Repressão avança
A polícia turca dispersou com violência as multidões que se juntaram, sábado, em Istambul e em Ancara, para protestarem contra uma lei que visa restringir o acesso à Internet. Granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e canhões de água foram usados para atacar os manifestantes, que acusam o governo de pretender censurar as críticas que lhe são dirigidas.
A contestação na Turquia sobe de tom impulsionada pelo escândalo envolvendo o primeiro-ministro Recep Erdogan e dezenas de figuras gradas do seu executivo e partido.
Dois dias antes, a polícia de Istambul recusou-se, pela segunda vez, a executar ordens de detenção solicitadas pela procuradoria relacionadas com as investigações a casos de corrupção, sinal de que a purga de centenas de oficiais e agentes promovida pelo executivo está a ter o efeito desejado.
Entretanto, prossegue a discussão em torno da chamada reforma da Justiça proposta por Erdogan, que recuou na intenção de facultar ao governo a nomeação dos magistrados da máxima entidade judicial do país, propondo, agora, que estes sejam indicados proporcionalmente pelos partidos com assento parlamentar.
Paralelamente, entrou em vigor uma lei que criminaliza os profissionais de saúde que prestarem auxílio médico sem autorização do governo, norma que está a ser apontada como sintoma do avanço da repressão na Turquia.