Conversa fiada

Também o CDS-PP não perdeu en­sejo na pas­sada se­mana para compor o dis­curso em torno dos «si­nais po­si­tivos» na eco­nomia. E vis­lum­brou-os no exacto mo­mento em que o Go­verno pros­segue a po­lí­tica de agra­va­mento das con­di­ções de vida dos por­tu­gueses. Foi essa des­con­for­mi­dade entre o dis­curso e a re­a­li­dade que o de­pu­tado co­mu­nista Paulo Sá pôs em evi­dência lem­brando desde logo como dias antes na AR também a mi­nistra das Fi­nanças punha a tó­nica nos «si­nais po­si­tivos» ao mesmo tempo que anun­ciava mais um ataque aos ren­di­mentos dos re­for­mados, dos pen­si­o­nistas e dos tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração pú­blica, na forma de es­bulho que atinge os 700 mi­lhões de euros.

Ainda muito re­cen­te­mente, aliás, nas suas fo­lhas de ven­ci­mento, os fun­ci­o­ná­rios pú­blicos e re­for­mados pu­deram cons­tatar o que sig­ni­fica na prá­tica essa re­dução re­mu­ne­ra­tória que o Go­verno e a mai­oria ins­cre­veram no OE, as­si­nalou o de­pu­tado do PCP.

Outra área que des­mente o dis­curso de pa­té­tico op­ti­mismo do Go­verno é a da Saúde. Esse ce­nário ilu­sório não cola, de­sig­na­da­mente, com a cres­cente de­gra­dação dos cui­dados de saúde que é re­sul­tado da po­lí­tica de ataque às fun­ções so­ciais do Es­tado, anotou Paulo Sá. E re­feriu que ainda na vés­pera (dia 28) a sua ban­cada de­nun­ciara a si­tu­ação de um do­ente com es­cle­rose múl­tipla que foi a um hos­pital al­garvio le­vantar a sua me­di­cação, sem o con­se­guir, porque esta se tinha aca­bado. «O hos­pital li­mitou-se a dar-lhe o nú­mero de te­le­fone», ver­berou Paulo Sá lem­brando esse outro caso cho­cante já de­nun­ciado pela ban­cada co­mu­nista e re­fe­rido nas nossas pá­ginas re­la­tivo à si­tu­ação das fraldas que aca­baram em hos­pi­tais al­gar­vios e que foram subs­ti­tuídas por to­a­lhas en­voltas em sacos do lixo.

«É esta a re­a­li­dade vi­vida no dia-a-dia pelos por­tu­gueses e é pe­rante isto que a mai­oria PSD/​CDS-PP e o Go­verno vêm com a con­versa fiada dos «si­nais po­si­tivos», de­nun­ciou o par­la­mentar do PCP, de­fen­dendo que tal dis­curso e toda a pro­pa­ganda go­ver­na­mental é cons­truído sobre a mi­séria e a des­graça de um nú­mero cada vez maior de por­tu­gueses». E por isso con­cluiu que não há com­pa­ti­bi­li­zação entre tal dis­curso e o em­po­bre­ci­mento ace­le­rado dos por­tu­gueses.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Escandalosas benesses ao capital

O Se­cre­tário-geral do PCP trouxe de novo para a ordem do dia a ini­qui­dade na dis­tri­buição dos sa­cri­fí­cios, acu­sando o Go­verno de pro­teger e fa­vo­recer os in­te­resses dos po­de­rosos ao mesmo tempo que impõe ter­rí­veis sa­cri­fí­cios aos tra­ba­lha­dores e re­for­mados.

Demissão é urgência patriótica

O Go­verno fala de «mi­lagre eco­nó­mico» e de «si­nais po­si­tivos». O que a re­a­li­dade mostra, porém, é um «País a saque», que está «mais pobre, mais de­pen­dente, menos de­mo­crá­tico».

Taxas são obstáculo à saúde

O PS alinhou com o PSD e o CDS-PP no voto contra o projecto de lei do PCP (idêntico diploma do BE teve igual desfecho) que pretendia revogar as taxas moderadoras e alterar os critérios de atribuição do transporte de doentes não urgentes. Para a bancada comunista, tratava-se sobretudo de...

Borlas para o patrão

A maioria parlamentar PSD/CDS-PP rejeitou o projecto de lei com o qual o PCP pretendia repor os quatro feriados tirados pelo Governo, além de consagrar a terça-feira de Carnaval também como feriado. Todas as bancadas da oposição votaram favoravelmente ao lado do PCP no sentido da...

Sacrificar tudo ao agro-negócio

Ao Go­verno falta von­tade po­lí­tica para re­solver os pro­blemas da agri­cul­tura. «Não os re­solve porque não quer», as­se­vera o de­pu­tado co­mu­nista João Ramos.

Nem despedimentos nem cortes salariais

O PCP está so­li­dário com os en­fer­meiros da Linha Saúde 24, sa­li­en­tando que a sua luta é pelo tra­balho com di­reitos, por um ser­viço pú­blico de saúde de qua­li­dade.

Requalificação da Escola de Azeitão

Foi rejeitado pela maioria o diploma do PCP em que se recomendava ao Governo que procedesse à requalificação da Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo de Azeitão, concelho de Setúbal. Na mesma ocasião esteve em debate uma petição com mais de seis mil...

Por um combate integrado

O Parlamento aprovou recentemente um projecto de resolução da maioria onde se recomenda ao Governo o «reforço das medidas de abordagem integrada das doenças hepáticas». Na exposição de motivos do diploma, que teve os votos favoráveis de todas as bancadas...

Melhorar acesso

Urge melhorar a acessibilidade dos doentes com doenças raras aos respectivos medicamentos. Das dificuldades actuais que se colocam aos portadores é exemplo o caso dos portadores de ictiose, doença sem cura mas cujos tratamentos (essencialmente cremes, loções e pomadas) podem ajudar ao...

Terapêuticas não convencionais

O Parlamento apreciou a petição sobre terapêuticas não convencionais onde mais de sete mil cidadãos levantam o problema do atraso na regulamentação de uma lei que foi aprovada por unanimidade. Uma demora de mais de dez anos que no entender da deputada comunista Paula Santos...