Regime das rendas

Injustiças permanecem

Foram aprovados na generalidade, baixando à comissão, três diplomas do Governo visando, um, a revisão do regime jurídico do arrendamento urbano, outro, o regime de renda condicionada dos contratos de arrendamento para fim habitacional, e outro ainda, o estabelecimento de um novo regime do arrendamento apoiado para habitação. As propostas de lei tiveram os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP, com todos os partidos da oposição a votar contra na primeira das acima referidas. Nas duas restantes, PS, PCP e PEV abstiveram-se, optando BE pelo voto contra. Dois projectos de lei do PCP, um com incidência no regime de renda apoiada, o outro visando revogar a que ficou conhecida como lei dos despejos, por seu lado, foram chumbados pela maioria governamental, com a abstenção do PS.

Com as alterações agora propostas pelo Governo, alarga-se o período (dos actuais cinco mais dois, para cinco mais três anos) durante o qual se limita os valores das rendas e os despejos, abrangendo as microempresas, bem como as instituições privadas de solidariedade social e as pessoas colectivas de direito privado e utilidade pública. Quanto ao sector habitacional, passam a estar incluídas pessoas com grau de deficiência igual a 60 por cento.

Pronunciando-se sobre as propostas do Governo, a quem acusou de «achar que os inquilinos têm todos de ser ricos porque os pobres não devem ter direito a casa própria», Miguel Tiago não deixou de anotar a circunstância de ser agora, em período pré-eleitoral, que o Governo vem apresentar uma lei que «aparenta resolver as injustiças» que a actual lei tem, quando na prática não só não as resolve como, «em alguns casos, acrescenta novas injustiças».

Para o deputado do PCP, a proposta do Governo introduz ainda o que chamou de «sentido perverso», isto é, a ideia de que a «habitação não é um direito, mas uma contrapartida pelo esforço que a pessoa faz para a sua elevação social». E não sendo um direito, acrescentou, a casa «passa a ser um luxo, apenas para os ricos».

Medidas justas

Ao invés, o que o PCP propõe, introduzindo os critérios de justiça necessários, é muito simples e traduz-se nas seguintes medidas: a contabilização do valor líquido dos rendimentos auferidos e não do ilíquido na taxa de esforço; a contabilização apenas dos rendimentos do agregado familiar com idade igual ou superior a 25 anos; a exclusão do cálculo dos rendimentos do agregado familiar de todos os prémios e subsídios de carácter não permanente, tais como horas extraordinárias, subsídios de turno e outros.

A contabilização para efeitos do cálculo do rendimento agregado e o valor parcial das pensões de reforma, aposentação, velhice, invalidez e sobrevivência, sempre que estas não atinjam o valor correspondente a três salários mínimos nacionais, constitui outra das propostas do PCP, que defende ainda a limitação do valor da renda a pagar a 15% do valor do rendimento do agregado.

Quanto à lei dos despejos, que o Governo diz ser das rendas, Miguel Tiago asseverou que não há solução nem remendo possível que resolva o problema. «Só a revogação da lei dos despejos e o congelamento das rendas pode assegurar a justiça e o direito à habitação», sublinhou.

Ao deputado do PSD António Prôa, que acusara o PCP de «imobilismo», Miguel Tiago contra-atacou assinalando que a atoarda era no mínimo «desajustada». É que no caso vertente o que o PCP propõe é a revogação da lei e sua substituição por uma política de habitação radicalmente distinta, enquanto o PSD «propõe que tudo fique na mesma, apenas com mais burocracia».

«Sobre imobilismo poderia ter arranjado melhor argumento», ironizou Miguel Tiago.




Mais artigos de: Assembleia da República

Política de desastre e abdicação

Os processos relativos à PT e à colocação de professores no arranque do ano lectivo estiveram no centro do debate quinzenal de sexta-feira passada. Realidades indesejáveis que são sinónimo de «negócio ruinoso» e de «ofensa à comunidade educativa», considera o PCP.

Corrija-se a injustiça!

Para primeiro plano do debate, pela voz do líder comunista, foi levada ainda a questão dos complementos de reforma aos trabalhadores reformados do Metropolitano e da Carris, suspensos desde 1 de Janeiro deste ano. Lembrou que esses cortes se situam entre os 40% e os 60% da pensão total, o que...

Desprezo pela vida das pessoas

O PCP acusou o ministro Crato de ter mentido no inenarrável processo da colocação de professores, defendendo que a situação criada é o «exemplo acabado da degradação política a que este Governo chegou».

A política fiscal alternativa

Assegurar as funções do Estado e o investimento público, aliviar a carga sobre os trabalhadores e as micro e pequenas empresas, rompendo simultaneamente com o favorecimento à banca, aos grupos económicos e à especulação financeira, eis, em síntese, as traves mestras da política fiscal alternativa preconizada pelo PCP.

Saúde de mal a pior

O PCP voltou a denunciar o ataque brutal do Governo contra o SNS, advertindo que essa ofensiva tem repercussões terríveis sobre a vida das pessoas, que vêem de forma crescente ser posto em causa o seu direito à saúde.

Pela Escola Pública

Foi recentemente chumbado pela maioria PSD/CDS-PP um projecto de resolução do PCP pugnando pelo cumprimento da Lei de Bases do Sistema Educativo e pela garantia de uma Escola Pública, gratuita, de qualidade e democrática para todos. O texto, que obteve o voto favorável dos restantes...

Apure-se tudo!

No próprio dia em que foi empossada a comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo (BES) e Grupo Espírito Santo (GES), faz hoje uma semana, o PCP requereu a audição de dezenas de personalidades, abrangendo...

Mantêm-se dúvidas e suspeições

O PCP continua a considerar insuficientes os esclarecimentos do primeiro-ministro sobre os rendimentos que auferiu no período em que foi deputado, havendo por isso lugar à manutenção de «dúvidas e suspeições». «As respostas que são dadas...

Pesar pela morte de Elwali

A Assembleia da República aprovou na sexta-feira, 10, um voto de pesar proposto pelo PCP pela morte, no passado dia 28 de Setembro, do activista saaraui Hasana Elwali. A aprovação foi por unanimidade no primeiro ponto do texto, onde AR manifesta o seu pesar pela morte do activista e expressa...

Regime laboral das amas

A maioria PSD/CDS-PP aprovou uma autorização legislativa para que o Governo defina os termos e as condições do acesso à profissão de ama e do exercício da respectiva actividade, diploma que teve os votos contra de todas as oposições. Já o projecto de...