CGTP-IN destaca participação e resultados

Excepcional greve geral

O Governo está mais fragilizado e os trabalhadores estão mais fortes

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No dia 27 de Junho os trabalhadores portugueses realizaram «uma greve geral excepcional», sublinhou Arménio Carlos, ao intervir no final da manifestação, em Lisboa.

O Secretário-geral da CGTP-IN, retomando o que já avançara na primeira conferência de imprensa e em várias declarações públicas, durante a greve, fundamentou o adjectivo «pela adesão, pela mobilização e pelo compromisso assumido em muitos locais de trabalho».

Frente ao Parlamento, começou por saudar os trabalhadores que, mesmo em condições adversas, nomeadamente do ponto de vista económico, aderiram à greve geral e fizeram dela «uma das mais belas jornadas de luta desde o 25 de Abril».

A greve geral «não foi só para protestar, foi também para exigir respostas às reivindicações e às propostas da CGTP-IN». «Hoje ninguém pode dizer que não há alternativas, que não há soluções, que não há propostas para novos rumos», sublinhou Arménio Carlos, lembrando que a central tem defendido, demonstrando ser possível, a renegociação da dívida, o prolongamento do período para redução do défice, a alteração dos estatutos do Banco Central Europeu, o aumento da produção, a criação de emprego, uma mais justa distribuição do rendimento, a defesa das funções sociais do Estado, o fim das privatizações e o desenvolvimento do sector empresarial do Estado.

A propósito da ideia, «expressa por alguns trabalhadores e amplificada por vários comentadores», de que não valeria a pena fazer greve, Arménio Carlos contrapôs que, dias antes, com o resultado alcançado pela luta dos professores, ficou bem demonstrado o contrário. Recordou também a tentativa do Governo de aumentar o horário de trabalho, em meia hora por dia, à qual o povo respondeu com grandes manifestações e a participação na greve geral de 24 de Novembro de 2011, derrotando aquele objectivo. Recordou ainda o aumento da taxa social única dos trabalhadores e a sua redução para os patrões, que Passos Coelho anunciou a 7 de Setembro de 2012, e que viria a ser derrotado pela mobilização popular.

Mais fortes
para lutar
 

Esta greve geral «já está a resolver alguma coisa», porque «a partir de hoje, nada pode ficar como antes», «este Governo vai ficar ainda mais fraco e mais fragilizado e nós, trabalhadores, vamos ficar mais fortes, mais unidos, mais coesos para continuar a luta e para ganhar as batalhas duras que se avizinham».

 

O Governo está a tentar aproveitar o período de férias para lançar novos ataques, alertou, citando, sob apupos, o relatório que Paulo Portas prepara, sobre a «reforma do Estado», «para justificar mais uma vez que tem de haver mais despedimentos, aumento do horário de trabalho, novas reduções nas pensões de reforma, que tem de haver novamente o congelamento dos salários».

Aos dirigentes das associações patronais, que se mostram preocupados, Arménio Carlos exigiu que não esperem mais para cumprirem a contratação colectiva, negociar e aumentar os salários, desde logo o salário mínimo nacional, e que passem aos quadros de efectivos milhares de jovens que hoje estão em funções permanentes com vínculos precários.

Passos Coelho, que veio dizer que o País precisa mais de trabalho do que de greves, tem sido «o maior exterminador de emprego em Portugal», acusou Arménio Carlos.

Para aprofundar a informação e a análise desta greve geral e para definir as linhas de intervenção a breve prazo, a CGTP-IN decidiu reunir os seus órgãos dirigentes, culminando no Plenário Nacional de Sindicatos, convocado para hoje.


Em força nos transportes
e na Administração Pública

Logo na primeira informação da CGTP-IN, pouco depois das 21 horas de 26 de Junho, foram evidenciados níveis de adesão de cem por cento e paralisações totais da laboração, nas câmaras municipais de Évora, Alandroal, Barcelos e Funchal, no Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (Intervenção Especial, em Chelas), nos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo e nos Transportes Urbanos de Braga. Também já estava parada a frota de pesca do Algarve.

As informações foram depois dadas de viva voz, por Arménio Carlos, à medida que visitava, com outros dirigentes, os piquetes de greve no RSB, no Porto de Lisboa, nos Resíduos Sólidos da CM Lisboa (Olivais), na estação da CP no Rossio, no Metropolitano, na Valorsul e na Centralcer, durante a noite e madrugada, e na Margem Sul (Autoeuropa e Lisnave), ao início da manhã. Em conferência de imprensa, o primeiro balanço foi apresentado na sede da Intersindical, cerca das 13 horas, e de novo às 20 horas. As indicações foram sendo completadas e detalhadas com os balanços dos sindicatos, federações e uniões.

Nas primeiras horas do dia 27, a Fectrans assinalou paralisação total na travessia fluvial do Tejo, nos portos de Lisboa, Aveiro, Setúbal e Figueira da Foz, no Metropolitano de Lisboa, em toda a circulação ferroviária, nos Correios, na manutenção da TAP e na SPdH. De manhã, o STAL divulgou uma listagem de resultados da greve, com referência às três horas, denunciando atentados ao direito à greve em Oeiras, Braga e Famalicão.

A Inter realçou, numa nota específica, o elevado impacto da greve no sector da Saúde e, em especial, do pessoal de enfermagem, indicando uma lista de hospitais, de todo o País, que apenas prestavam serviços mínimos (casos de urgência).

A federação da Função Pública acrescentou à Saúde os sectores da Justiça, Finanças, Segurança Social e Educação, dando ainda nota de uma resposta expressiva dos trabalhadores de outras áreas.

Pouco depois das 17 horas, a Fectrans registava a consolidação dos elevados índices de adesão, indicando 80 voos cancelados nos aeroportos nacionais e prevendo que a normalização da distribuição de malas acumuladas na Portela demorasse uma semana.

O CESP divulgou notas de imprensa, na madrugada e de manhã, com informações sobre casos relevantes da adesão no comércio, escritórios e serviços. Tal como várias outras organizações sindicais, remetia mais informações para o sítio do sindicato na Internet e a respectiva página na rede social Facebook. Foi também online que, nas páginas do PCP e da CGTP-IN, foram sendo divulgados depoimentos, informações e imagens da luta.

 

Grande greve na indústria

A greve geral teve um grande impacto nos sectores da indústria, energia e ambiente, abrangidos pelos sindicatos da Fiequimetal/CGTP-IN. A federação, reportando-se a um balanço feito às 12 horas, destacou a paralisação da produção, a cem por cento, em empresas de grande dimensão e valor estratégico, designadamente: a Valorsul, a Amarsul (Setúbal e Palmela), a Imprensa Nacional - Casa da Moeda, a Frauenthal (Impormol), a Lisnave, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a Browning Viana, a Mitsubishi, a Visteon, a Exide (Tudor), a Autoeuropa (e as 18 fornecedoras, instaladas no parque, onde a a produção parou acima de 80 por cento, com alguns casos de adesão a cem por cento). Realça-se ainda a interrupção do serviço da agência Lusa e os 82 por cento de adesão na Central da EDP em Sines, bem como os vários Centros de Despacho da EDP, com níveis de cem por cento. No Call Center da EDP, em Odivelas (Tempo Team), fizeram greve 70 por cento dos trabalhadores.

Da amostragem mais ampla, a nível nacional, a informação obtida dos sindicatos e dos piquetes de greve permitiu ainda verificar que a produção parou, ou foi fortemente afectada, em empresas como a Jado Ibéria, a Inapal (Matosinhos), a Groz-Beckert, a FEHST, a Herdmar, a CAMO, a Bosch (Braga), a Amtrol-Alfa, a Sakthi, a PREH, a Motometer, a Flexipol, a Renault (Cacia), a Prado Cartolinas, a Mahle, a Dyrup, a EPAL, a Frasam, a João de Deus (sede e Setúbal), a Key Plastics, a Portalex, a Printer, a Robert Bosch Travões, a Saica Pack, a Kemet, a OTIS, a Vitrohm, a Parmalat, a Multiauto (Beja e Setúbal), os trabalhadores dos empreiteiros na Petrogal de Sines, a Delphi (Setúbal), a Nova Fundimo, a Alstom, a Carmix, a Silcom, a Gestamp (Vendas Novas), a Evoracar, a Metalonicho, a GE Power Controls.

Muitas destas informações haviam já surgido numa primeira informação da CGTP-IN, ao início da manhã, numa nota em que se dava conta de níveis muito elevados de adesão à greve geral nos primeiros turnos de laboração contínua em empresas do sector privado, as quais, em regra, tinham a produção completamente parada. Para além das acima referidas, a central registava ainda a Saint Gobain Sekurit Portugal, a Euroresinas, a Centralcer, a Unitrato, a STEF, a Renoldy, a CT Cobert Telhas, a Cerdomus, a Auto-Estradas Litoral Norte, a Impormol e a Tanquipor.

 



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