Alterações à Lei do Cinema

Ceder aos grupos económicos

O par­la­mento aprovou dia 14, na ge­ne­ra­li­dade, com os votos fa­vo­rá­veis da mai­oria PSD/​CDS-PP e os votos contra das opo­si­ções, uma al­te­ração da ini­ci­a­tiva do Go­verno à lei do ci­nema e au­di­o­vi­sual.

O Go­verno onera os con­tri­buintes e de­so­nera os ope­ra­dores de te­le­visão

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Já um pro­jecto de lei do PCP re­la­tivo ao fi­nan­ci­a­mento da pro­dução ci­ne­ma­to­grá­fica na­ci­onal e da Ci­ne­ma­teca Por­tu­guesa, onde se as­se­gu­rava si­mul­ta­ne­a­mente as verbas de 2012 e 2013 em dí­vida pelas ope­ra­doras e que o Go­verno quer per­doar, foi chum­bado pela mai­oria PSD/​CDS-PP, com a abs­tenção do PS e votos fa­vo­rá­veis das res­tantes ban­cadas.

A pro­posta de al­te­ração do Go­verno re­fere-se à co­brança de uma taxa aos ope­ra­dores de te­le­visão por subs­crição (di­mi­nuindo-lhes os en­cargos e per­do­ando-lhes a dí­vida) e à en­trada da Au­to­ri­dade Na­ci­onal de Co­mu­ni­ca­ções (ANACOM), como in­ves­ti­dora e au­di­tora, no sector.

As «vir­tu­a­li­dades» da pro­posta go­ver­na­mental foram adu­zidas pelo se­cre­tário de Es­tado da Cul­tura, Jorge Bar­reto Xa­vier, sob o ar­gu­mento de que a «es­ta­bi­li­zação que agora é feita ga­rante me­lhor os in­te­resses em pre­sença do meio ci­ne­ma­to­grá­fico e do con­junto das en­ti­dades que fi­nan­ciam a ac­ti­vi­dade».

Ora do que se trata, ver­da­dei­ra­mente, é de onerar os con­tri­buintes e de­so­nerar as ope­ra­doras, que vêem di­mi­nuído de 5 para 1,75 euros por subs­critor a taxa a pagar, sendo essa des­cida de fi­nan­ci­a­mento com­pen­sada por verbas da ANACOM que assim deixam de ser re­ceitas do Es­tado. Isto sem falar no perdão às ope­ra­doras de te­le­visão dos mi­lhões que estas têm em dí­vida, e que o go­ver­nante jus­ti­ficou não ser pos­sível de re­gu­la­rizar dado que seria «co­brança re­tro­ac­tiva» por a lei ter en­trado em vigor em 2012.

«É ab­so­lu­ta­mente es­can­da­loso e inad­mis­sível que o mesmo Go­verno que diz que não pode deixar de ar­re­cadar 35 mi­lhões com a venda do pa­tri­mónio ar­tís­tico con­tido nas obras de Miró venha agora per­doar sem qual­quer es­pécie de he­si­tação uma dí­vida de 13 mi­lhões às ope­ra­dores de te­le­visão», cri­ticou o de­pu­tado co­mu­nista Mi­guel Tiago, vendo na de­cisão uma forma de pre­miar o in­fractor.

Ga­rantir apoios

Di­ver­sa­mente do que faz o Go­verno, a pro­posta do PCP pugna por um re­gime em que o Es­tado é o res­pon­sável pelo custos de fun­ci­o­na­mento do ICA e da Ci­ne­ma­teca, «li­ber­tando ou­tros re­cursos para o apoio à pro­dução e para o in­ves­ti­mento da Ci­ne­ma­teca, na mo­der­ni­zação do Ar­quivo Na­ci­onal de Imagem em Mo­vi­mento (ANIM) e na sua pró­pria pro­gra­mação».

As­senta, por outro lado, es­cla­receu Mi­guel Tiago, num re­gime de fi­nan­ci­a­mento misto, «as­se­gu­rado em partes iguais pelo Es­tado e pela co­brança de taxas a ope­ra­dores de ser­viços de te­le­visão», vi­sando o efec­tivo apoio à pro­dução ci­ne­ma­to­grá­fica e o in­ves­ti­mento nos meios e ser­viços da Ci­ne­ma­teca.

A co­brança pelo Es­tado dos va­lores que os ope­ra­dores têm em dí­vida re­la­ti­va­mente a 2012 e 2013 in­te­grava ainda o con­junto de me­didas cons­tantes no di­ploma do PCP, que de­ter­mi­nava que o «go­verno deve as­se­gurar a trans­fe­rência das verbas até ao fim de Março de cada ano», in­de­pen­den­te­mente de ter ou não con­se­guido pro­ceder até essa data à li­qui­dação da dí­vida dos ope­ra­dores te­le­vi­sivos.

 



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