«Não se vende!»
Milhares de pessoas, entre as quais muitos médicos e enfermeiros, voltaram a sair à rua, no domingo, 19, em Madrid, para reafirmarem que «a saúde não se vende, defende-se».
Madrilenos em defesa da saúde pública
A «maré branca», a décima desde o início dos protestos em Novembro e a quinta realizada este ano pelo pessoal da Saúde da Comunidade de Madrid, começou na Praça Neptuno de onde partiu o desfile até à Porta do Sol.
Aí, representantes da Mesa em Defesa da Saúde Pública leram um manifesto em que repudiam os cortes no sistema e, muito em particular, o projecto das autoridades da comunidade autónoma de privatizar a gestão hospitalar.
Este projecto é condenado pela generalidade dos madrilenos, como o demonstrou claramente a consulta informal promovida na semana passada, que reuniu em apenas seis dias um milhão de votos favoráveis à gestão pública do sector.
Esta posição foi salientada por dirigentes das duas maiores centrais sindicais do país, Comisiones Obreras (CCOO) e UGT, que se fizeram representar na manifestação.
Rosa Cuadrado, secretária da Federação da Saúde de Madrid das CCOO, salientou a oposição da central «à mudança do modelo sanitário» e acusou o governo regional de «ignorar a opinião dos seus cidadãos e inclusivamente dos seus eleitores», ao desvalorizar o resultado da consulta e insistir nos planos de privatização.
Por parte da UGT, Mari Carmen Medranda, apelou ao presidente da Comunidade de Madrid, Ignacio González, para que não venda o sistema de saúde da região da capital, desafiando-o a organizar uma consulta oficial para confirmar a opinião dos profissionais e utentes.
Incomodado com o impacto das iniciativas levadas a cabo pelas estruturas que integram a Mesa em Defesa da Saúde Pública, o chefe do governo regional não hesitou em qualificar a consulta como «antidemocrática». Um sinal de que os membros deste governo «estão nervosos», considerou o deputado da Esquerda Unida na Assembleia de Madrid, Rubén Bejarano, que também participou na manifestação.
Os activistas mostram-se dispostos a continuar o combate contra o desmantelamento do sistema de saúde. Se é certo que a privatização incide neste momento sobre seis dos 20 grandes hospitais e sobre 27 dos 270 centros de cuidados primários da região, todos compreendem que a sua concretização põe em causa o sistema tal como existe actualmente.
Porém, os cortes consecutivos decretados pelo governo central terão reflexos a curto prazo ainda mais graves.
Desde que anunciou a reforma na Saúde, na Primavera de 2012, o presidente do governo, Mariano Rajoy, impôs às regiões espanholas o objectivo de cortar sete mil milhões de euros por ano no sector da saúde.