Comemorações em todo o País

Uma obra multifacetada

Pros­segue por todo o País o imenso e di­ver­si­fi­cado pro­grama de co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do nas­ci­mento de Álvaro Cu­nhal, pro­mo­vido por or­ga­ni­za­ções do Par­tido, au­tar­quias, mo­vi­mento sin­dical e as­so­ci­a­tivo e mesmo por es­colas. Pelo que re­velam da di­ver­si­dade e abran­gência do seu pen­sa­mento e da sua acção re­vo­lu­ci­o­nária, des­ta­camos nesta edição três ini­ci­a­tivas re­la­tivas a ou­tros tantos temas.

Em Gui­ma­rães, no co­nhe­cido café Mi­le­nário, teve lugar um co­ló­quio sobre a obra de Álvaro Cu­nhal «A Arte, o Ar­tista e a So­ci­e­dade», que contou com a par­ti­ci­pação de Ma­nuel Gusmão, pro­fessor uni­ver­si­tário e membro do Co­mité Cen­tral, que co­meçou por in­te­grar esta obra numa vasta e mul­ti­fa­ce­tada pro­dução in­te­lec­tual do his­tó­rico di­ri­gente do Par­tido, que se es­tendeu do ro­mance à tra­dução e do en­saio à re­flexão po­lí­tica.

A obra em aná­lise re­vela, se­gundo Ma­nuel Gusmão, um Álvaro Cu­nhal pro­fun­da­mente en­vol­vido e apai­xo­nado pela cri­ação ar­tís­tica, que ul­tra­passa o «co­lete-de-forças» teó­rico que na dé­cada de 50 as cir­cuns­tân­cias his­tó­ricas lhe im­pu­nham, no­me­a­da­mente aquando da po­lé­mica questão da pre­va­lência do «con­teúdo» sobre a «forma» e dos di­fe­rentes en­ten­di­mentos em torno do neo-re­a­lismo por­tu­guês. Álvaro Cu­nhal re­vela igual­mente nesse tra­balho uma grande ca­pa­ci­dade de au­to­crí­tica para além de um pen­sa­mento que foi evo­luindo com a ex­pe­ri­ência e com o tempo, acres­centou Ma­nuel Gusmão.

O au­di­tório da FNAC em Viseu en­cheu-se para de­bater a im­por­tância dada por Álvaro Cu­nhal às mu­lheres e à sua par­ti­ci­pação no Par­tido e na luta. Esta re­le­vância está pa­tente tanto na sua obra teó­rica como na sua pro­dução plás­tica e li­te­rária e não por acaso o co­ló­quio ini­ciou-se com um ex­certo de «Até amanhã, ca­ma­radas», lido por Fi­lo­mena Pires, a que se se­guiu a abor­dagem ao tema feita por José Pessoa e Re­gina Mar­ques.

Para José Pessoa, a mu­lher é pro­ta­go­nista des­ta­cada dos de­se­nhos de Álvaro Cu­nhal, mesmo na­queles em que a per­so­nagem é co­lec­tiva. Ela está sempre pre­sente, lu­tando e tra­ba­lhando ao lado do homem, pois só po­derá eman­cipar-se se houver li­ber­tação para toda a Hu­ma­ni­dade. Re­gina Mar­ques, por seu lado, evocou a in­ter­venção de Álvaro Cu­nhal na Con­fe­rência Na­ci­onal sobre «A Eman­ci­pação da Mu­lher no Por­tugal de Abril», de 1986, marco in­con­tor­nável na luta da mu­lher por­tu­guesa pela sua eman­ci­pação. Foi ainda re­fe­rida a tese de li­cen­ci­a­tura de Álvaro Cu­nhal, sobre o aborto.

Em Vila Real, no au­di­tório da Uni­ver­si­dade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Agos­tinho Lopes e Jorge Hum­berto (ambos do Co­mité Cen­tral do PCP) e Carlos Se­queira par­ti­ci­param numa sessão sobre o con­tri­buto de Álvaro Cu­nhal para o de­sen­vol­vi­mento da agri­cul­tura por­tu­guesa. Na sessão, pro­mo­vida por di­versas as­so­ci­a­ções trans­mon­tanas li­gadas ao mundo rural, falou-se das obras «Con­tri­buição para o Es­tudo da Questão Agrária», «Rumo à Vi­tória» e «O PCP e a luta pela Re­forma Agrária», em que fica clara a sua re­flexão pro­funda sobre as ques­tões do uso e posse da terra em ver­tentes tão di­versas como a du­a­li­dade es­tru­tural da agri­cul­tura por­tu­guesa (la­ti­fúndio a Sul e pe­quena pro­pri­e­dade a Norte), as li­mi­ta­ções im­postas pela pro­pri­e­dade pri­vada da terra e a cons­ta­tação de que o pro­gresso das forças pro­du­tivas, sig­ni­fi­cando mais pro­du­ti­vi­dade e pro­dução, me­lho­rando os ren­di­mentos da terra, não se tra­duzia sempre numa me­lhoria das con­di­ções de vida dos ex­plo­rados, mas so­bre­tudo em mais lu­cros e rendas das ca­madas do­mi­nantes.



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