Segurança alimentar
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu apresentaram, dia 11, uma proposta de rejeição da chamada «lei das sementes» que ameaça as variedades tradicionais.
Registo de sementes favorece multinacionais
A iniciativa do PCP visa derrotar a proposta de Regulamento da Comissão Europeia relativo à produção e à disponibilização no mercado de material de reprodução vegetal.
Trata-se de um projecto já repudiado por centenas de organizações e por milhares de cidadãos, por constituir uma ameaça à biodiversidade, ao património genético comum, à livre reprodução, troca e venda por parte dos pequenos agricultores e horticultores.
O objectivo da Comissão é criar um sistema de registo e certificação obrigatórios, que levantará sérios obstáculos às actividades de melhoria e preservação de variedades tradicionais, limitando o mercado a um número reduzido de variedades comerciais, onde dominarão as grandes agro-indústrias.
No entender dos deputados do PCP, esta proposta, a ser aprovada, poria em causa a própria segurança e soberania alimentares, já que, por via de restrições burocráticas, excluiria do mercado e da alimentação das populações variedades antigas, raras, de polinização aberta, que são do domínio público.
A proposta de rejeição do PCP, apresentada na Comissão de Agricultura, será também sujeita à votação na Comissão de Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar, durante o próximo mês de Janeiro, antes de o assunto subir a plenário.
Tendo em vista o aprofundamento da discussão da proposta de Regulamento, seu conteúdo e implicações, e com o objectivo de preparar a intervenção parlamentar até ao final deste processo, os deputados do PCP promovem, a 17 de Janeiro, em Lisboa, uma audição sobre este tema, na qual serão convidadas a participar diversas organizações e personalidades.
Pelas quotas leiteiras
Durante a discussão do relatório Dorfmann, sobre a produção de leite nas zonas montanhosas, nas zonas desfavorecidas e nas regiões ultraperiféricas, os deputados do PCP apresentaram uma proposta de resolução alternativa que defendia a manutenção do regime de quotas leiteiras para além de 2015, de acordo com as necessidades de cada Estado-membro.
Apesar da importância deste regime para países como Portugal, a proposta do PCP acabou por ser rejeitada pela maioria do Parlamento Europeu, onde se incluíram os votos dos deputados portugueses do PSD, CDS, PS (com excepção de um deputado) e do deputado independente Rui Tavares.
Estes partidos demonstram assim, com o seu voto, que a sua postura no Parlamento Europeu contraria frontalmente o discurso que fazem em Portugal, junto dos produtores de leite, dizendo defender a importância das quotas leiteiras.