Militância, sempre

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Três horas antes do co­mício e da vi­sita à Quinta do Cabo que o su­cedeu, na tarde de sá­bado, já a Festa do Avante! pul­sava de vida. Cen­tenas e cen­tenas de ca­ma­radas par­ti­ci­pavam em al­moços de cons­tru­tores da Festa.
Em rigor, muitos dos co­men­sais não ocu­param a manhã a cons­truir coisa al­guma, mas jus­ta­mente a de­sim­plantar os pa­vi­lhões que du­rante três dias re­ce­beram mi­lhares de vi­si­tantes. O pro­cesso em curso era, pois, o de des­montar e ar­re­cadar ma­te­riais, sendo vi­sível, es­prei­tando cá do alto, entre as copas das ár­vores, os «es­que­letos» dos pa­vi­lhões des­car­nados de ma­deiras e lonas.
Mas o que salta à vista em tudo isto – cons­truir e des­cons­truir, ano após ano; con­viver rei­te­rando e re­no­vando laços de ca­ma­ra­dagem – é a mi­li­tância. A mi­li­tância cons­ta­tada pelo re­pórter no al­moço, em que foi fra­ter­nal­mente aco­lhido (da Or­ga­ni­zação Con­ce­lhia de Oeiras, no caso, onde, além do mais se comeu de chorar por mais), e nos tes­te­mu­nhos que de­pois sus­citou.
Tes­te­mu­nhos de Er­me­linda Oli­veira e Car­reira Nunes, por exemplo, dois mi­li­tantes co­mu­nistas do con­celho de Oeiras mas cuja têm­pera e cons­tância re­vo­lu­ci­o­ná­rias en­con­tramos em muitas ou­tras or­ga­ni­za­ções con­ce­lhias e cé­lulas do PCP. Es­teios que, como tantos e tantos ou­tros mem­bros do PCP que ali es­tavam ou que de­pois che­garam para o co­mício em ex­cur­sões vindas de vá­rios pontos do País, nos ha­bi­tuámos a ver nas ta­refas mais sim­ples como nas mais com­plexas. Em todas as lutas, ou na sua es­ma­ga­dora mai­oria, o que já é de classe.
Er­me­linda Oli­veira e Car­reira Nunes que re­cor­daram a compra da Quinta da Ata­laia e o es­forço de­sen­ca­deado para a sua aqui­sição, e que só la­mentam «não ter a mesma idade de então» para tra­ba­lhar. Ambos con­cor­daram que «o en­tu­si­asmo fora de série» sen­tido quando en­traram pela pri­meira vez na Quinta da Ata­laia po­deria re­petir-se, na­quele dia, ao en­trarem na Quinta do Cabo.
De en­tu­si­asmo fa­laram-nos também An­tónio Tiago Luz e Ma­nuel Va­lente, fun­ci­o­ná­rios do PCP e, este úl­timo, membro do Co­mité Cen­tral, que in­ter­rom­peram o al­moço com os ca­ma­radas do Li­toral Alen­te­jano para re­la­tarem «que foi pre­ciso fazer tudo» para que a Quinta da Ata­laia re­ce­besse a Festa do Avante! em 1990.
Foram jor­nadas me­mo­rá­veis a des­matar e a ca­pinar, pre­cisou Ma­nuel Va­lente, re­cor­dando a adesão de cen­tenas e cen­tenas de ca­ma­radas ao tra­balho vo­lun­tário. Mas sem sau­do­sismo, porém, tendo além do mais ma­ni­fes­tado só­lida con­fi­ança de que «vamos res­ponder à al­tura também nesta cam­panha de fundos e na ta­refa de tornar fun­ci­onal a Quinta do Cabo».



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Ini­ciou-se com um co­mício na Quinta da Ata­laia e uma vi­sita à Quinta do Cabo a cam­panha de fundos «Mais es­paço, mais Festa – Fu­turo com Abril», que o PCP lançou para a aqui­sição de um novo es­paço que per­mite am­pliar a maior ini­ci­a­tiva po­lí­tico-cul­tural re­a­li­zada em Por­tugal – a Festa dos tra­ba­lha­dores, do povo e da ju­ven­tude que pro­jecta e afirma os va­lores de Abril, se­mentes fe­cundas da nossa luta.