Comentário

Palestina vencerá!

Maurício Miguel

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Os pa­les­ti­ni­anos travam ba­ta­lhas im­por­tantes para o seu fu­turo e o de toda a Hu­ma­ni­dade: a ver­dade contra a men­tira, os factos contra a ma­ni­pu­lação, a re­sis­tência dos opri­midos contra a ge­ne­ra­li­zação e a ba­na­li­zação da guerra e o do­mínio dos po­de­rosos, a luta pelo di­reito de au­to­de­ter­mi­nação, pela paz e a so­be­rania e contra a he­ge­monia do im­pe­ri­a­lismo. Os grandes meios de co­mu­ni­cação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal dizem-nos mais uma vez que re­cru­desceu o «con­flito Is­raelo-pa­les­ti­niano», que há ata­ques e contra-ata­ques de ambas partes, sempre com o ver­go­nhoso pro­pó­sito de com­parar o ex­ter­mi­nador e o ex­ter­mi­nado, o ocu­pante e o ocu­pado. Apesar disso, vão che­gando os ecos da brutal agressão is­ra­e­lita aos pa­les­ti­ni­anos na forma de no­tí­cias sobre o nú­mero de mortos e fe­ridos que não pára de au­mentar, cri­anças, mu­lheres ou ho­mens, nin­guém es­capa ao salto qua­li­ta­tivo na de­ter­mi­nação ge­no­cida de Is­rael – desde 1948, 1,9 mi­lhões de pa­les­ti­ni­anos terão sido ví­timas da acção de Is­rael. Dizem-nos e mos­tram-nos que muitas ha­bi­ta­ções foram to­tal­mente des­truídas, que es­colas, hos­pi­tais e cen­tros de saúde foram bom­bar­de­ados, que al­guns en­cer­raram e ou­tros fi­caram total ou par­ci­al­mente des­truídos, que im­por­tantes infra-es­tru­turas de abas­te­ci­mento de elec­tri­ci­dade e de abas­te­ci­mento de água foram des­truídas em Gaza – onde as al­ter­na­tivas são ine­xis­tentes. A su­posta neu­tra­li­dade da in­for­mação es­conde uma versão da pro­pa­ganda de guerra, uma ine­gável cum­pli­ci­dade, porque bas­taria o es­tudo de meia-dúzia de ele­mentos que fa­cil­mente se en­con­tram na in­ternet, in­cluindo das pró­prias Na­ções Unidas, para se ficar com uma ideia clara do que está em curso. Numa ver­go­nhosa ten­ta­tiva de es­conder a ver­dade, todos os meios são poucos para pro­curar ca­mu­flar a agressão à po­pu­lação de Gaza com a le­gi­ti­mi­dade da au­to­de­fesa, es­con­dendo ou mi­ni­mi­zando a acção cri­mi­nosa de Is­rael, quando um dos exér­citos mais po­de­rosos do mundo con­tinua a atacar in­dis­cri­mi­na­da­mente e por todos os meios uma das áreas com maior den­si­dade po­pu­la­ci­onal do pla­neta, uti­li­zando nestas con­di­ções ar­ma­mento e mu­ni­ções de uma ca­pa­ci­dade de des­truição que não deixa margem para dú­vida sobre o ob­jec­tivo de matar tantos quantos for pos­sível e des­truir toda a infra-es­tru­tura es­sen­cial à vida deste povo mártir, como tem sido de­nun­ciado por ex-sol­dados de Is­rael. Pouco ou nada é dito, es­crito ou mos­trado sobre a ma­nu­tenção por Is­rael do blo­queio total de Gaza desde 2005, man­tendo de­pen­dentes da es­mola e da ar­bi­tra­ri­e­dade dos mi­li­tares quase dois mi­lhões de pes­soas, su­jeitas a per­ma­nentes hu­mi­lha­ções, per­se­gui­ções, im­pe­di­mento da li­ber­dade de ex­pressão e reu­nião, as­sas­sí­nios cons­tantes, gri­tantes vi­o­la­ções dos seus di­reitos fun­da­men­tais, no­me­a­da­mente na ali­men­tação – man­tida abaixo do mí­nimo para uma dieta sau­dável –, saúde, edu­cação. Nem uma re­fe­rência à co­lo­ni­zação e aos su­ces­sivos ata­ques e ac­ções cri­mi­nosas de Is­rael sobre os pa­les­ti­ni­anos ao longo da longa his­tória da ocu­pação, ao sis­tema de apartheid em que são man­tidos os pa­les­ti­ni­anos, à prisão in­dis­cri­mi­nada de todos quantos se opo­nham ao con­tínuo avanço dos co­lo­natos e ao muro que pro­cura impor de­fi­ni­ti­va­mente a ocu­pação. Pri­meiro uti­li­zaram a des­culpa do de­sa­pa­re­ci­mento dos três jo­vens is­ra­e­litas para punir co­lec­ti­va­mente todo um povo, de­pois a des­truição dos tú­neis do Hamas, agora trata-se ale­ga­da­mente de ter­minar a neu­tra­li­zação da sua ca­pa­ci­dade mi­litar, de­pois será mais qual­quer coisa até ao úl­timo pa­les­ti­niano. O si­o­nismo – a ide­o­logia da es­tru­tura di­ri­gente do Es­tado de Is­rael – ali­menta o seu poder e a sua do­mi­nação na ra­di­ca­li­zação desta ide­o­logia ra­cista que cons­titui cada vez mais uma ameaça para o povo pa­les­ti­niano mas igual­mente para o pró­prio povo de Is­rael e de todo o mundo.

O ter­ro­rismo de Es­tado de Is­rael na Pa­les­tina não seria pos­sível sem o apoio e o es­tí­mulo da sua acção por parte dos EUA e da União Eu­ro­peia. Numa das pri­meiras re­so­lu­ções apro­vadas pelo re­cen­te­mente em­pos­sado Par­la­mento Eu­ropeu, a mai­oria de di­reita e da so­cial-de­mo­cracia que o do­mina de­fendeu no seu pri­meiro ponto que fosse co­lo­cado um ponto final aos «ata­ques com roc­kets contra Is­rael a partir de Gaza» – po­sição re­jei­tada pelos de­pu­tados do PCP e do seu Grupo, mas apoiada pelos de­pu­tados de PSD, PS e CDS/​PP e por esse «anti-sis­tema» que diz ser Ma­rinho e Pinto. Durão Bar­roso (pre­si­dente da Co­missão Eu­ro­peia) e Herman Van Rompuy (pre­si­dente do Con­selho Eu­ropeu), ali­nharam no mesmo re­gisto hi­pó­crita numa de­cla­ração con­junta emi­tida re­cen­te­mente. Para aqueles que pro­curam apre­sentar con­tra­di­ções onde existe con­ci­li­ação, a po­sição de di­fe­rentes ins­ti­tui­ções da UE nesta questão fun­da­mental não deixa de ser um elu­ci­da­tivo exemplo do unís­sono das suas po­si­ções que de­corre do seu do­mínio pelas forças da di­reita e da so­cial-de­mo­cracia.




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