PIB e consumo efectivo por habitante na UE

Da estagnação ao declínio

Salvo raras ex­cep­ções, o PIB e o con­sumo efec­tivo por ha­bi­tante na União Eu­ro­peia es­tag­naram entre 2010 e 2012, tendo re­cuado no­to­ri­a­mente em vá­rios países.

Poder de compra cai mais nos países do Sul

Image 14727

O Lu­xem­burgo con­tinua a li­derar des­ta­cado a lista do Pro­duto In­terno Bruto por ha­bi­tante cal­cu­lado em uni­dades de poder de compra. Mas até neste pe­queno país, de apenas 550 mil ha­bi­tantes, co­nhe­cido como centro fi­nan­ceiro e porto de abrigo das sedes fis­cais de mul­ti­na­ci­o­nais, a ri­queza por ha­bi­tante es­tagnou em com­pa­ração com 2010, apesar de se manter 163 por cento acima da média eu­ro­peia (100%).

To­davia se re­cu­armos até 2008, ano em que as con­sequên­cias da crise do ca­pi­ta­lismo co­me­çaram a ga­nhar maior evi­dência, ve­ri­fi­camos que este ín­dice se ele­vava então no Lu­xem­burgo a 279, ou seja, es­tava 179 por cento acima da média da UE, valor bas­tante su­pe­rior ao ac­tual.

Porém, ao con­sul­tarmos o ín­dice de con­sumo in­di­vi­dual efec­tivo por ha­bi­tante, in­di­cador que, se­gundo o co­mu­ni­cado do Eu­rostat de dia 12, des­creve me­lhor o bem-estar ma­te­rial das fa­mí­lias, cons­ta­tamos que também no Lu­xem­burgo a po­pu­lação teve de apertar o cinto nos úl­timos anos.

Assim, de um ín­dice de 140 em 2010 (em re­lação à média eu­ro­peia), caiu para 138 em 2012, to­davia, esta queda é bem mais acen­tuada se com­pa­rada com os 151 pontos re­gis­tados em 2008.

De resto esta ten­dência pode ser ob­ser­vada em pra­ti­ca­mente todos os países, in­cluindo aqueles que são ge­ral­mente apre­sen­tados como tendo es­ca­pado imunes à crise.

Entre os países mais ricos, se­guem-se a Áus­tria (130), a Ir­landa (129), a Ho­landa (128), a Suécia e a Di­na­marca (ambos com 126), a Ale­manha (123) e fi­nal­mente a Bél­gica (120).

Esta ordem al­tera-se sig­ni­fi­ca­ti­va­mente se to­marmos o in­di­cador do con­sumo efec­tivo por ha­bi­tante. A Ale­manha passa a li­derar com 123, se­guindo-se a Áus­tria (120), a Suécia (117), a Di­na­marca (114), a Bél­gica (113), a Ho­landa, (111) e por fim a Ir­landa (98).

No caso da Ir­landa é de sa­li­entar que en­quanto o PIB por ha­bi­tante se man­teve es­tável nos 129 pontos, o con­sumo de­clinou de 102 pontos em 2010 para 98 em 2012, o que de­nota um agra­va­mento das de­si­gual­dades na dis­tri­buição da ri­queza.

Da­queles sete países mais prós­peros, apenas três re­gis­taram uma evo­lução po­si­tiva nos dois in­di­ca­dores entre 2010 e 2012. Os res­tantes es­tag­naram ou re­cu­aram li­gei­ra­mente.

A Ale­manha teve a maior su­bida, com o PIB por ha­bi­tante a passar de 120 para 123 e o con­sumo efec­tivo de 119 para 123, se­guida pela Áus­tria (de 127 para 130 e de 118 para 120, res­pec­ti­va­mente) e pela Suécia (de 124 para 126 e de 115 para 117, res­pec­ti­va­mente).

Em com­pa­ração com 2008, a evo­lução po­si­tiva é mais no­tória. Por exemplo, a Ale­manha passa de um PIB de 116 para os ac­tuais 123. Con­tudo, os dados do Eu­rostat não con­ta­bi­lizam o efeito da con­tracção das eco­no­mias de vá­rios países na média eu­ro­peia a partir de 2008. Por ou­tras pa­la­vras, vá­rios países «en­ri­que­ceram» ar­ti­fi­ci­al­mente apenas porque ou­tros em­po­bre­ceram re­al­mente.

O quadro negro dos países do Sul

A Grécia, Es­panha, Por­tugal, Chipre e até a Itália são por­ven­tura os países mais atin­gidos pelo re­tro­cesso eco­nó­mico e em­po­bre­ci­mento das res­pec­tivas po­pu­la­ções.

A eco­nomia grega caiu de 88 pontos em 2010 para os ac­tuais 75 pontos em re­lação à média eu­ro­peia. O con­sumo também se afundou de 84 pontos para os ac­tuais 77. Em 2008, estes va­lores eram, res­pec­ti­va­mente, de 92 e 104.

Em Es­panha, o PIB por ha­bi­tante passou de 99 por cento da média eu­ro­peia em 2010 para 96 por cento em 2012. O con­sumo efec­tivo por ha­bi­tante também de­caiu no mesmo pe­ríodo de 94 para 92 por cento. Re­corde-se que em 2008 o PIB de Es­panha tinha su­pe­rado a média eu­ro­peia (104), assim como o con­sumo por ha­bi­tante (103).

Em Por­tugal, o PIB por ha­bi­tante (cal­cu­lado em uni­dades de poder de compra) passou de 80 para 76, entre 2010 e 2012, ar­ras­tando também uma quebra no con­sumo de 84 para 77 pontos. Su­blinhe-se que ambos os in­di­ca­dores estão abaixo dos ní­veis re­gis­tados em 2008, quando o PIB por ha­bi­tante re­pre­sen­tava 78 por cento da média eu­ro­peia e o con­sumo efec­tivo por ha­bi­tante atingia 83 por cento.

A mesma ten­dência de de­clínio se ob­serva no Chipre, onde o PIB por ha­bi­tante caiu de 99 por cento da média eu­ro­peia em 2008 para os ac­tuais 92 por cento. O con­sumo, que em 2008 es­tava oito pontos acima da média da UE, situa-se agora três pontos abaixo da­quela re­fe­rência (97).

Por úl­timo, a crise do ca­pi­ta­lismo abalou for­te­mente a quarta eco­nomia eu­ro­peia. Com efeito, o PIB por ha­bi­tante da Itália, que se en­contra pra­ti­ca­mente es­tag­nado desde 2008, so­freu uma quebra de dois pontos entre 2010 e 2012, re­pre­sen­tando agora 101 por cento da média eu­ro­peia. O con­sumo se­guiu a mesma tra­jec­tória, caindo de 105 para 100 pontos.




Mais artigos de: Europa

Segurança alimentar

Os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu apre­sen­taram, dia 11, uma pro­posta de re­jeição da cha­mada «lei das se­mentes» que ameaça as va­ri­e­dades tra­di­ci­o­nais.

«Grandes» coligações dominam

Os militantes do Partido Social-Democrata alemão (SPD) aprovaram em referendo interno o projecto de governo de coligação com os conservadores, abrindo caminho à reeleição de Angela Merkel para um terceiro mandato como chanceler da Alemanha. A direcção do SPD...

Contra a privatização

Os trabalhadores dos caminhos-de-ferro franceses realizaram, entre o final da tarde de dia 12 e a manhã seguinte, uma greve parcial contra a divisão da empresa pública SNCF em três entidades. Os sindicatos da CGT, Unsa e SUD rail, a que se juntaram a FO e o First, consideram que a...

Ainda a (não) esquecida<br>crise do euro

Afastada das manchetes dos jornais desde há largos meses, a «crise do euro», e particularmente a sua expressão ao nível da «crise das dívidas soberanas», terá sido, dizem alguns, ultrapassada pela decisão (firme, garantem-nos) do eixo...