Acesso à carreira docente

A prova da humilhação

A mai­oria chumbou a ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva do PCP que pedia o fim da prova de acesso à car­reira dos pro­fes­sores. Igual des­tino ti­veram idên­ticos pe­didos de ces­sação de vi­gência apre­sen­tados pelos res­tantes par­tidos da opo­sição, na sequência da apre­ci­ação par­la­mentar sus­ci­tada pela ban­cada co­mu­nista e em de­bate faz hoje oito dias.

Com mi­lhares de pro­fes­sores a essa hora em pro­testo contra o di­ploma em frente à AR (ver pág. 7), no he­mi­ciclo a de­pu­tada co­mu­nista Rita Rato ex­pli­cava as ra­zões do firme apoio da sua ban­cada à luta dos do­centes, su­bli­nhando que a prova «é uma aber­ração», «ina­cei­tável», que de «exi­gência e rigor não tem nada».

«Esta prova é a hu­mi­lhação e des­va­lo­ri­zação de mi­lhares de mu­lheres e ho­mens que têm an­dado com a casa e a vida às costas para fa­zerem aquilo que mais gostam, en­sinar», sa­li­entou a de­pu­tada do PCP.

Num de­bate a que faltou o mi­nistro Nuno Crato, o se­cre­tário de Es­tado do En­sino Bá­sico e Se­cun­dário João Grancho afirmou que a prova se en­quadra no con­junto de me­didas que o Go­verno tem vindo a adoptar para «va­lo­ri­zação da car­reira do­cente».

E con­gra­tulou-se, em linha com o que ha­viam dito os de­pu­tados da mai­oria, com o acordo a que o Go­verno che­gara com a UGT para impor a prova aos pro­fes­sores com menos de cinco anos de car­reira.

Rita Rato teve de lhe lem­brar que muito antes de a nove dias úteis da re­a­li­zação da prova o Go­verno chamar para uma «con­versa» a es­tru­tura sin­dical que se prestou a ser cúm­plice deste «pro­cesso ver­go­nhoso», mais exac­ta­mente em Agosto, o mesmo Exe­cu­tivo de Passos e Portas não quis ne­go­ciar.

A par­la­mentar do PCP sus­tentou ainda que a prova cons­titui um «des­res­peito por todo o ciclo de for­mação su­pe­rior ini­cial», bem como pela «pro­fis­si­o­na­li­zação e a ex­pe­ri­ência de tra­balho con­creta nas es­colas».

Re­al­çado foi ainda o facto de esta mons­tru­o­si­dade ter sido uma cri­ação do an­te­rior go­verno PS, pela mão de Maria Lurdes Ro­dri­gues, que a impôs em pre­juízo da pro­fissão de do­cente. Por isso Rita Rato afirmou não es­quecer ser aquela a «mãe» da prova, ga­ran­tindo que a sua ban­cada não ca­lará a de­núncia de que o «pai» que a quer aplicar é Nuno Crato, de­pois de este já ter ati­rado para o de­sem­prego mais de 30 mil pro­fes­sores.

No final do de­bate, em forma de pro­testo, de­zenas de pro­fes­sores pre­sentes nas ga­le­rias le­van­taram-se e per­ma­ne­ceram de pé, al­guns exi­bindo fo­lhas onde se lia «juntos contra a prova».

 



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