Breve balanço das comemorações do centenário de Álvaro Cunhal

As ini­ci­a­tivas de evo­cação da Fuga da Ca­deia do Forte de Pe­niche de 3 de Ja­neiro de 1960 cul­mi­naram o vasto pro­grama das co­me­mo­ra­ções do Cen­te­nário do Nas­ci­mento de Álvaro Cu­nhal que, sob o lema «Vida, pen­sa­mento e luta: exemplo que se pro­jecta na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo», se de­sen­vol­veram du­rante todo o ano de 2013, cons­ti­tuindo um êxito as­si­na­lável.

As co­me­mo­ra­ções cons­ti­tuíram uma justa e in­dis­pen­sável ho­me­nagem a Álvaro Cu­nhal, do PCP e dos seus mi­li­tantes, dos de­mo­cratas e pa­tri­otas, da classe ope­rária, dos tra­ba­lha­dores, da ju­ven­tude, dos in­te­lec­tuais, dos ho­mens e mu­lheres da ci­ência, da arte, da cul­tura e o re­co­nhe­ci­mento da im­por­tância po­lí­tica, ide­o­ló­gica e cul­tural do seu le­gado na luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês, e a afir­mação da ac­tu­a­li­dade do seu pen­sa­mento e acção e do ideal e pro­jecto co­mu­nistas.

A di­mensão e re­per­cussão que as co­me­mo­ra­ções as­su­miram é in­dis­so­ciável da an­te­ce­dência com que o Co­mité Cen­tral aprovou a Re­so­lução sobre as Co­me­mo­ra­ções, de­fi­nindo os ob­jec­tivos do seu con­teúdo e as di­fe­rentes li­nhas de tra­balho a im­ple­mentar, assim como foi de­ter­mi­nante a de­fi­nição da pro­gra­mação e dos seus ele­mentos es­sen­ciais, acom­pa­nhada das me­didas or­ga­ni­za­tivas e de di­recção cor­res­pon­dentes, que per­mi­tiram um ar­ranque em força e grande en­vol­vi­mento e em­penho das or­ga­ni­za­ções do Par­tido e da JCP e o alar­ga­mento uni­tário.

Foi um ano de ex­tra­or­di­nária ac­ti­vi­dade em que se con­cre­tizou com enorme êxito o vasto pro­grama das co­me­mo­ra­ções, cuja mul­ti­pli­ci­dade na forma (con­fe­rên­cias, se­mi­ná­rios, co­ló­quios, de­bates, ex­po­si­ções, es­pec­tá­culos, con­certos) e a di­ver­si­dade de temas tra­tados (a or­ga­ni­zação e luta dos tra­ba­lha­dores, a luta pela Re­forma Agrária e em sua de­fesa, a or­ga­ni­zação e luta pela eman­ci­pação das mu­lheres, a or­ga­ni­zação e luta dos jo­vens, a or­ga­ni­zação e luta dos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores e com­partes dos bal­dios, na luta dos pe­quenos e mé­dios co­mer­ci­antes e in­dus­triais, na luta em de­fesa da so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais, entre ou­tros) per­mi­tiram dar ex­pressão e pro­jectar na ac­tu­a­li­dade o le­gado teó­rico e po­lí­tico de Álvaro Cu­nhal e di­vulgar a sua obra li­te­rária e ar­tís­tica e a sua re­flexão sobre a es­té­tica e a cri­ação ar­tís­tica, en­vol­vendo a arte, o ar­tista e a so­ci­e­dade.

 

O au­da­cioso pro­grama das co­me­mo­ra­ções foi in­te­gral­mente cum­prido e os ob­jec­tivos para cada uma das ini­ci­a­tivas foram atin­gidos e, em geral ul­tra­pas­sados, su­bli­nhando-se a con­tri­buição de­ter­mi­nante e em­pe­nhada do co­lec­tivo par­ti­dário e da Ju­ven­tude Co­mu­nista.

Des­ta­camos do vasto pro­grama: a ex­po­sição sobre a vida, o pen­sa­mento e luta de Álvaro Cu­nhal, vi­si­tada por de­zenas de mi­lhares de pes­soas, no Pátio da Galé em Lisboa, na Festa do Avante! e no Pa­lácio das Al­fân­degas, no Porto; a edição da Fo­to­bi­o­grafia de Álvaro Cu­nhal e do IV Tomo das Obras Es­co­lhidas; a ex­pressão que as co­me­mo­ra­ções ti­veram no Avante!, em «O Mi­li­tante» e no sítio do PCP, com a pu­bli­cação de di­versos dos­siers e ar­tigos te­má­ticos ou re­por­ta­gens abor­dando im­por­tantes di­men­sões da vida, pen­sa­mento e luta de Álvaro Cu­nhal; as im­por­tantes ini­ci­a­tivas de aber­tura das co­me­mo­ra­ções; o es­pec­tá­culo da Aula Magna; a re­a­li­zação do con­certo de bandas com a edição de um CD, pela JCP; o es­pec­tá­culo da Re­forma Agrária, com a edição do res­pec­tivo CD; a re­a­li­zação do Con­gresso «Álvaro Cu­nhal, o pro­jecto co­mu­nista, Por­tugal e o mundo de hoje», cujas co­mu­ni­ca­ções vão ser pu­bli­cadas em breve pela re­vista Vér­tice; o co­mício do cen­te­nário que en­cheu o Campo Pe­queno e que, pela di­mensão, par­ti­ci­pação, força e uni­dade de­mons­tradas, cons­ti­tuiu um grande mo­mento das co­me­mo­ra­ções; e as grandes ini­ci­a­tivas de en­cer­ra­mento das co­me­mo­ra­ções em Pe­niche, cujo co­mício re­a­li­zado em 4 de Ja­neiro fez o lan­ça­mento das co­me­mo­ra­ções dos 40 anos da Re­vo­lução de Abril.

 

É de ele­vado sig­ni­fi­cado po­lí­tico e ide­o­ló­gico a pro­jecção na­ci­onal que as co­me­mo­ra­ções as­su­miram pela in­ter­venção de um amplo leque de ins­ti­tui­ções da vida po­lí­tica, so­cial e cul­tural do nosso País, de­sig­na­da­mente: do mo­vi­mento ope­rário e sin­dical, em par­ti­cular da CGTP-IN e das Uniões dos Sin­di­catos em vá­rios dis­tritos; de es­colas de todos os graus de en­sino, com a re­a­li­zação de ac­ções para alunos e pro­fes­sores; de uni­ver­si­dades pela sua pró­pria ini­ci­a­tiva ou as­so­ci­ando-se a ou­tras; de au­tar­quias de Norte a Sul do País; de ar­quivos pú­blicos; de bi­bli­o­tecas (Na­ci­onal, mu­ni­ci­pais e es­co­lares); de es­tru­turas cul­tu­rais da área do te­atro, do ci­nema e ou­tras ex­pres­sões, no­me­a­da­mente no plano da mú­sica. É de su­bli­nhar ainda a pro­jecção in­ter­na­ci­onal das co­me­mo­ra­ções com a re­a­li­zação de di­versas ini­ci­a­tivas, no­me­a­da­mente, no Par­la­mento Eu­ropeu, em França, Suíça, Bél­gica, Ale­manha, Brasil, Es­tados Unidos e aquando da re­a­li­zação em Lisboa do 15.º En­contro In­ter­na­ci­onal de Par­tidos Co­mu­nistas e Ope­rá­rios, com a par­ti­ci­pação dos seus re­pre­sen­tantes no Co­mício do Campo Pe­queno.

Co­me­mo­ra­ções que ti­veram uma sig­ni­fi­ca­tiva ex­pressão uni­tária junto de de­mo­cratas e pa­tri­otas sem fi­li­ação par­ti­dária, con­tando não só com a sua par­ti­ci­pação nu­me­rosa nas ini­ci­a­tivas re­a­li­zadas pelo PCP, mas também em ini­ci­a­tivas pró­prias.

A gran­deza que as co­me­mo­ra­ções as­su­miram, tra­du­zida em muitas cen­tenas de ini­ci­a­tivas, al­gumas das quais de grande re­le­vância, di­mensão e pro­fun­di­dade deram a co­nhecer as múl­ti­plas ver­tentes da acção e con­tri­buição de Álvaro Cu­nhal, sempre in­se­rido na acção co­lec­tiva, tra­tando de forma in­se­pa­rável as di­men­sões da sua mul­ti­fa­ce­tada in­ter­venção como homem, co­mu­nista, in­te­lec­tual e ar­tista.

 

As co­me­mo­ra­ções pro­jec­taram a in­tensa acção e pro­funda in­ter­venção po­lí­tica de Álvaro Cu­nhal no plano na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, o de­ter­mi­nante papel que de­sem­pe­nhou na cons­trução do Par­tido, na cons­trução da uni­dade dos de­mo­cratas e pa­tri­otas na luta pelo der­rube do fas­cismo, na con­tri­buição de­ci­siva na aná­lise da si­tu­ação na­ci­onal, na de­fi­nição da ori­en­tação, ta­refas e na di­recção da acção po­lí­tica do Par­tido, cri­ando con­di­ções para a Re­vo­lução de Abril e para as suas trans­for­ma­ções re­vo­lu­ci­o­ná­rias, na re­sis­tência à ofen­siva contra-re­vo­lu­ci­o­nária e na con­ti­nuada afir­mação da ac­tu­a­li­dade da luta do Par­tido, hoje, pela de­mo­cracia avan­çada como parte in­te­grante da luta pelo so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo e na afir­mação dos va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal.

Co­me­mo­ra­ções que deram a co­nhecer o exemplo de toda uma vida de tra­balho, luta, co­ragem e de­ter­mi­nação com uma con­cepção da ac­ti­vi­dade po­lí­tica como prá­tica para servir o povo e o País e não para acu­mular van­ta­gens e pri­vi­lé­gios pes­soais, de­di­cada à de­fesa dos in­te­resses e à causa eman­ci­pa­dora dos tra­ba­lha­dores e des­fa­vo­re­cidos e à luta pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia e pelo so­ci­a­lismo.

As co­me­mo­ra­ções cons­ti­tuíram um ele­mento de ele­vado sig­ni­fi­cado na afir­mação do pro­jecto do Par­tido, do seu re­forço e pres­tígio, questão de grande re­le­vância no de­sen­vol­vi­mento da ac­ti­vi­dade e da luta dos co­mu­nistas e de ou­tros de­mo­cratas no quadro da ac­tual si­tu­ação po­lí­tica na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal. E con­tri­buíram igual­mente para o alar­ga­mento e apro­fun­da­mento do co­nhe­ci­mento, no Par­tido, da in­ter­venção e con­tri­buição teó­rica e po­lí­tica de Álvaro Cu­nhal e para a for­mação dos qua­dros co­mu­nistas.

 

Che­garam ao fim as co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do nas­ci­mento de Álvaro Cu­nhal, de que nos or­gu­lhamos pela dig­ni­dade e di­mensão que as­su­miram. Mas per­ma­nece o seu le­gado, o seu exemplo, o seu pen­sa­mento, o seu tra­balho, o seu con­tri­buto na luta re­vo­lu­ci­o­nária. Um le­gado de vida, pen­sa­mento e luta que se pro­jecta na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo, ao ser­viço dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País, pela de­mo­cracia, o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

Das co­me­mo­ra­ções fica o seu exemplo que dá força à nossa luta de hoje, pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, por uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, pelos va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal.



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