Britânicos contra subida da energia

O anúncio, na se­mana pas­sada, de fortes au­mentos do preço da elec­tri­ci­dade e do gás no Reino Unido sus­citou viva con­tes­tação da parte da opo­sição tra­ba­lhista e de mo­vi­mentos de con­su­mi­dores, que têm vindo a re­clamar o con­ge­la­mento das ta­rifas.

No par­la­mento, o líder tra­ba­lhista Ed Mi­li­band acusou o pri­meiro-mi­nistro con­ser­vador, David Ca­meron, de fa­vo­recer os seis gi­gantes ener­gé­ticos contra o in­te­resse dos con­su­mi­dores, per­mi­tindo-lhes que subam os preços muito acima da in­flação.

A Bri­tish Gas, por exemplo, quer aplicar au­mentos de 8,4 por cento no gás e de 10,4 por cento na elec­tri­ci­dade, ou seja, três a quatro vezes o nível da in­flação.

Uma son­dagem re­a­li­zada início de Se­tembro re­velou que 75 por cento dos in­qui­ridos con­si­deram ex­ces­sivos os preços da energia, e que, para 68 por cento, a so­lução passa pela re­na­ci­o­na­li­zação das em­presas.

Na ver­dade, as pri­va­ti­za­ções re­a­li­zadas nos anos 80, sob os go­vernos de Mar­garet That­cher, não se tra­du­ziram em me­lho­rias do ser­viço nem na re­dução de preços, como pro­me­tiam os adeptos do mer­cado.

Pelo con­trário, a che­gada dos pri­vados veio criar um novo tipo de po­breza no país: a po­breza ener­gé­tica (fuel po­verty), que já afecta quase 20 por cento das fa­mí­lias sem meios para aque­cerem as ha­bi­ta­ções du­rante o ri­go­roso In­verno bri­tâ­nico.

Se­gundo o re­gu­lador do sector, as com­pa­nhias pri­vadas au­men­taram os preços em 24 por cento nos úl­timos quatro anos. Deste modo, as suas mar­gens de lucro pas­saram de 3,2 por cento em 2011 para sete por cento ac­tu­al­mente, o que re­pre­senta um acrés­cimo na fac­tura de 95 li­bras (cerca de 112 euros) por cli­ente.

Com o In­verno a bater à porta, um novo agra­va­mento de preços, num país onde os sa­lá­rios em geral estão con­ge­lados, sig­ni­fi­cará que mi­lhões de pes­soas terão de optar entre aquecer menos as suas casas ou com­prar menos co­mida.

É neste quadro que no de­bate po­lí­tico co­meçam ser for­mu­ladas pro­postas até há pouco ini­ma­gi­ná­veis, tal o con­senso que unia os prin­ci­pais par­tidos sobre os ale­gados be­ne­fí­cios do mer­cado con­cor­ren­cial.

Hoje, é o pró­prio líder dos tra­ba­lhistas que se atreve a propor o con­ge­la­mento dos ta­ri­fá­rios da energia. A ideia da na­ci­o­na­li­zação também já não é des­car­tada. A porta-voz do par­tido para a área dos trans­portes afirmou re­cen­te­mente que se os tra­ba­lhistas ga­nharem as elei­ções em 2015, irão equa­ci­onar a re­na­ci­o­na­li­zação do trans­porte fer­ro­viário.

Numa eco­nomia em crise, o fun­ci­o­na­mento «livre» do mer­cado pa­rece in­capaz de dar res­posta aos mi­lhões de bri­tâ­nicos que vêem o seu poder de compra di­mi­nuir de dia para dia.

Neste novo con­texto, o re­gu­lador do sector da água, Ofwat (The Water Ser­vices Re­gu­la­tion Autho­rity) anun­ciou na pas­sada se­mana a in­tenção de blo­quear o au­mento de oito por cento pre­ten­dido pela Thames Water, que abas­tece 14 mi­lhões de do­mi­cí­lios.




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