Homenagem em Baleizão a Catarina Eufémia

Apressar a demissão do Governo

Carlos Lopes Pereira (texto)
António Melão (foto)

O grande de­safio que os co­mu­nistas e os tra­ba­lha­dores têm pela frente é o de apressar com a luta do povo a de­missão do Go­verno. Pa­la­vras de Je­ró­nimo de Sousa, no do­mingo, em Ba­leizão, no co­mício de ho­me­nagem a Ca­ta­rina Eu­fémia, as­sas­si­nada há 59 anos. 

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A jor­nada in­cluiu uma ro­magem à campa da mi­li­tante co­mu­nista, um des­file pela al­deia alen­te­jana e o des­cer­ra­mento de uma placa as­si­na­lando o cen­te­nário do nas­ci­mento de Álvaro Cu­nhal.

O se­cre­tário-geral do PCP re­a­firmou em Ba­leizão que o pacto de agressão e a po­lí­tica do Go­verno do PSD/​CDS con­duzem o País para o abismo. E, pe­rante a es­piral de aus­te­ri­dade e re­cessão eco­nó­mica em que Por­tugal mer­gu­lhou, com con­sequên­cias dra­má­ticas no plano eco­nó­mico e so­cial, «o grande de­safio que temos pela frente» é «in­ter­romper este pro­cesso e ga­rantir uma al­ter­na­tiva».

O ca­minho é, se­gundo Je­ró­nimo de Sousa, «apressar com a luta do povo a de­missão de um go­verno so­ci­al­mente iso­lado e po­li­ti­ca­mente der­ro­tado que pro­cura de­ses­pe­ra­da­mente agarrar-se ao poder». Isto porque há «um go­verno e uma po­lí­tica fora da lei e em con­fronto com a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica que está a impor na prá­tica um ver­da­deiro es­tado de ex­cepção», um go­verno que «há muito pôs em causa o re­gular fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções pe­rante o apoio ac­tivo e cúm­plice do Pre­si­dente da Re­pú­blica».

Apesar da ca­tás­trofe do de­sem­prego e da di­mensão da re­cessão eco­nó­mica, o Go­verno tem em curso uma «nova e brutal ofen­siva contra os tra­ba­lha­dores e o povo», um «pro­grama de ter­ro­rismo so­cial à sombra de uma su­posta re­forma do Es­tado». Este plano de­fi­nido com o FMI sig­ni­fica, para além das ma­no­bras e en­ce­na­ções, «um novo corte nos ren­di­mentos dos re­for­mados, um novo as­salto aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, um passo mais na li­qui­dação de di­reitos, novos e ar­ra­sa­dores cortes na saúde, na pro­tecção so­cial e na edu­cação, um ataque aos mi­li­tares e forças de se­gu­rança».

A me­lhor ho­me­nagem

No co­mício, o di­ri­gente do PCP evocou os dias de Maio de 1954, de «luta acesa do he­róico povo de Ba­leizão em greve por me­lhores sa­lá­rios e contra a opressão e a ex­plo­ração de que era ví­tima», bem como os acon­te­ci­mentos do dia 19, em que Ca­ta­rina, «en­fren­tando co­ra­jo­sa­mente a força bruta fas­cista, tombou às suas balas as­sas­sinas e regou a terra com o seu sangue mártir».

As ra­zões da ho­me­nagem: «Es­tamos aqui porque hon­ramos e não es­que­cemos os nossos lu­ta­dores, os nossos he­róis e os nossos már­tires. Porque nu­trimos um pro­fundo res­peito e ad­mi­ração pelos que, à luta por uma so­ci­e­dade li­berta de todas as formas de opressão e ex­plo­ração, de­di­caram as suas vidas. Res­peito e ad­mi­ração pelos seus exem­plos que nos dão ânimo, força e co­ragem para pros­se­guirmos essa luta, sempre em de­fesa dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País».

Je­ró­nimo falou também de Álvaro Cu­nhal, «re­fe­rência in­con­tor­nável do nosso Par­tido, da luta do nosso povo pela li­ber­dade e a de­mo­cracia», «esse re­vo­lu­ci­o­nário de uma vida in­teira de­di­cada à luta da eman­ci­pação dos tra­ba­lha­dores e dos povos, ao so­ci­a­lismo e ao pro­jecto co­mu­nista». Contou que, em Maio de 1974, o líder co­mu­nista não he­sitou em par­ti­cipar da pri­meira ho­me­nagem em li­ber­dade a Ca­ta­rina, em Ba­leizão, apesar «do mar re­volto de um pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário que aca­bava de dar os pri­meiros passos, no meio de tantas ta­refas a exi­girem res­posta ime­diata e tanta atenção».

No final da in­ter­venção e vi­rado para o fu­turo, Je­ró­nimo de Sousa ga­rantiu que «com a cons­ci­ência de que a me­lhor ho­me­nagem que po­demos prestar a Ca­ta­rina Eu­fémia é a de con­ti­nu­armos o com­bate pelos ob­jec­tivos pelos quais ela deu a sua vida, aqui re­a­fir­mamos que não de­sis­ti­remos da luta e do papel que nos cabe na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País».


Álvaro Cu­nhal
na terra de Ca­ta­rina

A ho­me­nagem que o PCP presta todos os anos a Ca­ta­rina em Ba­leizão teve neste Maio um in­te­resse re­no­vado. Houve a ha­bi­tual ro­magem à campa da cam­po­nesa as­sas­si­nada a tiro pelos es­birros do fas­cismo. Fez-se o des­file até ao largo cen­tral bap­ti­zado com o nome da he­roína ba­lei­zo­eira. E re­a­lizou-se o co­mício, aberto pelo grupo coral fe­mi­nino «Terras de Ca­ta­rina» in­ter­pre­tando modas sobre «tanta terra aban­do­nada» no Alen­tejo tão grande...

A meio do des­file, no Parque Álvaro Cu­nhal, teve lugar a ce­ri­mónia de des­cer­ra­mento da placa as­si­na­lando o 100.º ani­ver­sário do nas­ci­mento do di­ri­gente co­mu­nista. Ac­tuou o Grupo Coral de Ba­leizão. Usou da pa­lavra Sil­vestre Troncão, pre­si­dente da Junta de Fre­guesia de Ba­leizão, lem­brando essa «fi­gura ímpar da nossa His­tória» e as­se­gu­rando que, apesar dos tempos di­fí­ceis que vi­vemos hoje, «nin­guém fe­chará as portas que Abril abriu». E dis­cursou Je­ró­nimo de Sousa, ci­tando pa­la­vras de Álvaro Cu­nhal sobre Ca­ta­rina Eu­fémia, em 1974: «Ca­ta­rina tornou-se uma len­dária he­roína po­pular, or­gulho do glo­rioso pro­le­ta­riado rural alen­te­jano, or­gulho de todos os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses, or­gulho do Par­tido. O sa­cri­fício de Ca­ta­rina não foi em vão. (…) Che­gará o dia em que no Alen­tejo não mais ha­verá se­nhores e es­cravos».



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