RTP condiciona opinião de portugueses

Frete à política de desastre nacional

Face o anúncio, por parte da RTP, de que a estação pública de televisão iria realizar entrevistas com o primeiro-ministro e com o secretário-geral do PS, excluindo todas as outras forças políticas, o PCP decidiu apresentar um protesto à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e realizar «acções de protesto», reclamando tratamento igual aos dos representantes dos principais partidos da política de direita.

Para ontem, quarta-feira, estava prevista uma concentração, promovida pelo Partido, junto aos estúdios da Valentim de Carvalho, enquanto o jornalista Carlos Daniel dirigia o programa «O País Pergunta», no qual Passos Coelho era confrontado com perguntas elaboradas por 20 cidadãos seleccionados por empresas de estudos de mercado.

«Refugiando-se nos chamados critérios editoriais, a RTP não só viola grosseiramente as obrigações de isenção e pluralismo a que qualquer órgão de comunicação social, nos termos da Constituição da República, está vinculado, mas também as que decorrem do serviço público de televisão a que o povo português tem direito», refere o PCP em nota do seu Gabinete de Imprensa, divulgada dia 7, onde sublinha que se «percebe agora melhor a campanha desenvolvida durante o período eleitoral face à posição da Comissão Nacional de Eleições, que impediu a realização de uma entrevista semelhante em claro confronto com a Lei».

«Uma campanha – acrescenta-se – que teve o seu momento mais grave com as declarações do Presidente da República, que apontou para a necessidade de alterar a Lei Eleitoral, no sentido de permitir o livre arbítrio e a ausência de qualquer escrutínio democrático sobre o papel dos órgãos de comunicação social em período eleitoral».

Ataque à democracia

Para o PCP não cabe à RTP decidir «quem governa» ou quem «está na primeira linha da sucessão da governação», como grosseiramente definiu o director de informação da estação pública de televisão.

«Num momento em que cresce o isolamento e a exigência de demissão do Governo PSD/CDS, em que se reduz a base social de apoio aos partidos que suportam a intervenção da troika e que são responsáveis pela destruição de direitos e pela degradação das condições de vida da população, em que se alarga a consciência de que é necessário uma ruptura com a política de direita, de que é preciso uma outra política patriótica e de esquerda, estas tentativas de condicionar a opinião de milhões de portugueses constituiem um frete aos interesses dos grupos económicos e financeiros, e um ataque à vida democrática do País», salienta o Partido.




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