Avoluma-se os problemas da agricultura

Sacrificar tudo ao agro-negócio

Ao Governo falta vontade política para resolver os problemas da agricultura. «Não os resolve porque não quer», assevera o deputado comunista João Ramos.

Agricultores enfrentam altos custos de produção e baixos preços nos seus produtos

Image 14991

Para o deputado do PCP o Executivo está apenas interessado em «salvaguardar o grande agro-negócio», sacrificando para isso «tudo o que for preciso, a começar pelos pequenos produtores e agricultores».

Os apregoados «sucessos» da política agrícola do Governo e as medidas de valorização que este diz adoptar pela pequena produção e lavoura não resistem assim ao confronto com a realidade. Foi isso que o deputado comunista demonstrou em recente debate sobre um projecto de resolução do CDS-PP no qual os seus autores recomendavam ao Governo a valorização do pequeno produtor/agricultor.

Iniciativa esta apresentada um ano e meio depois de outra de igual teor e também da lavra do CDS-PP, onde este recenseava problemas e apontava recomendações, cujos efeitos, passado este tempo, são nulos.

Vários são os exemplos que o atestam, com João Ramos a lembrar o fecho pelo Governo de laboratórios do Estado e estações experimentais, num claro contraste com a necessidade de transferência de conhecimento e inovação para os sectores agrícolas.

O mesmo em relação à tão necessária melhoria da competitividade e viabilidade das explorações, objectivo que não se compagina com os altíssimos custos dos factores de produção, com os preços baixos ao produtor (nomeadamente do leite, vinho e azeite), subordinação aos ditames da grande distribuição ou até com as dívidas do Estado às organizações de produtores pecuários (OPP).

Também não se vê como a desejável promoção dos mercados locais e distribuição de cadeias curtas possa ser estimulada e facilitada com legislação como a que foi aprovada por PSD e CDS-PP em Dezembro de 2012 limitando a venda nas feiras a razões de «subsistência» decretadas pela Junta de Freguesia.

Dificuldades crescentes

Outros exemplos foram ainda dados por João Ramos, todos eles reveladores da dissonância entre propósitos anunciados e a nua e crua realidade. É a falada «gestão do risco na agricultura», quando o que se assiste é à indisponibilidade das seguradoras para apoiar o risco agrícola», é a almejada melhoria dos ecossistemas dependentes dos sectores agrícolas e florestais, quando em simultâneo se altera a legislação, a pedido da indústria da pasta de papel, liberalizando a plantação de eucalipto.

Fala-se em promover a inclusão social, a redução da pobreza e o desenvolvimento económico das áreas rurais, mas o que se observa é o despovoamento crescente das áreas rurais, é o aumento dos casos de sobre-exploração de mão-de-obra agrícola (em particular imigrantes), é a subida do desemprego e da emigração entre os trabalhadores agrícolas, denunciou João Ramos, que destacou ainda outros problemas graves com os quais os pequenos e médios agricultores se defrontam como a questão fiscal (imposição de inscrição nas Finanças para vender meia dúzia de ovos na feira), a asfixia de preços aos agricultores do Douro ou a retirada da gestão dos secadores de Alcácer do Sal aos produtores de arroz do vale do Sado.



Mais artigos de: Assembleia da República

Escandalosas benesses ao capital

O Secretário-geral do PCP trouxe de novo para a ordem do dia a iniquidade na distribuição dos sacrifícios, acusando o Governo de proteger e favorecer os interesses dos poderosos ao mesmo tempo que impõe terríveis sacrifícios aos trabalhadores e reformados.

Conversa fiada

Também o CDS-PP não perdeu ensejo na passada semana para compor o discurso em torno dos «sinais positivos» na economia. E vislumbrou-os no exacto momento em que o Governo prossegue a política de agravamento das condições de vida dos portugueses. Foi essa desconformidade...

Demissão é urgência patriótica

O Governo fala de «milagre económico» e de «sinais positivos». O que a realidade mostra, porém, é um «País a saque», que está «mais pobre, mais dependente, menos democrático».

Taxas são obstáculo à saúde

O PS alinhou com o PSD e o CDS-PP no voto contra o projecto de lei do PCP (idêntico diploma do BE teve igual desfecho) que pretendia revogar as taxas moderadoras e alterar os critérios de atribuição do transporte de doentes não urgentes. Para a bancada comunista, tratava-se sobretudo de...

Borlas para o patrão

A maioria parlamentar PSD/CDS-PP rejeitou o projecto de lei com o qual o PCP pretendia repor os quatro feriados tirados pelo Governo, além de consagrar a terça-feira de Carnaval também como feriado. Todas as bancadas da oposição votaram favoravelmente ao lado do PCP no sentido da...

Nem despedimentos nem cortes salariais

O PCP está solidário com os enfermeiros da Linha Saúde 24, salientando que a sua luta é pelo trabalho com direitos, por um serviço público de saúde de qualidade.

Requalificação da Escola de Azeitão

Foi rejeitado pela maioria o diploma do PCP em que se recomendava ao Governo que procedesse à requalificação da Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo de Azeitão, concelho de Setúbal. Na mesma ocasião esteve em debate uma petição com mais de seis mil...

Por um combate integrado

O Parlamento aprovou recentemente um projecto de resolução da maioria onde se recomenda ao Governo o «reforço das medidas de abordagem integrada das doenças hepáticas». Na exposição de motivos do diploma, que teve os votos favoráveis de todas as bancadas...

Melhorar acesso

Urge melhorar a acessibilidade dos doentes com doenças raras aos respectivos medicamentos. Das dificuldades actuais que se colocam aos portadores é exemplo o caso dos portadores de ictiose, doença sem cura mas cujos tratamentos (essencialmente cremes, loções e pomadas) podem ajudar ao...

Terapêuticas não convencionais

O Parlamento apreciou a petição sobre terapêuticas não convencionais onde mais de sete mil cidadãos levantam o problema do atraso na regulamentação de uma lei que foi aprovada por unanimidade. Uma demora de mais de dez anos que no entender da deputada comunista Paula Santos...