Só o PCP luta pela ruptura
com o processo de integração capitalista

Quebrar as teias de dependência

Votar no PS, PSD e CDS é votar na sub­missão do País

«Não há ver­da­deira al­ter­na­tiva, que as­se­gure a mu­dança de rumo na vida na­ci­onal a que as­piram cada vez mais por­tu­gueses, sem romper com a teia de sub­missão e de­pen­dência na qual o País foi en­re­dado.» A afir­mação, pe­remp­tória, é de João Fer­reira, pri­meiro can­di­dato da CDU às elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu, e foi pro­fe­rida no En­contro Na­ci­onal do PCP do pas­sado sá­bado. Que­brar os me­ca­nismos de de­pen­dência e lutar pela li­ber­tação do País, acres­centou em co­e­rência, «são con­di­ções da mu­dança e pres­su­postos da po­lí­tica al­ter­na­tiva» que o PCP propõe.

Lem­brando que, fruto das po­lí­ticas do pacto de agressão, as mai­ores for­tunas do País au­men­taram ao mesmo tempo que a ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação em­po­breceu, João Fer­reira con­cluiu que «a sub­missão na­ci­onal foi e é uma forma de opressão de classe».

Antes, tinha já enu­me­rado os me­ca­nismos de de­pen­dência que amarram o País e con­di­ci­onam o seu de­sen­vol­vi­mento, que con­taram – todos eles! – com o apoio en­tu­siás­tico de PS, PSD e CDS: tanto os que há muito existem, como a União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária, como os que visam per­pe­tuar po­lí­ticas macro-eco­nó­micas pre­de­ter­mi­nadas, ao ser­viço dos in­te­resses dos mo­no­pó­lios, como são o Pacto para o Euro Mais, o Se­mestre Eu­ropeu, a Go­ver­nação Eco­nó­mica ou o Tra­tado Or­ça­mental. Face a isto, sa­li­entou o can­di­dato da CDU, «o voto em qual­quer um destes par­tidos é um voto num só ca­minho – o do apro­fun­da­mento da sub­missão do País e do em­po­bre­ci­mento do seu povo».

Já o voto na CDU é «ne­ces­sário e útil para uma mais firme de­fesa dos in­te­resses de Por­tugal no Par­la­mento Eu­ropeu, para dar mais força à luta por outra Eu­ropa, dos tra­ba­lha­dores e dos povos» e cons­titui também um con­tri­buto para a mu­dança de rumo na vida na­ci­onal.

Opção de fundo

Ângelo Alves, da Co­missão Po­lí­tica, su­bli­nhou, por seu lado, que os povos da Eu­ropa estão «con­fron­tados com um imenso de­safio: «re­sistir aos po­de­rosos ata­ques aos seus di­reitos, de­fender a de­mo­cracia e a so­be­rania e, si­mul­ta­ne­a­mente, abrir ca­minho para a der­rota do pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista.» Um ca­minho que, ga­rante, está já a ser tri­lhado pelos tra­ba­lha­dores e pelos povos, que «estão cada vez mais cons­ci­entes de que a União Eu­ro­peia não serve os seus in­te­resses e mo­bi­lizam-se em po­de­rosas jor­nadas de luta».

O di­ri­gente do Par­tido alertou para as pre­vi­sí­veis, e já em curso, ope­ra­ções de pro­pa­ganda para limpar a face da UE, agora que se apro­ximam as elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu. E su­bli­nhou que a re­a­li­dade é bem di­fe­rente da imagem que é, e será ainda mais, pro­pa­gan­deada: a re­a­li­dade, ga­rantiu Ângelo Alves, «é a dos 30 mi­lhões de de­sem­pre­gados, dos 130 mi­lhões de po­bres e dos mai­ores ní­veis de de­si­gual­dades das úl­timas dé­cadas, seja entre classes seja entre países».

O membro da Co­missão Po­lí­tica re­alçou ainda que esta re­a­li­dade vem dar razão aos que, como o PCP (e apenas ele, no plano par­ti­dário) «desde a pri­meira hora se opu­seram à CEE/​União Eu­ro­peia e, pos­te­ri­or­mente, à União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária e ao euro, que se con­firma como ins­tru­mento cen­tral de ex­plo­ração e do­mínio eco­nó­mico e po­lí­tico dos mais fortes sobre os mais fracos e que si­mul­ta­ne­a­mente está na origem da pro­funda crise em que vi­vemos».

A de­pu­tada Inês Zuber sa­li­entou por seu turno a in­tensa ac­ti­vi­dade dos co­mu­nistas no Par­la­mento Eu­ropeu – a «face mais vi­sível» de um imenso tra­balho co­lec­tivo –, ex­pressa em mi­lhares de per­guntas e de­cla­ra­ções e em inú­meras vi­sitas e en­con­tros em todas as re­giões do País. Ilda Fi­guei­redo, que em 2009 en­ca­beçou a lista da CDU, não deixou passar em claro a in­ge­rência da UE em países so­be­ranos, como a Ucrânia, para servir a agenda dos mo­no­pó­lios das grandes po­tên­cias eu­ro­peias e dos Es­tados Unidos da Amé­rica. 




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