Ganha o capital, perde o País
O PCP não está surpreendido com a fusão da PT com a OI. Num comunicado do seu Gabinete de Imprensa, emitido no dia 2, o Partido considera esta operação a «conclusão, lógica do ponto de vista do capital privado, do processo iniciado com a privatização da PT, a que se seguiu a cedência nas “golden share”, e a liberalização do mercado de telecomunicações, que passou pela venda da sua posição na VIVO à Telefónica, e posterior entrada na OI (ou vice-versa)». Com estes negócios e negociatas, os capitalistas e sectores financeiros portugueses e estrangeiros obtiveram e vão continuar a obter «grossas maquias», garante o PCP, que lembra o destino que tiveram os 7,5 mil milhões de euros resultantes da venda da VIVO – cujas mais-valias foram transferidas, de imediato para a Holanda de modo a não serem tributadas em Portugal.
Este novo negócio constituirá certamente uma «boa notícia para os seus accionistas privados, entre os quais o BES e o Grupo Visabeira», assegura o PCP, contrapondo a penalização que representa para o País: «uma empresa estratégica, num sector estratégico (em várias dimensões), construída pelo trabalho dos portugueses e capitais públicos, passará a ter o seu comando estratégico (centro de decisões) fora do País (mesmo sendo uma maioria de capital multinacional que já predomina no capital social). A perda de influência estratégica far-se-á sentir, inaceitavelmente, em matéria de investimento e investigação/centro de competências, numa área tão nuclear como são as telecomunicações.» Esta é a segunda grande empresa nacional «devorada» por capitais brasileiros, a seguir à Cimpor, lembra o PCP.
No comunicado, o Partido garante que tudo fará para frustrar este negócio e lembra ainda que a Caixa Geral de Depósitos tem ainda uma forte posição na PT (6,31 por cento).