

Além das greves ao tra­balho que ex­cede o ho­rário normal, os tra­ba­lha­dores das em­presas do Grupo CP re­a­lizam hoje uma ma­ni­fes­tação na­ci­onal em Lisboa (como re­fe­rimos nesta edição).




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